Como lidar com a dislexia

Dificuldade em ler e escrever pode ser sinal de dislexia. Saiba o que é esse distúrbio e o que fazer para tratá-lo adequadamente.

Fernanda Ferrari Trida

Creio que a alfabetização abre muito mais portas do que imaginamos, principalmente para o mundo mágico da literatura. Lembro-me de ter vivenciado todas as aventuras do “Sítio do Pica-Pau Amarelo” de Monteiro Lobato. Aqueles livros eram simplesmente incríveis. Que alegria ser criança!

Como mãe, não vejo a hora de meus filhos começarem a soletrar, ler e escrever, para que possam ter experiências como as minhas. Mas como o pai deles tem dislexia, procuro ficar atenta aos sinais desse distúrbio de aprendizagem que é genético e hereditário.

O que é dislexia?

Basicamente, a consciência de que todas as palavras podem ser decompostas em elementos básicos, chamados fonemas, permite que se decifre o código da leitura. Para ler, a criança deve desenvolver a visão de que as palavras podem se dividir nos fonemas e que estes compõem a palavra escrita e representam determinado som. Como mostram vários estudos científicos, tal consciência não existe nas crianças e adultos disléxicos.

Assim, a principal característica em adolescentes e adultos portadores desse distúrbio é a inabilidade de ler fluentemente. Ou seja, os indivíduos disléxicos são incapazes de ler um texto de forma rápida e precisa e com um bom entendimento.

Como lidar com a suspeita de que nosso filho possa ser disléxico?

Devemos verificar se nosso filho apresenta alguns destes sintomas:

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1) dificuldade para ler, escrever e soletrar;

2) dificuldade de entender o texto escrito;

3) dificuldade para identificar fonemas e para associá-los às letras;

4) dificuldade para cálculos matemáticos simples;

5) troca de letras, inversão, omissão ou acréscimo de letras e sílabas;

6) dificuldade de organização temporal e espacial;

7) dificuldade de coordenação motora.

Não devemos nos esquecer que muitos distúrbios de linguagem apresentam esses sintomas e não só a dislexia. Por isso é importante descartar outros fatores como déficit intelectual, disfunções ou deficiências auditivas e visuais, lesões cerebrais e desordens afetivas que possam influenciar o mau desempenho escolar.

Como diagnosticar a dislexia?

Para um diagnóstico preciso, alguns profissionais devem ser consultados: médico, psicólogo, psicopedagogo, fonoaudiólogo e neurologista. Eles ajudarão a excluir outros possíveis problemas que, muitas vezes, os pais não conseguem enxergar e, portanto, acabam por achar que o filho tem dislexia.

Dislexia tem cura?

Não. Mas tem tratamento. O importante é ficarmos atentos aos sinais que nossos filhos demonstram, diagnosticar o problema e tratá-lo o quanto antes. Assim, evitaremos que a criança sofra com bullying por não acompanhar o restante da turma na escola. O disléxico é capaz de criar novos “caminhos” cerebrais para ler e escrever e, desta forma, conseguir ter uma vida normal.

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Fernanda Ferrari Trida

Fernanda Trida é jornalista, médica veterinária, dona de casa, esposa, mãe de Marcela, com três anos, e de João, com um ano de idade.