Lidando com os amigos de seu filho que você não aprova

Criamos nossos filhos de maneira impecável, e nos preocupamos com suas amizades que ajudarão ou destruirão a influência que lhes ensinamos.

C. A. Ayres

O medo de má influência nos filhos é frequente, principalmente na adolescência. Mas é necessário que possamos ver além das aparências. Um garoto de cabelo comprido ou que tem notas baixas não necessariamente é uma influência negativa aos nossos filhos. Também precisamos ter certeza que nossos filhos não se tornem más influências para ninguém.

Coração e consciência

O que conta mais é sempre o coração e a consciência dos amigos. Nunca sua aparência, condição financeira, problemas familiares, cor da pele, religião, raça ou defeitos. Não seja tão precoce ao julgar.

Decisões necessárias

Seus filhos estão aprendendo a conhecer o mundo do jeito que ele é. Chegar e dizer que você proíbe absolutamente sua filha de ver um rapaz assim ou assado, pode ao contrário, empurrá-la a ele. Ao invés disso, tenha certeza que ela mantém as amizades atuais, as notas da escola, que permanece focada em seus sonhos, e presente nas atividades de família. Com o tempo, ela mesma verá se a amizade lhe é benéfica ou não.

Interferir com sabedoria

Isso não significa que você não deve interferir de forma alguma.

Eu sempre preferi trazer os amigos de meu filho em casa, do que vê-lo na rua com eles ou nas casas deles. Trato bem, sou praticamente considerada por muitos deles como uma segunda mãe. Converso com eles, pergunto de suas vidas, planos, sucessos e derrotas. Já aconteceu de muitos me procurarem querendo contar algo. Eu ouço, e sempre o incentivo a ir contar para os próprios pais e tento apaziguar situações.

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Ao mesmo tempo, também sou uma mãe presente. Participo dos grupos de pais e mestres, vou às atividades da escola, conheço o diretor, a secretária e a maioria dos professores. Eles sabem que meu filho não está sozinho, e que sou uma mãe presente que se importa com seu progresso. É comum dar carona aos amigos até suas casas, assim como me oferecer se tiver tempo de levá-los e buscá-los de alguma atividade.

Fazendo isso, mesmo alguns amigos que os pais não são presentes ou que até os permitem participar de atividades onde tenha álcool e outras atividades, sei que somos uma boa influência; e se continuarem, infelizmente, apesar de eu continuar tratando-os bem, meu filho é o primeiro a dizer que aquele amigo está fazendo algumas escolhas que são diferentes.

Outras situações onde pais podem interferir também:

  • Quando falarem um palavrão.

  • Quando estiverem assistindo um filme ruim.

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  • Quando matarem aula.

  • Quando beber, fumar ou usar drogas.

  • Começarem a brigar.

  • Quando a amizade for muito possessiva.

  • Quando houver depressão, carência e dependência excessiva.

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Adolescentes são extremamente leais aos amigos, geralmente não são dedos-duros, e podem se sentir na obrigação de querer ajudar um amigo com sérios problemas. Eles precisam entender e aprender a ouvir sua voz interior que sempre lhes diz quando uma situação possui alto risco e lhes trazem sentimentos duvidosos ou medo.

Quando sua interferência não é bem-vinda e causa atrito

Seu adolescente pode reagir de muitas maneiras, e entre elas, sentimentos como se você estivesse querendo lhe dar ordens, ou ficar ressentido por ter que se afastar do amigo. Nesses casos, alguns passos ajudam:

  1. Fique calmo o quanto puder, e não rebata. Ouça-o. Não dê sermão. Não brigue nem torne a conversa numa lista de acusações. Apenas deixe-o se expressar.

  2. Ajude seu filho a entender o que é uma verdadeira amizade. Faça perguntas tipo: se o amigo pode manter uma promessa, se ele estará do lado do seu filho quando ele precisar, se não o forçará a fazer algo que não queira, etc.

  3. Dê exemplos específicos e reais. Exemplo: se você está preocupado que as notas vão cair, ou que seu filho cortou amizade com tantos outros amigos, entre em detalhes e explique com exemplos. Seus filhos o ouvirão enquanto você basear suas questões em acontecimentos reais e entenderão que aquele amigo, naquele momento, está sendo uma má influência.

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  4. Lembre-os dos valores e das regras de família. Lembre-o da consequência de se quebrar as regras e fazer más escolhas e comportamento inaceitável.

  5. Lembre-o de que você é pai ou mãe. Diga claramente que está preocupada com ele, que está vendo claramente que ele tem mudado, e como mãe ou pai, é seu trabalho fazer com que você consiga cumprir suas metas.

  6. Se necessário, converse com o conselheiro da escola. Pode ajudar, e ele poderá lhe explicar de uma perspectiva profissional o que fazer. Se mudanças nas grades e horários das classes forem necessárias, ele também poderá fazer as alterações necessárias de forma a separar seu filho do outro.

  7. Apresente alternativas. Sugira uma classe extra, depois da escola, ou atividades onde seu filho possa se concentrar e aproveitar o tempo de forma produtiva.

Lembre-se que na maioria das vezes, as amizades seguirão seu curso e nada ruim acontecerá ao seu filho. Quanto mais for inclusivo e der apoio e proporcionar tentativas de entendimento ao conhecer os amigos problemáticos de seu filho, mais poder de decisão ele terá e ele mesmo aprenderá a resolver a situação.

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C. A. Ayres

C. A. Ayres é mãe, esposa, escritora e fotógrafa, pós-graduada em Jornalismo, Psicologia/Psicanálise. Visite seu website.