Alternativas realistas para quem não pode ter filhos

Da ciência ao amor ao próximo. Você pode escolher de que forma quer aumentar a sua família conforme suas crenças ou necessidades.

Caroline Canazart

O desejo de se tornar pai e mãe nem sempre é suficiente para fazer o sonho de ter um bebezinho em casa se realizar. Alguns casos de infertilidade no homem, na mulher, ou em ambos, podem prejudicar ou deixar que a espera seja ainda maior e angustiante. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a infertilidade atinge entre 50 a 80 milhões de pessoas no mundo. E não é fácil receber esse diagnóstico. Normalmente, ele acontece depois de muitos exames e tentativas frustradas de engravidar. Para os especialistas da área, se o casal está há mais de um ano tentando engravidar, sem sucesso, ele entra nessa estatística da OMS.

Muitos casais podem ficar um, dois, cinco e até dez anos tentando uma gravidez natural. Às vezes ela acontece, até porque existem alguns casos de infertilidade sem nenhuma explicação. Outras vezes não. Então, outras alternativas podem ajudar, como técnicas de reprodução assistida e adoção. Mas como iniciar cada uma delas?

Técnicas de reprodução assistida

Depois de todo o tempo de tentativas de uma gravidez natural ou de baterias de exames para constatar o que impede a gestação, a decisão pela reprodução assistida precisa vir junto com uma recarga de baterias e de ânimos. Nem sempre ela dá certo, e a possibilidade de no final de tudo não resultar em um bebê em casa precisa estar bem clara na mente do casal. Aqui, você pode ler um artigo que ajuda a encarar com esperança esse desafio.

Atualmente, a técnica mais utilizada é a fertilização in vitro (FIV), mais conhecida como “bebê de proveta”. Ela consiste em fecundar o óvulo e o espermatozoide fora do útero, em laboratório, e depois transferir os embriões novamente para o útero da mulher. Para isso, a mulher toma uma medicação que induz a ovulação para que seja feita a retirada dos óvulos. Isso acontece em ambiente hospitalar e com anestesia. Os espermatozoides são coletados, e em casos que o homem não os tenha no sêmen, é necessário retirá-los diretamente dos testículos. Em outros casos, pode ser realizada doação de espermatozoide e também de óvulos, caso o homem ou a mulher não os produza.

Depois da coleta e fecundação, os embriões são colocados no útero da mulher por meio de um cateter. O procedimento é parecido com o exame Papanicolau, porém com um ultrasson para auxiliar. Em mulheres até 35 anos são introduzidos dois embriões; três embriões até 40 anos; e quatro para mulheres acima de 40. Após 12 ou 14 dias, um exame de sangue pode confirmar a gravidez. As chances de sucesso no procedimento são respectivamente de 60%, 30%, e 8% para mulheres que já passaram dos 40 anos.

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Existe também a fertilização in vitro com injeção de esperma. É uma opção quando apenas 35% dos espermas apresentam mobilidade normal ou apenas 5% de células têm o formato esperado. Desta forma, quando um deles tem o formato e mobilidade normais, ele é retirado com uma agulha e introduzido no óvulo para fecundação. Depois disso é colocado no útero da mulher. As chances de uma gravidez é igual ao de uma FIV clássica.

A doação de útero, conhecida como “barriga de aluguel”, também é uma alternativa. Ela é recomendada quando a mulher não consegue segurar a gestação. Através de uma FIV, com o óvulo e o espermatozoide dos pais, o embrião é colocado no útero da mulher doadora. De acordo com as leis brasileiras, pode ser a mãe, sogra, irmã, tia ou prima de um dos pais. As chances de sucesso na gestação são de 50%.

Ainseminação artificial é outra técnica utilizada, porém mais barata e simplificada. Ela funciona, normalmente, para casais com problemas de mobilidade de espermatozoides, endometriose leve ou quando a infertilidade não tem uma causa diagnosticada. Ela consiste em colocá-los diretamente no útero da mulher em seu período fértil. Para isso, a mulher utiliza de medicação para ovular e é coletado sêmen do homem. A taxa de sucesso nesse método é de 20%.

Adoção

Decidir pela adoção é um grande ato de amor. A espera por um filho adotivo pode ser maior do que uma gestação. Mas, imagine para a criança? Ela pode estar por anos aguardando por uma família. No Brasil, a espera é de pelo menos um ano e meio dependendo do perfil de criança ou adolescente que o adotante queira. De acordo com o Conselho Nacional de Justiça, em outubro de 2013, o país tinha 5,4 mil crianças e adolescentes aptos para serem adotados. Se você quiser entrar para a lista de espera, saiba que existem 10 passos a serem seguidos.

  1. Você precisa ir à Vara de Infância e Juventude do seu município para verificar quais documentos serão necessários. Saiba que a idade mínima para a adoção é de 18 anos, independente do estado civil, e que deve respeitar uma diferença de 16 anos entre você e a criança a ser adotada.

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  2. Um advogado particular ou um defensor público deverá fazer uma petição para iniciar o processo de inscrição para adoção.

  3. É obrigatório realizar um curso de preparação psicossocial e jurídica. Depois de comprovar a participação, você será avaliado em visitas e entrevistas por profissionais da Vara. Sua situação socioecônomica e psicoemocional pode ser avaliada. O resultado é encaminhado ao Ministério Público e ao juiz da Vara da Infância.

  4. Pessoas solteiras, viúvas ou que vivem em união estável também podem adotar; a adoção por casais homoafetivos ainda não está estabelecida em lei, mas alguns juízes já deram decisões favoráveis.

  5. Na entrevista, você poderá escolher o perfil da criança ou jovem. Saiba que quando a criança tem irmãos, a lei prevê que eles não sejam separados.

  6. Você pode receber um Certificado de Habilitação e ser incluído no cadastro, após o laudo da equipe da Vara da Infância do seu município e do Ministério Público ser enviado ao juiz, e ele dar uma sentença favorável.

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  7. Depois da aprovação, você estará na fila de adoção do seu estado. Se não for aprovado, procure saber qual foi o motivo. Você poderá iniciar novamente o processo.

  8. Quando uma criança com o perfil indicado for encontrada, você será avisado e irá conhecê-la. Ela também poderá falar se quer continuar com o processo de adoção. Neste estágio, você poderá fazer visitas monitoradas pela Justiça e realizar pequenos passeios para estreitar os laços.

  9. Caso tudo ocorra bem, você poderá ajuizar uma ação de adoção. Ao entrar com o processo, você ganha a guarda provisória da criança que terá validade até a sentença do juiz, e ela irá morar com a sua família. A equipe da Vara da Infância fará visitas periódicas.

  10. Com uma sentença favorável, o juiz determina a lavratura de uma nova certidão de nascimento para a criança que terá os mesmos direitos de um filho biológico.

É um processo longo, mas, normalmente com um final feliz já que não são apenas os laços sanguíneos que tornam uma mulher mãe e um homem pai.

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Caroline Canazart

Caroline é uma jornalista catarinense que optou por ser mãe em tempo integral depois do nascimento dos filhos. Ama escrever e ainda acredita que pode mudar o mundo com isso.