Ensinando empatia a nossos filhos: Como se colocar no lugar deles

Nossas crianças precisam da nossa humanidade, mais do que dos pais severos que podemos ser.

Fernanda Ferrari Trida

A empatia é a tendência para se identificar com os sentimentos, os pensamentos ou as atitudes das outras pessoas. Assim, ensinar empatia a nossos filhos é se colocar no lugar deles. Difícil? Parece ser, mas não é. Uma criança tem em seu pai e em sua mãe os exemplos máximos do que o ser humano ideal deve ser. Ela nos “copia”. Por isso, costumamos prestar atenção ao que falamos e como agimos quando estamos em presença deles, não é? Mas transmitir empatia vai um pouco além e é considerado pelos estudiosos um ponto muito importante na educação de nossos filhos.

Cito aqui um exemplo retirado do ótimo livro Criando Filhos Seguros e Confiantes (de Robert Brooks e Sam Goldstein, M. Books do Brasil, 2004) para que fique mais fácil de entender: Michel, de 12 anos, teve dificuldades para montar um equipamento de som. As palavras sarcásticas do pai, ao ver aquilo, foram “Eu lhe disse que você não conseguiria, você não tem a menor paciência para ler as instruções”. Para que ele fosse mais empático com o filho, deveria ter pensado “Se eu tivesse dificuldade com uma tarefa, gostaria de ser tratado com sarcasmo e receber comentários humilhantes? Isso me ajudaria a aprender?”. Se a resposta fosse não, o pai falaria de maneira menos áspera com o menino ou, até mesmo, o ajudaria a terminar de montar o som.

Praticar a empatia é algo muito simples, basta parar e pensar antes de falar, mesmo que estejamos irritados e nervosos com as atitudes de nossos filhos naquele momento ou que o estresse com o trabalho seja grande e o controle da situação pareça impossível. Nossas crianças merecem ter pais que se coloquem em seus lugares. Afinal, todos nós já fomos pequeninos e tivemos em nossos pais os nossos exemplos máximos, não é?

1. Repetição

Se nós crescemos em um ambiente onde a criação foi baseada em comunicação unilateral, podemos repetir o erro sem perceber, e ser empático se torna um pouco mais difícil, mas não impossível. Não é porque fomos criados sem diálogo ou sem carinho que temos o direito de perpetuar isso. Precisamos mudar para que as marcas que carregamos devido a isso não sejam as mesmas de nossos filhos.

2. Obediência

A empatia é muito simples quando nossos filhos fazem o que achamos que devem fazer. Se arrumam suas camas, se comem toda a salada e fazem a lição de casa, tudo é lindo. Mas e quando ficamos aborrecidos por que as coisas saíram dos trilhos? É aí que nossos filhos nos ensinam a sermos melhores, pois em vez de deixarmos a raiva e a frustração tomarem conta de nós, devemos aprender a ensiná-los o que fazer e o porquê de fazer tal coisa. Isso é ser empático nessa hora de “desobediência”.

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3. Exercício

Transmitir empatia aos nossos filhos é um exercício diário que devemos fazer por nós e, principalmente, por eles. Para algumas pessoas é mais difícil do que para outras, dependendo de como foram criadas, mas se nos perguntarmos como gostaríamos que nossas crianças nos descrevessem aos outros agora e no futuro, ficaria mais fácil.

Tomo emprestadas mais uma vez as palavras dos autores do livro que citei acima para falar sobre a importância da empatia: “Ela é a viga mestra para o estabelecimento e a manutenção das amizades e um meio para solucionar conflitos por intermédio da negociação e do acordo”. A palavra empatia pode até não ter um som muito bonito, mas é bem importante no desenvolvimento de uma criança!

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Fernanda Ferrari Trida

Fernanda Trida é jornalista, médica veterinária, dona de casa, esposa, mãe de Marcela, com três anos, e de João, com um ano de idade.