Os melhores presentes

"Os presentes que vêm do coração são muito mais valiosos que qualquer outra coisa que se possa comprar".

Taís Bonilha da Silva

Vivemos em uma sociedade consumista e materialista, cada dia mais se concretiza a ideia de que o “ter” vale mais do que o “ser” e em consequência disso valoriza-se muito mais as coisas em detrimento das pessoas.

Tal constatação pode trazer desânimo e desesperança para os cristãos que se preocupam com o real sentido do Natal, mas nós não podemos desistir de tentar disseminar para a comunidade em que estamos inseridos nossos valores morais.

Cada pessoa possui sua crença e devemos respeitar isso, mas há certos valores que devem prevalecer independente da denominação religiosa, para que nossas crianças possam se desenvolver enquanto cidadãos que se preocupam com as pessoas, que sabem qual o seu valor e não o seu preço.

Acredito que seja responsabilidade dos pais ensinar dentro do lar o que é mais importante, um presente ou uma atitude, uma intenção.

As crianças aprendem que devem valorizar e importar-se com as pessoas e não com as coisas dentro das paredes do lar através do exemplo de seus pais. E tal atribuição requer muito esforço e atenção, pois no mundo as crianças aprenderam exatamente o contrário.

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Em um determinado ano minha família estava passando por sérias dificuldades financeiras, e a escola de um dos meus filhos resolveu fazer um amigo secreto entre as crianças. Meu pensamento, enquanto mãe, foi de que era uma atividade de confraternização, para que as crianças se presenteassem e demonstrassem seu carinho umas para as outras, ocorre que não foi isso o que aconteceu. A atividade tornou-se uma competição de quem dava o brinquedo mais caro. Como estávamos em dificuldades financeiras, eu propus ao meu filho que nós mesmos fizéssemos o presente para a amiguinha. Fizemos uma gatinha de feltro que era, além de uma espécie de brinquedo, uma linda peça para decorar a porta. Meu filho participou da confecção e ficou muito orgulhoso de seu trabalho.

No dia de presentear os amigos, eu recebo uma ligação da escola onde a professora do meu filho me disse que estava me ligando para avisar que talvez meu filho tenha se chateado por não ter dado um brinquedo “comprado” para a amiguinha. Eu perguntei se a menina havia se sentido mal ou se decepcionado com o presente. A professora disse que a expressão não foi das melhores, mas que ela havia compreendido.

Fiquei com aquela conversa em minha mente durante toda a manhã e me senti muito mal, e quando fui buscar meu filho na escola perguntei a ele o que tinha acontecido. Quando ele deu o presente para a amiguinha, na maior inocência, característica divina inerente às crianças, me disse que nada havia acontecido, a amiguinha tinha adorado o presente.

Então percebi que quem estava incomodada de não ter sido um presente “comprado” não tinha sido a criança, e nem sequer os pais da criança, mas a professora.

Fui até a escola e expressei meu descontentamento com o tipo de valores que estavam sendo ensinados para as crianças. Disse que em meu lar meus filhos aprendiam que ainda que eles ganhassem apenas um cartão feito à mão, o que importaria era a atitude e o carinho com que aquele presente foi oferecido. A professora não se desculpou, continuou naquela posição de que deveria ter sido um presente “comprado”. Infelizmente, tratava-se mesmo de uma questão de valores, e foi com um sentimento horrível de decepção que tive que mudar meu filho de escola.

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O mundo já tem pessoas materialistas e egoístas demais, precisamos ensinar nossos filhos os atributos divinos do altruísmo e da generosidade. Depois dessa experiência tive uma conversa com meu filho e reforcei a ele o que realmente é importante, as pessoas e não as coisas.

“Os presentes que vêm do coração são muito mais valiosos que qualquer outra coisa que se possa comprar. Eles sempre requerem mais energia, preocupação e sacrifício do que os outros presentes e, portanto, significam mais tanto para quem dá como para quem recebe”. (2002)

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Taís Bonilha da Silva

Taís Bonilha da Silva, estudante de Psicologia, atua na área da Saúde Mental. Participa do Programa de Monitoria na Universidade na disciplina de Análise do Comportamento. Esposa e mãe de 2 filhos.