Como lidar com o divórcio dos pais
Alguns cuidados podem ser de grande importância para enfrentar a dificuldade do divórcio dos pais na busca de - embora todo o sofrimento - crescer em maturidade e sabedoria.
Suely Buriasco
As grandes transformações sociais vividas nos últimos anos incluem o divórcio e a formação de estruturas familiares cada vez mais distintas. Adultos precisam adequar-se às realidades diferentes, desfazendo elos matrimoniais e mantendo da melhor forma possível os elos indissolúveis entre pais e filhos.
No entanto, também os filhos, embora não responsáveis pela situação, também precisam sobreviver a avalanche familiar e estruturar-se novamente para não perder a própria identidade. Não importa se são crianças, adolescentes ou adultos, o trauma da separação dos pais é muito grande e os filhos devem ser sempre apoiados por familiares e amigos, sendo recomendável o encaminhamento para tratamento psicológico.
Entretanto, essas minhas palavras referem-se mais especificamente aos filhos adolescentes e adultos que passam pelo peso opressor da discórdia dos pais. A ideia é levá-los a refletir em maneiras razoáveis de lidar com essa difícil questão:
1- Tome distância
Não é nada simples entender o que levou seus pais a se separarem, muito menos é fácil aceitar essa situação; no entanto, cedo ou tarde você terá que encarar o fato, então, quanto antes melhor. Embora seja a sua família é importante que você separe a relação de seus pais e a sua com eles. A separação é uma questão deles e isso não deve incluir você. Por mais que esteja doendo procure o máximo possível não se envolver, principalmente em brigas e discussões.
2- Evite julgamentos
Claro que você tem sua opinião e ela é importante, entretanto, quanto mais imparcial você conseguir ser, melhor. Procure não julgar esse ou aquele, muito menos condene e direcione a briga para você. É a sua família, você conviveu intimamente com seus pais, pode até ter conhecimento do que aconteceu, mas nada o habilita a entender o funcionamento de tudo isso entre seu pai e mãe. Esse emaranhado de emoções, muitas vezes, nem eles sabem definir.
3- Seja assertivo
Converse com os dois em momentos diferentes, já não é mais o caso pedir que o escutem juntos e isso pode complicar mais as coisas. Esclareça que você está sofrendo e peça que evitem ficar falando mal um do outro para você. Os dois precisam de seu apoio, deixe claro que você estará ao lado deles, mas que quer ser respeitado na sua própria dor. Tente demonstrar que você está disposto a oferecer o ombro amigo para ambos, que os quer ver felizes, juntos ou separados.
4- Dê tempo ao tempo
Nesse primeiro momento, pode ser difícil de acreditar, mas um dia as coisas tomarão novos rumos. Deixe o tempo fluir sem se prender em sentimentos destrutivos de dúvida ou medo. Uma boa reflexão de Martha Medeiros sobre isso é “O tempo não cura tudo. Aliás, o tempo não cura nada, o tempo apenas tira o incurável do centro das atenções“. Ajuda muito mudar o foco!
Encare cada etapa com coragem, não é fácil de acostumar, mas acaba acontecendo. Você verá que todo esse sofrimento se transformará em maturidade e sabedoria.