O privilégio e a coragem de ser um cristão de verdade
Qual a sua escolha para que a semente dos ensinamentos de Jesus cresça e dê frutos? O pedregoso, o terreno com espinhos ou o solo fértil?
Caroline Canazart
No Brasil, 166 milhões de pessoas afirmam ser cristãos. Acreditar em Jesus Cristo e em seus ensinamentos já nos qualifica como tal. Mas será que apenas crer fará de nós um verdadeiro cristão? As nossas atitudes podem ser mais esclarecedoras quanto a nossa afirmação de ser um seguidor de Jesus. Diariamente somos tentados a cair na armadilha da impaciência, do nervosismo, da intolerância, do desespero, do medo e da desonestidade. Todos comportamentos completamente contrários aos que Jesus tomou quando aqui esteve. Veja bem, Jesus não só falou em amor, serviço ao próximo ou fé em Deus. Ele demonstrou por meio de ações cada um de seus ensinamentos, que mais tarde ficaram conhecidos como os atributos cristãos.
Diferente de nós – que vez ou outra estamos tentados a passar a perna em um colega de trabalho ou a não devolver para o caixa do supermercado o troco que veio a mais, porém, afirmamos com toda convicção que somos cristãos – Jesus nunca se deixou levar pela pressão da sociedade. Foi firme em Seus ideais e não se curvou. A prova maior disso é que Ele foi ridicularizado, humilhado, açoitado e crucificado. Ele poderia, mas não deu um passo para trás.
A parábola do Semeador que encontramos no livro de Mateus, no capítulo 13, na Bíblia nos ajuda a entender melhor de que forma podemos estar mais acessíveis para nos tornar a “boa terra” onde os princípios cristãos podem ser plantados e, principalmente, darem frutos. “
Jesus ensinou-lhes então muitas coisas por meio de parábolas, como esta:
“Eis que um semeador saiu a semear. Enquanto realizava a semeadura, parte dela caiu à beira do caminho e, vindo as aves, a devoraram. Outra parte caiu em terreno rochoso, onde havia uma fina camada de terra, e logo brotou, pois o solo não era profundo. Porém, quando veio o sol, as plantas se queimaram; e por não terem raiz, secaram. Outra parte caiu entre os espinhos. Estes, ao crescer, sufocaram as plantas. Contudo, uma parte caiu em boa terra, produzindo generosa colheita, a cem, sessenta e trinta por um.”
Antes da boa terra, Jesus ensinou que existem outros solos que basicamente são as pessoas que têm dificuldade em aceitar as palavras de Cristo em sua vida. Algumas não dão ouvidos; outras até escutam, gostam, mas não conseguem se opor aos costumes que vivem; e há aqueles que aceitam os ensinamentos de Jesus, mas com o tempo ou com a pressão do mundo, acaba deixando-os de lado novamente.
Se nos atentarmos em ser apenas a terra fértil do semeador vamos dar espaço para que Jesus faça uma grande mudança em nossa vida e, assim, poderemos ser os cristãos verdadeiros que tanto estimamos.
Algumas formas de ser a “boa terra” consistem em:
1. Oração
Diariamente conversar com Deus, agradecendo e pedindo, contando as alegrias e medos, demonstra a necessidade que temos de tê-Lo em nossa vida.
2. Servir
Quando estamos preocupados em ajudar ao próximo, os nossos fardos também se tornam mais leves. Aqui o serviço pode estar direcionado a nossa própria família. Podemos servir de várias formas em casa: tendo mais paciência com os filhos, ouvindo o marido ou a esposa depois de um longo dia de trabalho, segurando o impulso de provocar uma discussão, fazendo algo especial que agrade cada um dos membros da família, são só alguns exemplos de como podemos ser cristãos com nossos familiares.
3. Escrituras
Ler as santas escrituras dá força para cada novo dia. Reforça o nosso espírito e é onde os ensinamentos de Jesus estão contidos.
4. Frequência à igreja
Estar todas as semanas na igreja fortalece o testemunho de que Jesus é o nosso Salvador. Além disso, é a alimentação espiritual que necessitamos, por meio de cada aprendizado que temos lá. Às vezes parece que é sempre a mesma coisa, mas quando estamos em sintonia com o espírito de Deus, cada palavra dita faz uma mudança em nosso interior.
5. Persistência
O esforço por fazer o que é certo a cada dia é o combustível para que o próximo dia seja ainda melhor. Ter os mandamentos de Deus como regra na vida e seguir os exemplos de Cristo, sem dúvida, nos tornam pessoas melhores. Quando decidimos seguir a Cristo, a vida não se torna mais fácil, mas se torna mais leve. Assim como Jesus, devemos seguir firmes. Não podemos dar um passo para trás e ceder à influência do mundo. Pois os mandamentos de Deus nunca mudarão e o errado sempre será errado aos olhos Dele, mesmo que a televisão ou a maioria das pessoas, por exemplo, queiram dizer o contrário.
A decisão é nossa de escolher que tipo de terreno seremos para que Jesus semeie seus ensinamentos. A semente é boa, porém, só por meio de nossas ações deixaremos ela germinar ou não.
Independente de qual religião seguimos, também temos que ter a coragem de não vacilar e de defender o que acreditamos, mesmo que fiquemos sozinhos. Um respeitado líder católico dos Estados Unidos, Charles Joseph Chaput, disse: “Quero salientar novamente a importância de vivermos o que alegamos crer. Isso precisa ser uma prioridade não só na nossa vida pessoal e familiar, mas em nossa igreja, em nossas escolhas políticas, em nossos negócios, na maneira como tratamos os pobres. Enfim, em tudo o que fazemos. (…) Nós, católicos, acreditamos que a nossa vocação é ser o fermento da sociedade. Mas há uma linha tênue em ser o fermento na sociedade e ser digerido pela sociedade”.
Se for necessário, temos de sair da zona de conforto, deixar o incômodo ou a vergonha de lado e expressar o que sentimos em relação à vida cristã que levamos. Com tolerância e respeito devemos proteger os valores cristãos que estão enraizados em nosso coração. Jesus fez um convite que é válido ainda nos dias atuais: “Vem, e segue-Me“. Quando nos tornamos verdadeiros cristãos, o convite foi aceito.
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