Emma Watson, de Harry Potter a Embaixadora da ONU, deu um discurso inspirador sobre a igualdade de direitos entre homem e mulher

Um discurso que atenta para os reais problemas da opressão contra a mulher mundo afora, para educar-se sobre o que é o verdadeiro feminismo e unir homens e mulheres na luta a favor da igualdade de direitos. Leia AQUI o discurso completo em português.

C. A. Ayres

Emma Watson discursou sobre igualdade de gêneros na ONU e pede apoio ao projeto HeForShe, que consiste em:

“HeForShe é um movimento de solidariedade para a igualdade de gênero , que reúne uma metade da humanidade em apoio à outra da humanidade, para a totalidade da humanidade”, segundo o site da ONU.

Leia aqui na íntegra a tradução do discurso feita por Débora Jacintho e Pedro Martins em 21/09/2014.

“Hoje nós estamos lançando a campanha HeForShe. Estou recorrendo a vocês, porque nós precisamos da sua ajuda. Temos que tentar mobilizar o maior número de homens e garotos possível para ser defensores da mudança. Nós não queremos falar apenas sobre isso. Nós queremos tentar e ter certeza que é tangível. Fui nomeada Embaixadora da Boa Vontade da ONU Mulheres 6 meses atrás.

Quanto mais eu falava sobre feminismo, mais eu percebia que a luta pelos direitos das mulheres muitas vezes torna-se sinônimo de ódio masculino. Se há uma coisa que eu sei com certeza é que isso tem que parar. Para registro, o feminismo, por definição, é a crença de que homens e mulheres devem ter direitos e oportunidades iguais. É a teoria da igualdade política, econômica e social dos sexos.

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Quando eu tinha 8 anos, fui chamada de mandona porque eu queria dirigir uma peça de teatro para os nossos pais. Aos 15 anos, minhas amigas não queriam se juntar a equipes de esportes porque elas não queriam parecerem masculinas. Aos 18 anos, meus amigos homens eram incapazes de expressar seus sentimentos.

Eu decidi que era uma feminista. Isso parecia simples para mim. Mas minha recente pesquisa me mostrou que feminismo se tornou uma palavra detestada. As mulheres estão optando por não se identificarem como feministas. Aparentemente, [tal atitude das mulheres é] vista como muito forte, muito agressiva, anti-homens, desinteressante.

Por que a palavra se tornou tão odiada? Eu acho certo que eu receba o mesmo que meus colegas do sexo masculino que desempenham a mesma função que a minha. Eu acho justo que eu possa tomar decisões sobre meu próprio corpo. Eu acho justo que as mulheres se envolvam em meu nome nas políticas e decisões que afetam minha vida. Eu acho justo que socialmente eu receba o mesmo respeito que os homens.

Mas, infelizmente, eu posso dizer que não há um único país no mundo onde todas as mulheres possam esperar para ver esses direitos. Nenhum país do mundo já pode dizer que eles alcançaram a igualdade de gênero. Esses direitos são considerados como direitos humanos, mas eu sou uma das sortudas.

Minha vida é um imenso privilégio, pois meus pais não me amaram menos por eu ter nascido uma filha. Minha escola não me restringia porque eu era uma menina. Estas influências são os embaixadores da igualdade de gênero que me fez ser quem eu sou hoje. Eles podem não saber, mas eles são os feministas necessários no mundo atualmente. Precisamos de mais desses.

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Não é a palavra que é importante. É a ideia e a ambição por trás dela porque nem todas as mulheres receberam os mesmo direitos que eu tenho. Na verdade, estatisticamente, muito poucas têm.

Em 1997, Hillary Clinton fez um famoso discurso em Pequim sobre direitos das mulheres. Infelizmente, muito do que ela queria mudar ainda continua hoje. Menos de 30% do público eram homens. Como nós podemos efetivamente mudar o mundo quando apenas metade dele está convidado para participar da conversa?

Homens, eu gostaria de lhes dar essa oportunidade de estender o convite formal. Igualdade de gênero é problema seu, também. Até o momento, eu vi o papel do meu pai como pais sendo menos valorizado pela sociedade. Eu vi homens jovens sofrendo de doenças, incapazes de pedirem ajuda com medo de que isso os tornem menos homens. Eu vi homens frágeis e inseguros com o que se constitui como sucesso masculino. Homens não têm os benefícios da igualdade, também.

Nós não queremos conversar sobre homens sendo aprisionados pelos estereótipos de gênero mas eu posso ver que eles são. Quando eles forem livres, as coisas mudarão para as mulheres como uma consequência natural. Se os homens não têm que ser agressivos, as mulheres não serão forçadas a serem submissas. Se os homens não precisam controlar, as mulheres não terão que ser controladas.

Tanto homens como mulheres devem se sentir livres para ser fortes. É o momento de todos nós vermos o gênero como um espectro ao invés de dois conjuntos de ideais opostos. Nós devemos parar de definir uns aos outros pelo que nós não somos e começar a nos definir pelo que nós somos. Nós todos podemos ser livres, e isso é o que oHeForShe se trata. Se trata de liberdade. Eu quero que os homens assumam esse manto para que suas filhas, irmãs e mães possam ser livres de preconceito mas também para que seus filhos tenham a permissão de serem vulneráveis e humanos, também e ao fazê-lo, serem uma versão mais verdadeira e completa de si mesmos.

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Você pode perguntar: quem é essa garota de “Harry Potter”? O que ela está fazendo na ONU? Eu estive me perguntando a mesma coisa. Tudo que eu sei é que eu me preocupo com esse problema e quero fazer isso melhor. E tendo visto o que eu vi e dado a chance, eu me sinto responsável por dizer alguma coisa. Edmund Burke disse que tudo o que é necessário para que as forças do mal triunfem é que os homens e mulheres do bem não façam nada.

No meu nervosismo para esse discurso e no meu momento de dúvida, eu disse para mim mesma: se não eu, quem? Se não agora, quando? Você tem a oportunidade aqui. Se você acredita em igualdade, eu imploro a você: nós devemos lutar por um mundo unido mas a boa notícia é que temos uma plataforma. Chama-se HeForShe. Eu convido vocês a avançar, para ser visto e eu lhes pergunto: se não eu, quem? Se não agora, quando? Obrigada.”

Em breve, o vídeo legendado com o discurso completo aqui em nosso site.

Para assistir o vídeo em inglês, clique em:

Emma Watson at the HeForShe Campaign 2014 – Official UN Video

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C. A. Ayres

C. A. Ayres é mãe, esposa, escritora e fotógrafa, pós-graduada em Jornalismo, Psicologia/Psicanálise. Visite seu website.