Ser um amante ou buscar um amante: Alguém pensa nos filhos?

Este artigo apresenta os efeitos dos casos extraconjugais sobre os filhos.

Erika Strassburger

Aqui está uma pergunta que poucos dos que se envolvem em uma relação extraconjugal – ou, sendo solteiros com filhos, se envolvem com uma pessoa casada – devem se fazer com seriedade: “Como este caso afetará os meus filhos?”. Se a fizessem, certamente não embarcariam em um relacionamento dessa natureza.

Escrevo esse artigo baseando-me em outro artigo, este de autoria da Dra. Lídia Craveiro, membro efetivo da Sociedade Portuguesa de Psicologia Clínica e da Associação Portuguesa Psicanalítica de Casal e Família, de Lisboa. O artigo fala sobre como os filhos são afetados pela infidelidade dos pais.

Embora muitas pessoas tentem se convencer – talvez como forma de tentar aliviar a própria culpa – de que quando traem estão prejudicando somente o cônjuge, está constatado que os efeitos são bem mais profundos e abrangentes: esta é uma questão familiar e não somente conjugal. Os filhos são tão ou mais prejudicados que o cônjuge traído.

De acordo com a Dra. Lídia, os efeitos da infidelidade dos pais sobre os filhos são:

  • Mágoa, tristeza, raiva.
  • Vazio emocional.
  • Conflito de lealdade. Medo de magoar um dos progenitores ao se posicionar em defesa do outro.
  • Sentem-se também traídos.
  • Nutrem o medo de perder o afeto dos pais.
  • Eles tendem a atribuir a culpa do ocorrido a si mesmo, isso acontece com as crianças menores.
  • Alimentam crenças negativas a respeito dos relacionamentos amorosos e conjugais.
  • Apresentam dificuldade de ter um relacionamento amoroso sadio no futuro. A Dra. Lídia relata o desabafo de uma adolescente acerca da traição do pai à sua mãe: “(…) a minha mãe perdoou, mas eu não consigo, como é que eu vou confiar num homem um dia? São todos iguais.”
  • Alguns chegam a adoecer principalmente se precisam manter segredo sobre o que está acontecendo.

Uma vez descoberto o caso extraconjugal, nenhuma decisão tomada pelo casal, por mais sóbria que pareça, vai amenizar a dor dos envolvidos. A opção de se divorciar deixará uma ferida ainda mais profunda nos filhos.

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Não é isso o que os defensores das “novas famílias” querem que acreditemos. Muitas fórmulas mágicas são oferecidas para tentar apagar nas crianças a dor de uma separação. Sobre esse equívoco, a terapeuta americana Judith S. Wallerstein, uma crítica ferrenha contra a “cultura do divórcio”, diz: “A opinião que prevalece na sociedade moderna é a de que podemos a qualquer hora refazer nossas trajetórias conjugais. Ocorre que, na pressa de melhorar nossa vida, não nos perguntamos como isso afeta às crianças que concebemos. Os filhos do divórcio não se sentem melhores porque papai e mamãe começaram a ter uma vida amorosa mais satisfatória com outros parceiros. Outro mito é imaginar que a separação é uma crise temporária, cujos efeitos são a da separação. Trata-se de uma crise de longo prazo e, em alguns casos, interminável”. É um problema que, na maioria dos casos, nunca cessa de existir na vida dos filhos, garante a Dra. Wallerstein. São 25 anos de estudos sobre o assunto, período em que ela acompanhou 131 filhos de pais separados.

Gostaria de ter encontrado algum estudo específico feito com filhos de amantes. Como não encontrei, acho válido incluir o trecho de uma conversa que tive com uma mulher que mantinha, há mais de um ano, um caso com um homem casado. Ela disse a respeito do filho de nove anos: “Ele cantou uma música para mim. (…) Sinto que está pedindo socorro. Desde que essa pessoa [o amante] apareceu, ele anda muito apático e triste.”

Convenhamos, ninguém em sã consciência vai pensar que ter um caso extraconjugal ou ser um amante não vai afetar também seus filhos, além do cônjuge. Por isso, nenhum pai ou mãe é inocente ao se envolver em um relacionamento como esse. E, é claro, nem o parceiro que tem consciência de que o outro é casado e tem filhos.

Desejo que as palavras deste artigo sirvam de alerta e abram os olhos das pessoas que estão nessa situação ou que estão pensando em embarcar numa aventura amorosa. Que se concentrem mais naqueles que estão à sua volta e menos em si mesmos.

Vocês amam seus filhos? O verdadeiro amor é demonstrado através da doação e sacrifício. Então, mostrem que os amam verdadeiramente, abandonando o caso que estão tendo, pedindo perdão à família e fugindo da tentação de voltar a trair ou de se envolver com uma pessoa comprometida.

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Leia também: O que o mundo deveria saber sobre o divórcio.

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Erika Strassburger

Erika Strassburger nasceu em Goiás, mas foi criada no Rio Grande do Sul. Tem bacharelado em Administração de Empresas, trabalha home office para uma empresa gaúcha. Nas horas vagas, faz um trabalho freelance para uma empresa americana. É cristã SUD e mãe de três lindos rapazes, o mais velho com Síndrome de Down.