A imagem corporal e intimidade no casamento: Minhas verdades, minha história.

Isso era algo a se pensar. Por que ele não pode amar minha feiura? Por que ele não pode pensar que eu sou bonita o tempo todo? Por que ele não pode amar aquela minha parte - qualquer que seja esta parte de mim?

Kallie Dalley

Lá estávamos nós sentados na terapia falando sobre sexo… E… Sobre o nosso casamento… E… Eu… E minha maneira louca de pensar quando o assunto veio para o meu corpo.

“Eu a amo do jeito que ela é. Eu acho que ela é linda”,

ele.

Ao que eu rapidamente respondi: “É claro que ele vai dizer isso, ele é meu marido.”

Ele resmungou em frustração e revirou os olhos. Essa discussão foi uma das que tivemos muitas vezes, mas nunca na frente de ninguém. Na minha cabeça maridos são obrigados a nos dizer que somos lindas e eles nos amam, mesmo em nossos momentos de feiura e desagrado. Eles fazem isso por obrigação não por que seja verdade. Disso eu tinha certeza. Assim, a resposta do terapeuta me pegou desprevenida.

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“Por que você acha que ele não pode amá-la agora, Kallie? Por que você acha que ele tem que dizer essas coisas? Se ele dissesse que você é feia você acreditaria nele, então?”

Isso era algo a se pensar. Por que ele não pode amar minha feiura? Por que ele não pode pensar que eu sou bonita o tempo todo? Por que ele não pode amar aquela minha parte – qualquer que seja esta parte de mim? Mais importante ainda, por que não posso acreditar nele?

A resposta era eu

Lá estava eu estava no meu próprio caminho, novamente como um bloqueio na minha própria estrada. Incrível. (Por que eu sou sempre o meu próprio obstáculo? Não respondam!) Se ele tivesse me dito que eu era feia, ou estúpida, ou antipática, eu teria acreditado que ele estava sendo honesto. Essas palavras sim exprimiriam a verdade. A questão de fundo aqui é que, eu não me amo, por isso eu não posso deixar que ninguém me ame através do meu feio, do real, do exposto e, é claro – do nu.

Imagem corporal e sexo não é algo que as pessoas conversem a respeito, e, ainda assim, eu sinto ser algo com que cada um de nós luta em algum momento, de alguma forma. Cada dia saímos para o mundo vestidos com roupas que escondem, apertam, modelam, seguram, e aumentam, mas o que acontece quando estamos despojados delas, e nus? Será que mantemos as luzes apagadas? Será que usamos uma peça de roupa ou nos escondemos nos lençóis para manter nossos corpos imperfeitos difíceis de serem realmente vistos ou vamos apenas evitar todo e qualquer contato e nos escondermos atrás de desculpas? Eu sou culpada de todos esses cenários e me sinto realmente débil ao compartilhar algo tão pessoal e íntimo com o mundo.

Por que nos escondemos?

O que há em nossos corpos que nos faz sentir vergonha?

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Eu acho que a maior parte provém dos ideais que vemos em revistas e em comerciais. Somente a perfeição é o que o mundo nos diz ser bonito, sexy, atraente e digno de ser olhado intimamente. Esses ideais tornam quase impossível de se olhar no espelho e não ver falhas e as coisas que precisam de conserto, antes que compartilhemos de maneira confortável nosso eu mais íntimo. Aqui está algo que eu quero que você realmente pense a respeito – porque precisamos corrigir, quando as coisas que queremos consertar contam tanto quem somos e a viagem da nossa vida. Essas imperfeições físicas contam uma história.

Eu percebi que meu corpo e a aparência que ele tem parecem contar uma história – a minha história de vida e é uma história que eu não deveria ter vergonha de deixar meu marido ver e ler.

Eu não deveria ter vergonha de contar que quando criança caí da escada na igreja e perdi os meus dois dentes da frente e por causa dessa lesão os dentes permanentes foram afetados. Eu não vou mais fingir que eu não tenho cicatrizes espalhadas sobre o meu corpo como um lembrete da varicela que eu tive na infância. Vou compartilhar a história da cicatriz no meu pé, da qual eu nunca gostei até que meu pai me disse ser um sinal especial, porque eu era parte índia – o que não é totalmente verdade, mas ele pode fazer qualquer um acreditar nele. Não vou esconder minha cicatriz que se estende de um lado a outro do meu quadril, que é um resultado da extração de um cisto do tamanho de uma bola de beisebol. Eu não vou mais apagar as luzes ou me ocultar estrategicamente nas dobras do lençol para esconder as partes físicas que estão mudando com a idade e as experiências.

Eu já não sou nenhuma mocinha e com isso vem as mudanças. Eu tenho rugas de expressão ao redor dos meus olhos e boca. Elas servem como um lembrete de todas as risadas que dei em minha vida. Eu gerei e dei à luz três filhos lindos e trago as cicatrizes e marcas para provar que vidas cresceram dentro de mim. Essas cicatrizes e marcas contam uma história do milagre que é criar vida. Meu corpo tornou-se “mais fofinho” no ano passado, e se essa fofura pudesse falar, lhe contaria uma história sobre minha viagem de volta à saúde que eu nunca deveria sentir vergonha de contar. Essas cicatrizes e ferimentos de batalha são apenas alguns dos meus defeitos, mas eles são lembranças de minha viagem, minha vida, a vida que eu vivi e respirei através de cada dia e eu não vou mais ter vergonha delas.

Quando eu realmente olhar para o meu corpo esses sinais servirão como um lembrete da vida eu tenho sido abençoada em viver.

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Sou abençoada por poder rir com minhas doces crianças. Sou abençoada por poder sorrir para as pessoas que eu mais amo. Sou abençoada por ter criado vida dentro de mim. Eu cresci um pouco mais como ser humano quando eu chorei alto. Nem todo mundo pode fazer isso e eu me encho de espanto com esses milagres. Eu vivi através de doenças, dificuldades e limitações físicas e saí viva e fortalecida. Sou abençoada por ter um corpo que me permite amar os outros e servi-los. Sou abençoada por ter um corpo e eu não vou mais me segurar por causa da sua aparência. Meu corpo é o navio que faz a minha vida acontecer. É o presente que me foi dado para experimentar esta vida e que não precisa de consertos – precisa ser celebrado.

Então eu vou deixar que meu marido ame aquela parte de mim, seja ela qual for

Eu vou deixá-lo me amar através das mudanças da gravidez. Eu vou deixar que ele me ame acima do peso. Eu vou deixá-lo me amar imperfeita. Eu vou deixar que ele me ame toda. Eu vou deixar que ele me ame velha. Eu vou deixá-lo me amar flácida e enrugada. Eu vou deixá-lo me amar quando eu for forte. Eu vou deixá-lo me amar quando eu for fraca. Eu vou deixar que ele me ame sofrendo. Eu vou deixá-lo amar-me feliz. Eu vou deixá-lo amar-me triste. Eu vou deixar que ele me ame morrendo. Eu vou deixá-lo me amar até o meu último suspiro, até que as últimas palavras da minha história sejam escritas.

Vou deixar o meu marido amar todas as partes de mim porque é bem no meio da minha história de vida o lugar onde ele quer estar.

_Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa Metzger do original Body image & intimacy in marriage – My truths. My story.

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Kallie Dalley

Kallie is the creator of Smitten By. She is a mom to three kiddos and has been married to Mr. Dalley for 10 years now. She is a warrior for women everywhere. Striving to help them live happier, healthier lives, by uplifting, inspiring and empowering their why's. You can find her sharing her story of her battle with an eating disorder at www.smittenby.net.