Autismo: realidade x superstição
Como lidar com as dificuldades, como perceber o TEA, como tratar e ajudar seu filho a viver com esta síndrome.
Fernanda Ferraz
Muito se fala sobre autismo, mas poucos realmente sabem o que é e o que acontece com crianças com a síndrome do espectro autista (TEA).
É fato que a família de uma criança autista passa por muitas dificuldades sejam as dificuldades de socialização da criança, a introspecção, o preconceito, ignorância e falta de conhecimento das pessoas, no autismo existem alguns mitos e verdades e vamos falar sobre eles, inclusive o que é o autismo e como uma criança pode vir a ser autista.
1- O que é o autismo?
Esta patologia apesar da evolução na psicologia, tecnológica e o avanço em tratamentos com medicação, tem sido um grande mistério para a medicina por sua vasta complexidade.
2- Fala
. O autista tem dificuldade em comunicar-se, expressar sentimentos e desejos como a maioria das pessoas fazem, repetem muito palavras, frases ou gestos.
3- Diagnóstico
. Hoje é possível através de exames médicos descobrir esta síndrome antes dos dois anos de idade, podem ser feitos exames para verificar os graus de autismo.
4- Mundo próprio
. Mito! As crianças e adultos autistas não criam um mundo virtual, nem imaginário e vivem nele, elas apenas encontram dificuldades para se expressarem no meio em que vivem.
5- Cegueira mental
.
Por exemplo, a criança quando vê outras crianças brincarem em sua frente, o comum é que fosse brincar também, mas por sua dificuldade de socialização, ela não tem a iniciativa de ir brincar, manter ou concluir a ação da conversa ou brincadeira, então por vezes só observa de forma distante ou demonstra desinteresse.
6- Atrasado, incapacitado
. Mito e falta de tolerância. Outro ponto que é exposto é que os autista são considerados incapacitados, isso não é verdade. Muitos autistas se desenvolvem no meio profissional, fazem faculdade e desempenham outros papéis, mas como ser-humano precisa do apoio incondicional dos familiares.
Há alguns autistas que se destacam em áreas em que se especializam, e é possível encontrar autistas que dominam tanto certas matérias que são confundidos com gênios. Alguns são capazes de decorar temas completos de que gostam, mas o mesmo pode já demonstrar bloqueio para descrever outras coisas. Por exemplo, apesar da idade adulta não conseguem descrever a localidade de onde moram ou os objetos que possuem em sua residência. Alguns autistas conseguem superar as dificuldades.
Os autistas com a síndrome de Asperger, são verbais e inteligentes.
Existe uma profissional norte-americana que já publicou diversos livros, chamada Temple Grandin que é portadora de TEA e lançou um novo livro: “Different…not Less.”
7- Autismo é transmissível?
Não.
8- Alguns sintomas
Dificuldade de relacionar-se socialmente. Dificuldades na comunicação. Risadas inapropriadas. Não olha nos olhos (dificuldade de contato visual). Aparente insensibilidade a dor- demora para ter reações imediatas ligada a dor. Prefere isolar-se. Irritabilidade ou agressividade. Inapropriada utilização de objetos. Hiperatividade ou inatividade. Resistência a mudanças. Dificuldade de aprendizagem escolar pelos métodos comuns. Não tem medo da gravidade e consequências de perigos. Repetição. Dificuldades em receber ou dar carinho. Poses incomuns. Passa longo tempo deitado no chão, as vezes totalmente inerte. Machuca-se, causando feridas corporais. Belisca o próprio corpo ou em casos mais graves se auto-mutila. Balança o corpo, anda ou corre em círculos. Repetição de movimentos. Fixação em objetos.
O quadro de autismo não é inalterável, alguns sintomas podem mudar e serem controlados, outros podem ser reduzidos e até virem a sumir.
9- Como se desenvolve o autismo?
Os motivos que causam o autismo vem sendo estudados e investigados durante anos e uma nova descoberta causou animação nos médicos da área e nas famílias dos TEA, a descoberta de que mutações em um único gene podem levar ao autismo. Essas mutações apontam para a sinapse. A sinapse é a responsável por levar informações, através dos quais o estímulo é informado de um neurônio para outro, são responsáveis por transmitir essas informações para coordenar movimentos, percepções sensoriais, aprendizados e memórias.
10- Tratamento
O tratamento do autismo vai depender de cada portador do TEA e suas capacidades.
Nas crianças. São utilizadas terapias e atividades para desenvolver a fala e a interação social, além do suporte familiar. Nos adolescentes. O tratamento é voltado para o desenvolvimento de habilidades sociais necessários para uma boa adaptação, desenvolvimento de habilidades profissionais (terapia ocupacional). Nos adultos. É desenvolvido a autonomia, através de regras e estímulos para o bom relacionamento. Sistema PECS. É um sistema baseado em figuras, associação entre a atividade/símbolos. Método TEACCH. Combina diferentes estímulos visuais e auditivos com o intuito de aflorar a comunicação verbal, e melhorar o aprendizado, reduzir comportamentos inapropriados. É utilizado neste tratamento, objetos, palavras, recipientes de cores diferentes, entre outros. Tratamentos medicamentosos. Medicamentos que atuam na dopamina e na serotonina podem ajudar a reduzir alguns sintomas como redução do comportamento agressivo ou auto-agressivo.
O sucesso dos tratamentos não dependem só dos profissionais da área, mas de todo esforço familiar, pais, avós, tios, irmãos, primos e amigos.
11- Os pais precisam cuidar-se
. É comprovado que pais e mães de portadores com TEA, tenham mais depressão que os pais de filhos sem a síndrome, o importante é cuidar tanto da mente, como do corpo, e não deixar-se abater pelas dificuldades causadas pela TEA.
O mais importante é a paciência e amor dos pais, não apenas ver as dificuldades de seu filho como um problema, e sim que dentre tantos ele foi escolhido para essa deficiência por motivos especiais, com certeza com o propósito de unir ainda mais os pais.
Por mais difícil que seja, você tem alguém muito especial e que lhe ama incondicionalmente, ainda que não consiga demonstrar completamente esse amor.
No dia 27 de dezembro de 2012 foi criado no Brasil a lei que dar proteção aos portadores do TEA. A presidente Dilma sancionou a lei 12.764, que ajuda a todos os envolvidos com a síndrome.