Considerações sobre o Filho Pródigo que nos ajudam a ser melhores pais
A parábola do Filho Pródigo traz importantes lições para os pais que precisam lidar com filhos rebeldes. Veja quais são elas.
Erika Strassburger
Cristo usava narrativas cheias de conteúdo alegórico, chamadas parábolas, para ensinar lições importantes e de fácil compreensão para o povo judeu. Uma das parábolas mais conhecidas é a do Filho Pródigo. As extraordinárias lições ensinadas através dessa parábola, há 2 mil anos, ainda são aplicáveis nos dias de hoje.
Veja quais lições podemos extrair da parábola do Filho Pródigo, encontrada em Lucas 15:11-32, que podem nos ajudar a cumprir melhor nosso papel como pais:
1 – Respeito pela liberdade de escolha dos filhos
“Um certo homem tinha dois filhos; E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda. E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua,(…)”(Lucas 15:11-13).
Não vemos, no relato, o pai ameaçando o filho ou impedindo que ele levasse a sua herança. Não vemos os servos, a mando do seu pai, tentando coagi-lo para que ficasse.
É uma grande e difícil lição para nós. Como pais, temos a responsabilidade de ensinar nossos filhos a andar no caminho da retidão. Devemos ensiná-los que toda escolha tem uma consequência. Jamais devemos, entretanto, impedir que nossos filhos usem o livre-arbítrio que lhes foi concedido pelo Pai Celestial. Podemos negociar, insistir, usar de persuasão, mas jamais obrigá-los a fazer o que desejamos ou impedi-los de tomar suas próprias decisões por meio de força, violência ou constrangimento. Eles precisam aprender a fazer escolhas e arcar com suas consequências, assim como aprendemos com as nossas próprias.
2 – Sentir “íntima compaixão”
O jovem “desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente.” (v.13). Ele gastou tudo o que tinha. Chegou ao ponto de não só passar fome, mas desejar comer a comida que era dada aos porcos. Então se lembrou de que os empregados do seu pai tinham comida em abundância, enquanto ele estava naquela situação miserável.
“E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.” (v.20).
Na Wikipédia lemos“Compaixão pode ser descrito como uma compreensão do estado emocional de outrem; (…) frequentemente combina-se a um desejo de aliviar ou minorar o sofrimento de outro (…) através de ações, na qual uma pessoa agindo com espírito de compaixão busca ajudar aqueles pelos quais se compadece”.
Segundo José Roberto Goldim “Ter compaixão é a virtude de compartilhar o sofrimento do outro. Não significa aprovar suas razões, sejam elas boas ou más.”
Temos muito a aprender com esse grande pai. Ele não virou as costas para seu filho depois que ele cometeu muitos erros. Ele se compadeceu de seus sofrimentos. Estendeu a mão e se dispôs a confortá-lo, apesar de suas más escolhas. Sabia que as consequências tinham sido duras e não aproveitou a oportunidade para tripudiar sobre o seu sofrimento.
3 – Perdoar prontamente
“Pai, pequei contra o céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho. Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa; e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão, e alparcas nos pés; E trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos, e alegremo-nos; (…).” (v.21-23).
O pai ofereceu seu perdão imediato e não guardou mágoa.
4 – Apegar-se ao que realmente tem valor
Em momento algum vemos o pai mencionando o dinheiro desperdiçado. O que ele considerava de mais valor era o próprio filho, a sua saúde, seu bem-estar. “Porque este meu filho estava morto, e reviveu, tinha-se perdido, e foi achado.” (v.24).
5 – Confiar na capacidade dos filhos de mudar
Em vez de se apegar ao passado, o pai olhou para o futuro. Reconheceu o esforço do filho e comemorou seu retorno. Se ele comemorou é porque tinha confiança na capacidade de mudança de seu filho.
6 – Um coração alegre e grato
“ (…)Alegremo-nos.”(v. 23). Em vez de afundar-se em autocomiseração pelo ocorrido, aquele pai cultivou a alegria e incentivou os que estavam à sua volta a fazerem o mesmo.
Muitas pessoas têm dificuldade de recobrar a alegria após uma tribulação. O salmista bem lembrou: “Grandes coisas fez o SENHOR por nós, pelas quais estamos alegres.” (Salmos 126:3).
7 – Compreensão e justiça
O filho mais velho, enciumado, queixou-se de ter sido sempre um bom filho e nunca terem feito uma festa como aquela para ele. O pai respondeu com amor: “Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas; Mas era justo alegrarmo-nos.” (v.31-32).
O pai certamente entendeu o sentimento do filho. Ao contrário do que ele pensava, o pai sempre reconheceu seus esforços. A prova disso é que ele reservara algo muito maior do que uma simples festa. Ele recompensaria o filho pela sua dedicação e obediência com tudo o que tinha.
Somos compreensivos em relação aos sentimentos controversos de nossos filhos? Sabemos recompensá-los com justiça?
Através da parábola do Filho Pródigo, Cristo quis mostrar-nos como Deus (o pai) lida conosco (filhos pródigos) quando tomamos caminhos contrários aos que conduzem à felicidade e segurança eterna. “Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.” (Lucas 15:7).
Ainda assim, podemos aprender como sermos melhores pais, lidando sabiamente com filhos rebeldes, nutrindo bons sentimentos e tendo atitudes acertadas quando nos depararmos com situações inesperadas.