Deixem seus pais serem os avós de seus filhos

Reflexões sobre a importância dos avós na vida dos netos, para a formação de um ser humano completo e um apoio à família como instituída por Deus.

Wanderley de Freitas Santos

Parei para pensar e sonhei… Sonhei com um mundo feliz, sem distância entre as pessoas da família, mas, ponde­rei:

O que é a família?

Li uma definição fria e repleta de desamor, segundo a qual a família consiste em um casal e seus filhos. Quanta insensibilidade! A família é isso e muito mais! Família é um conjunto extensivo de indivíduos unidos pelos laços de parentesco, sendo seu núcleo principal o pai, a mãe e seus filhos e, anexo a esse núcleo, estão legalmente ligados os avós.

Quem são os avós?

Avós são os pais dos pais. Pais elevados ao quadrado. Sua responsabilidade não consiste em educar os netos. Avós complementam a educação deles com carinho, amor e muita liberdade, devem ser o porto seguro dessas criaturas adoráveis e “indefesas”, assim como os pais são a garantia de uma formação para que obtenham no devido tempo o sucesso.

Os avós são as pessoas nas quais os netos devem encontrar a disposição e o tempo para seus folgue­dos prediletos, são a fonte de onde deve fluir a alegria e a felicidade sempre.

Os avós devem ser os sábios que ensinam brincando e divertem ensinando. As histórias contadas pelos avós são inesquecí­veis, pois elas têm sempre o final que o neto espera e apresentam desafios que eles encaram com alegria.

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Os avós são essenciais na formação de um ser humano

Lembro-me de meu pai. Ele possuía uma eletrola, dessas que há muito somente são encontradas em mu­seus, era o objeto mais estimado por ele, eu e meu irmão não tínhamos permissão nem para ajudá-lo em sua limpeza, no entanto, meu filho com três anos de idade a colocava para funcionar, escolhia os LPs que gostava de ouvir, e eu não entendia como meu pai ficava olhando e concordava com seus feitos.

Várias vezes eu o questionei sobre o que estava permitindo e reclamava que dessa forma eu não conseguiria impor limites às atuações do meu filho. Mas ele se limitava a dizer que a eletrola era sua e somente a ele competia permitir o seu uso ou não. Afirmava que, quando eu fosse avô, o entenderia e que não adiantava tentar compreender naquele momento.

Esse comportamento a meu ver pernicioso para com a educação das minhas crianças me deixava bastante contrariado, mas, sempre aprendi que os “mais velhos” estão sempre com a razão e apenas observava e de vez em quando arriscava um comentário (em vão), que meu pai quando não o ignorava, repreendia-me, sempre dizendo que o deixasse ser o avô de minhas crianças.

O fato é que quando as crianças estavam cabisbaixas ou muito elétricas, a “sessão de terapia” consistia em um passeio na casa do vovô e da vovó.

Quando meu pai faleceu, deixou para os netos um violão, a eletrola e um montão de LPs que hoje não tem mais como ser ouvidos. Mas, enquanto isso era possível, eram esses LPs que mais alegravam as crianças quando a saudade batia. E o violão foi o primeiro instrumento que meu filho aprendeu a tocar…

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Aprendendo e amando a sermos avós

Hoje, eu e minha esposa temos um neto, duas netas e uma bisneta, e a felicidade deles é quando po­dem estar conosco. Não há limites para eles em nossa casa, além de vermos a felicidade estampada em seus semblantes.

Desde muito pequenas, quando mal balbuciavam alguns sons, os quais para nós soavam como o mais perfeito português, embora ninguém conseguisse traduzir, nós as levávamos ao parquinho e de lá saíamos como se fossemos atletas recém-completado uma maratona. Em nossa casa, a estante de livros servia de montanha para que eles escalassem, nossa cama ainda hoje é o principal pula-pula para suas acrobacias e volta e meia me pego com as pernas doendo como resultado por uma delas, eventualmente errar um salto.

Minha esposa é intimada a ensinar tricô à neta de cinco anos, fazer roupas para uma boneca de quinze centímetros da bisneta de três anos, e eu confio ao meu neto de dezessete os desenhos para ilustrar os livros que escrevo. Minha neta de oito anos visita sempre o meu “Face” e soluções para seus sérios problemas passam a ser minha ocupação até que esteja feliz, e nosso encontro é sempre um momento de felicidade e alegria.

Nosso colo é o refúgio para todos eles das “incompreensões e fúria dos pais”, e nossos ouvidos o receptáculo das mesmas reclamações que fazíamos com nossos pais pelos mesmos motivos.

Uma grande família instituída e abençoada por Deus

O Senhor em toda a Sua absoluta sabedoria instituiu a família de uma forma extensa, para que toda essa hierarquia e funções fossem naturalmente estabelecidas e felizes.

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É a família que pode desfrutar de toda essa “desorganização” divina que os netos e avós conseguem promover para que uma educação familiar possa ser completa, animada e render os frutos sociais que uma nação espera de seus filhos.

“Ensina a criança no Caminho em que deve andar, e mesmo quando for idoso não se desviará dele!” (Provérbios 22:6 – para os pais).

O Senhor, nos dias de hoje, certamente ensina aos avós esse mandamento de uma forma mais efetiva e a eles adequada: _Participa_ com a criança no caminho em que deve andar e ainda quando velho nele permanecerá.

Deixem seus pais serem os avós de seus filhos.

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Wanderley de Freitas Santos

Minhas caractersticas pessoais. Sou velejador, no momento impedido de praticar por ter sofrido um acidente e portar uma prtese. Gosto de jogar xadrez e sempre que posso o fao, tanto em jogos de mesa quanto online. Sou membro de SUD desde 1969