10 coisas que todo pai e mãe de criança com autismo precisa saber
Uma lista das principais informações que os pais de crianças com autismo precisam saber.
Marilia de Andrade Conde Aguilar
Receber o diagnóstico de autismo de um filho não é fácil. O drama na realidade tem início quando a batalha pelo diagnóstico começa.
Batalha mesmo! Porque esses pais terão que lutar contra a desinformação e falta de qualificação dos profissionais da saúde e também contra as próprias dúvidas e temores em relação ao futuro do filho.
O autismo é um transtorno do desenvolvimento que afeta, segundo pesquisas norte-americanas, 1 em cada 80 crianças. No Brasil, não temos dados atualizados sobre isso, mas acredita-se que a proporção seja a mesma.
Leia: Seu filho pode ser autista
As variações nas manifestações de comportamentos autistas são tão amplas que hoje em dia fala-se em transtorno do espectro autista. E esse espectro vai do nível mais grave (podendo ou não estar associado a atraso mental) até os níveis mais sutis (quase imperceptíveis).
Portanto, as possibilidades de uma criança diagnosticada com autismo também são muito variadas.
Com o diagnóstico precoce e as intervenções corretas é possível que a criança se desenvolva e consiga transitar do espectro grave para um mais leve, ou até mesmo para uma vida produtiva e independente.
Sendo assim, o que todo pai e mãe de criança autista precisa saber é:
1. Onde buscar informação
Como no Brasil ainda existe uma escassez muito grande de profissionais atualizados e realmente capacitados para lidar com o autismo, os pais precisam correr atrás de informações e buscar em fontes seguras.
Na internet existe muita informação valiosa e muita bobagem também! Saiba selecionar a procedência daquilo que leem.
2. A importância de incentivar a independência
Procure sempre maneiras de incentivar seu filho a realizar tarefas do dia a dia de forma autônoma, tais como se alimentar, vestir-se, usar o banheiro, tomar banho. No início, faça junto com ele, segurando nas mãozinhas dele ao executar cada movimento.
Depois permita que ele faça sozinho.
Passe tarefas domésticas de acordo com a capacidade da criança e permita que ela ajude. Isso é muito importante para o desenvolvimento psicomotor e também para autoestima.
3. Como treinar o aprendizado
Estejam sempre em contato com a escola e os terapeutas que trabalham com seu filho para que vocês saibam como reforçar o aprendizado.
Assim, se ele estiver aprendendo sobre animais, façam uma visita ao zoológico. Se estiver aprendendo sobre os números, procure maneiras de praticar esse conhecimento ao fazer uma receita de bolo, e assim por diante.
4. É preciso um tempo para o casal
Permitam-se ter tempo um para o outro. Encontrem esse tempo para conversar, passear e dedicar-se ao relacionamento de vocês.
A harmonia entre o casal é muito importante para a harmonia da família, e as pessoas com autismo são muito mais sensíveis a esse tipo de tensão do que as outras.
5. Estabelecer pelo menos uma refeição em família
A família reunida na hora da refeição é muito importante para a interação, troca de experiências, transmissão de valores. Isso reforça os laços familiares e é especialmente vantajoso para a socialização da criança com autismo.
6. Conversar com outros pais
Estabeleçam contato com outros pais de crianças com autismo para a troca de experiências, informações sobre profissionais e tratamentos ou simplesmente para desabafar com alguém que está vivendo o mesmo que vocês.
Além das associações, as redes sociais são uma ótima maneira de conhecer pessoas novas.
7. Buscar oportunidades de interação social
Uma das características mais marcantes nas pessoas com autismo é a dificuldade de interação social. Por isso é muito importante que os pais não favoreçam o isolamento.
Não deixem de participar de casamentos, festas de aniversário, eventos comemorativos na escola junto com a criança. Isso pode ser muito difícil e talvez vocês tenham que ir embora muito antes de cortarem o bolo!
Mas, é preciso buscar constantemente oportunidades para a criança estar em contato com outras pessoas além da família.
Leia: 3 tipos de atividades lúdicas para entreter crianças com autismo
8. Trabalhar em conjunto com a escola
Independente da criança estudar em uma escola regular ou de ensino especializado, sempre se coloquem à disposição para trabalharem juntos qualquer problema de aprendizado ou comportamento.
Essa parceria evita que os pais sejam comunicados somente nos momentos de crise – que muitas vezes poderiam ser evitados com uma abordagem correta.
9. Criar estratégias
Mesmo estudando e se informando, ninguém acerta sempre. Todo pai e mãe comete erros na criação dos filhos.
É comum os pais terem a sensação de que, por mais que se esforcem, não conseguem mudar determinado comportamento ou ensinar algo específico.
É muito importante que os pais tenham condições de conversar e avaliar o que está funcionando e o que precisa ser melhorado. Além de ter sempre em mente que a perseverança é a chave nesse processo de evolução da criança.
10. Procurar bons profissionais
Procure profissionais especializados e com experiência em autismo.
Uma fonoaudióloga pode ser uma excelente profissional, mas se ela não tiver uma sólida bagagem profissional com autismo, o resultado do trabalho não será tão efetivo – porque a abordagem a ser utilizada nesse tipo de paciente é totalmente diferente.
E isso se aplica a todos os outros profissionais (psicólogo, terapeuta ocupacional, psiquiatra, etc.).
Leia: Como tratar uma pessoa autista
A verdade é que a rotina da família nunca mais será a mesma. Mas, apesar disso, a partir do momento em que vocês começarem a trabalhar para compreender essa criança especial e para ajudá-la a fazer-se compreender, encontrarão juntos um novo universo de possibilidades.
E, é muito provável, que vocês cheguem à conclusão que estão aprendendo muito mais com ela, do que ela com vocês.