Como contar aos seus filhos que você casará novamente

Como recomeçar a vida após o divórcio? Veja as precauções que você deve ter ao apresentar um namorado e, futuramente, comunicar o casamento aos seus filhos.

Erika Strassburger

A separação é uma decisão tomada pelo casal – partindo, geralmente, de um dos cônjuges – que afeta toda a família. Os filhos acabam sendo os mais prejudicados. A Assistente Social e Psicopedagoga Christiane Lima afirma que “de um modo geral, as crianças podem ficar deprimidas, tristes, desobedientes, apresentar comportamentos mais agressivos e rebeldes, insônia, pesadelos, alterações do apetite, dificuldade de concentração e perda do interesse pela vida social. Durante esse período é fundamental que a atenção dada a estes seja redobrada. O comportamento delas pode evidenciar como esse momento delicado está sendo emocionalmente processado.”

Se depois da separação os pais mantiverem um relacionamento maduro, apoiando-se ao educar seus filhos, dividindo-se nos seus cuidados e convivendo tranquilamente entre si, o sofrimento tende a amenizar e passará mais rapidamente.

Com o passar do tempo, é normal que os cônjuges queiram refazer as suas vidas ao lado de outras pessoas. É imprescindível que eles estejam conscientes quando fizerem suas escolhas. Calma e prudência são fundamentais nessas horas.

Muitas vezes, principalmente em casos de traição ou abandono, o cônjuge traído ou abandonado sente necessidade de provar o seu valor a qualquer custo. Ele acaba, então, se envolvendo com a primeira pessoa que aparece. Os resultados podem ser desastrosos. Da mesma forma, o cônjuge que tomou a decisão de separar-se, pode embarcar numa aventura amorosa, motivado por sentimentos superficiais como a paixão. Ambos, ao tomarem decisões às escuras, dificilmente terão sucesso nos novos relacionamentos.

Ao iniciar um namoro sério é de extrema importância, principalmente para o cônjuge que tem a guarda dos filhos, que se conheça muito bem a pessoa com quem esteja se envolvendo. Não faz bem pra saúde emocional dos filhos que a mãe ou o pai fique trocando de namorado (a) o tempo todo. As crianças tendem a se apegar à pessoa. Cada vez que um relacionamento não dá certo, as crianças acabam revivendo a dor da separação dos pais, em algumas circunstâncias, podem até pensar que têm alguma culpa.

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A minha sugestão é que, se você pretende namorar sério, apresente para seus filhos uma pessoa que você já conhece o suficiente para afirmar que tem chances de dar certo. Não envolva seus filhos em suas experiências. Apresente-lhes os resultados. Ou seja, se você quiser conhecer algumas pessoas antes de tomar uma decisão sobre namoro, não envolva seus filhos nessa etapa. Não estou afirmando que você tenha que fazer as coisas secretamente, não é isso. Mas não traga pessoas para dentro da sua casa sem ter certeza de que é isso que você quer. Muitas pessoas fazem de tudo para conquistar os filhos com o propósito de atingir a mãe ou o pai.

Depois da escolha feita, a vida segue seu curso. O namoro vai amadurecendo e os filhos acabam participando dessa relação, principalmente de quem tem sua guarda.

Acredito que a maioria dos filhos espera que um bom relacionamento acabe em casamento. Entretanto, uma novidade como esta sempre causa surpresa, e reações inesperadas podem surgir.

Veja os cuidados que você deve ter ao comunicar essa decisão aos seus filhos:

1) Diga que aquela pessoa não substituirá o pai ou a mãe

Essa talvez seja a maior preocupação dos filhos. Muitos temem que, ao apoiar o novo relacionamento, a mãe ou o pai, que ficou sozinho, sinta-se traído ou magoado. Infelizmente, muitos pais fazem chantagem emocional com os filhos ou jogam-nos contra os novos cônjuges dos seus ex-parceiros.

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Diga-lhes que você não esperará que eles chamem o novo cônjuge de pai ou de mãe. Peça que o chamem pelo nome, apelido ou como se sentirem à vontade. Ressalte a importância que o pai ou a mãe tem na vida deles, e que este lugar que ele ou ela ocupa é insubstituível.

2) Deixe claro que não há chance de reconciliação

Logo no início do namoro os filhos podem pensar que aquela pessoa surgiu para atrapalhar o caminho para uma possível reconciliação. Deixe bem claro que não há qualquer chance de que isso aconteça. Obviamente, você precisa ter certeza disso, antes de fazer esta afirmação.

3) Deixe que eles expressem suas preocupações

Dê abertura para que eles expressem seus sentimentos em relação à situação e façam qualquer pergunta. Eles podem estar preocupados com as mudanças, como ficará a rotina da casa, se eles precisarão dividir seu espaço e outras coisas. Seja compreensivo com seus sentimentos e preocupações e expresse-lhes verbalmente esta preocupação.

4) Conte-lhes a respeito das coisas boas que advirão com o casamento

Você pode mencionar o que vai melhorar na vida da família, graças ao novo casamento como:

  • A situação financeira;

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  • A divisão das tarefas e responsabilidades;

  • Atividades que vocês não podiam fazer antes e que, graças ao novo cônjuge, vai ser possível realizar; etc.

5) Peça a ajuda do ex-cônjuge

Se vocês têm uma boa relação, e ele não sente ciúmes de você, seria interessante pedir que ele ajude a fazer os filhos entenderem e aceitar a situação. No entanto, faça-o somente se tiver certeza que ele não vai fazer nada para piorar as coisas.

Um casamento é uma decisão importante e que muda a vida da família toda. Se seus filhos demonstram não gostarem do futuro cônjuge, investigue se há algo de errado no relacionamento entre eles. Se ele não tem paciência com crianças, se sente ciúmes do relacionamento deles com você, ou apresenta qualquer outro comportamento suspeito, é melhor repensar seus planos. Não coloque dentro de sua casa alguém que vai tirar a paz de sua família. É preferível romper um namoro, e até mesmo um noivado, a ter de desfazer, novamente, uma união tão sagrada quanto um casamento.

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Erika Strassburger

Erika Strassburger nasceu em Goiás, mas foi criada no Rio Grande do Sul. Tem bacharelado em Administração de Empresas, trabalha home office para uma empresa gaúcha. Nas horas vagas, faz um trabalho freelance para uma empresa americana. É cristã SUD e mãe de três lindos rapazes, o mais velho com Síndrome de Down.