Do conto de fadas à realidade: O amor é para ser vivido
Para evitar surpresas dolorosas é essencial transformar o casamento em gentil gerador do amor.
Suely Buriasco
Na canção Always On My Mind o inesquecível Elvis Presley expressa seu sofrimento com o fim do casamento depois de apenas cinco anos. Mais do que isso, o cantor traz a si a responsabilidade por não ter demonstrado e vivido seu amor pela esposa em tempo de manter o casamento. Dizem que Elvis nunca superou essa dor.
Infelizmente isso é muito comum. As pessoas se amam, mas parecem se envolver tanto com outras coisas, acreditando que a pessoa amada estará sempre ali, que nunca irá lhe faltar. No entanto, não é assim que acontece, embora haja tantos alertas do tipo “Ame o que você tem, antes que a vida lhe ensine a amar o que você tinha” (frase atribuída a Eduardo Costa).
A surpresa
É intrigante como muitos cônjuges não percebem que a relação está se deteriorando pela falta de atenção, de carinho, de presença. Quando recebem o pedido de divórcio é como se o chão se abrisse; é uma terrível surpresa. Então percebem que, muitas vezes, não fizeram por merecer o amor do cônjuge, que deixaram de lado o que era principal e, então, o sofrimento é muito grande.
Mas porque é tão comum essa surpresa? Enumeremos algumas causas:
1- Rotina
É muito saudável que o casal crie seus próprios hábitos na vida em comum, o que prejudica a relação são as rotinas que não são traçadas em comum acordo. E mesmo as que assim o são devem ser revistas continuamente, afinal as pessoas mudam com o tempo e seus gostos e opiniões podem mudar também.
2- Desatenção
A vida em comum pode ser muito tumultuada; problemas financeiros, preocupações com os filhos e com os familiares de cada um, enfim, inúmeras questões que exigem muito dos cônjuges. Tudo muito compreensível, mas o que não se pode conceber é que a relação a dois fique em segundo plano. A atenção contínua de um para o outro é fundamental e está sempre presente nos relacionamentos sadios.
3- Falta de diálogo
Quando o casal não conversa de forma a expressar com clareza seus sentimentos, a comunicação fica truncada e não estabelece o entendimento. Pior que isso, intensifica os conflitos. Pelo diálogo é possível compreender as necessidades de um e do outro e estabelecer atitudes que os satisfaçam. Conversar evita surpresas negativas.
4- Acomodação
O grande problema das relações malsucedidas é o comodismo dos cônjuges que não buscam melhorar o entrosamento entre ambos. É aquela frase tantas vezes pronunciada: “não adianta”. É preciso que os cônjuges tenham em mente que sempre existem possibilidades novas. Para tanto precisam agir diferente e ver a relação como uma flor delicada que necessita de cuidado contínuo.
5- Fuga
Muitas vezes o cônjuge percebe que as coisas não vão bem e que o casamento está se deteriorando, mas ao invés de se dedicar a mudar essa situação, prefere fingir que não está vendo. Dessa forma a tendência é que as coisas piorem cada vez mais e a surpresa seja consequência da negação ou fuga do que sabe que está acontecendo.
Assim, para evitar a dor de ver o fim do seu casamento, de todos os planos que fizeram juntos, dos sonhos que sonharam e dos momentos de amor que desfrutaram, tomem os cônjuges muita atenção: o amor não é algo que se possa guardar para pegar quando se tenha vontade; o amor é para ser vivido, demonstrado e cultivado todos os dias.