Autorrealização no casamento: Individualidade & Individualismo

Importante refletir sobre a diferença da individualidade e do individualismo para a autorrealização no casamento.

Suely Buriasco

Muito se ouve falar na importância da autorrealização, afinal apenas quando nos sentimos satisfeitos com nós mesmos estamos preparados para construir relacionamentos saudáveis. Todavia, sinto que algumas pessoas interpretam a satisfação de si mesmas de forma egoística e isso causa um grande entrave nos casamentos, muitas vezes, provocando até a separação. Acredito, assim, que uma reflexão mais profunda seja de grande valor.

Autorrealização

No dicionário temos a seguinte definição para autorrealização: “Transformação das próprias potencialidades em realidade por decisão, iniciativa e esforços próprios“. Realizar-se a si mesmo é, pois, um trabalho individual que consiste em superar as próprias dificuldades e limites, ampliando as próprias potencialidades para alcançar um sonho, um desejo ou, simplesmente, algo que se considera certo ou bom para si mesmo.

O egoísmo e a autorrealização

É de suma importância a compreensão de que a autorrealização não é uma meta egoísta, isto é, não visa a mediocridade do egocentrismo, talvez aí esteja toda a confusão. Uma pessoa que não se sente satisfeita num casamento, por exemplo, pode pensar que colocar logo um fim na relação seja a solução, mas a experiência comprova que quase sempre o efeito é contrário. A relação conjugal influencia na autorrealização, o que implica dizer que um casamento fracassado jamais será motivo de satisfação pessoal. Afinal, não existe verdadeira autorrealização no egoísmo.

Individualidade e individualismo

Não estou, em absoluto, menosprezando a importância dos cônjuges manterem suas individualidades e trabalharem por suas realizações pessoais. No artigo Casamento feliz: Mantendo a individualidade busco deixar muito claro que quanto mais satisfeitos consigo mesmos estejam os cônjuges, melhor para o casamento. O alerta que proponho é contra o individualismo que segundo o dicionário refere-se a “Teoria que fez prevalecer o direito individual sobre o coletivo”. Desta forma, há que se diferenciar individualidade de individualismo; o primeiro é quesito fundamental na autorrealização, bem como na realização conjugal; já o segundo destrói relacionamentos e propicia a solidão.

Realização conjugal

Dessa forma a autorrealização no casamento diz respeito à satisfação íntima propiciada pelo trabalho realizado no sentido de alcançar metas que tenham amplitude conjugal. Isso significa comprometimento com os votos assumidos de amor, companheirismo e crescimento mútuo. Claro que o casamento deve contribuir para a realização dos cônjuges, mas é preciso entender que existem duas pessoas envolvidas e que ambas precisam se sentir satisfeitas. A autorrealização está, assim, interligada com a disposição de enfrentar os desafios da vida a dois e, mesmo que a ruptura seja inevitável, provoca o sentimento de alívio por tudo ter sido feito pela realização conjugal.

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Autorrealização no casamento

Comumente a autorrealização no casamento é confundida com encontrar tudo o que se deseja no outro. É sentir-se amado, valorizado e ter espaço para explorar as próprias possibilidades e crescer como indivíduo. Isso é muito louvável, mas é importante que haja reciprocidade e que, assim, ambos os cônjuges estejam empenhados em permitir e cooperar para a satisfação do outro. Um casamento feliz acontece quando o objetivo maior é fazer com que o relacionamento prospere e a família seja prioridade para os dois. Então a autorrealização dá origem à realização conjugal e ambas acontecem lado a lado.

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Suely Buriasco

Mediadora de Conflitos, educadora com MBA em Gestão Estratégica de Pessoas, apresentadora do programa Deixa Disso com dicas de relacionamentos. Dois livros publicados: “Uma fênix em Praga” e “Mediando Conflitos no Relacionamento a Dois”.