O que fazer quando seus enteados não lhe respeitam
Desenvolver empatia com os enteados a fim de compreender suas reações é uma forma segura de conquistar o respeito deles.
Suely Buriasco
O núcleo familiar é sempre desafiador, no entanto, famílias com enteados enfrentam situações únicas, tais como o envolvimento dos pais que são estranhos ao novo lar. Quando pai e mãe separados não conseguem se entender, transmitem grande insegurança aos filhos que, muitas vezes, pode ser manifestada pelo desrespeito ao novo cônjuge dos pais.
Compreendendo a visão do enteado
A relação com os enteados costuma ser um tanto complicada porque a maioria das crianças crê que os padrastos e as madrastas são culpados pela separação dos pais e da família. Filhos sempre torcem para que os pais fiquem juntos e, mesmo que inconscientemente, costumam se esforçar para que retomem o casamento. Compreender esse sentimento natural ajuda a estabelecer uma empatia essencial para o bom relacionamento com os enteados. No entanto, não se pode esperar que isso aconteça de uma hora para outra. A construção desse relacionamento é lenta e delicada.
Assumindo o verdadeiro papel
O relacionamento com o pai ou mãe da criança pode se tornar uma questão difícil para o novo cônjuge, principalmente porque é comum que surja algum ciúme em relação aos filhos. É importante saber dosar as responsabilidades de madrasta ou padrasto, não se colocando no lugar dos pais. A intenção pode ser boa, mas ninguém pode substituir pai e mãe e isso precisa ser deixado muito claro, inclusive para tranquilizar os ânimos de todos. A atitude educativa direta deve ser deixada para os pais, pois a eles cabe impor limites. Padrastos e madrastas devem agir de forma indireta e contida. Assim, uma forma de construir uma relação sadia com os enteados é assumir o verdadeiro papel que cabe ao novo cônjuge, dando tudo de si em favor da harmonia no lar e respeitando os sentimentos deles.
Buscando aproximação
É importante que o padrasto ou madrasta demonstrem interesse pelos enteados e suas atividades para ganhar a confiança deles. O ideal é que os enteados consigam sentir que são parte integrante dessa nova família que se formou e que ganharam mais uma pessoa para cuidar deles. Atenção e carinho sinceros são capazes de operar grande transformação, assim, é importante descobrir interesses e assuntos em comum com os enteados. Entretanto, não há como conseguir isso por pressão; nesse caminho é imprescindível respeitar o tempo e o limite da criança ou adolescente no movimento de aproximação.
Desenvolvendo o diálogo
A psicóloga Dra. Mariagrazia Marini Luwisch aconselha uma madrasta que não se sente respeitada: “Converse com seu marido e coloque de forma tranquila e calma tudo o que está a incomodar e juntos tentem definir as regras da casa e combinar algumas estratégias para conseguir educar os filhos… Só com respeito e responsabilidade é que vão conseguir viver juntos em harmonia“.
Caso todos os seus esforços no sentido de manifestar zelo não sensibilizem, pelo menos aparentemente, seus enteados, então é preciso chamá-los para uma conversa clara. Toda cortesia é necessária para que a conversa não soe como sermão. Através de um diálogo franco, gentil e educado madrastas e padrastos poderão esclarecer todos os pontos que parecem obscuros, de forma que os enteados se sintam valorizados, mudando o posicionamento.