A importância de assumir os próprios erros

Nos relacionamentos interpessoais e no ambiente de trabalho, tendemos a fugir das consequências de nossos erros negando-o, culpando outra pessoa ou simplesmente ignorando-o. Assim, nos afastamos de pessoas e prejudicamos nossa vida profissional.

Tahiana Andrade S. Borges

“Errar é humano”. É essa expressão que costumamos dizer sempre que nos pegamos diante de um erro que nós mesmos cometemos. Tendemos sempre a utilizar diferentes recursos e justificativas para tentar minimizar erros, abusando sempre de ditados populares que remetem ao fato de que “ninguém é perfeito”, “todo mundo erra”, dentre outros. Com isso, tentamos nos eximir das consequências e prejuízos decorrentes de nossos erros.

É claro que não estamos equivocados quando afirmamos categoricamente que todas as pessoas erram, mas passamos a duplicar os nossos erros ao deixar de admití-los. Isso porque, na tentativa de justificar um erro cometido, negando-o estamos errando mais uma vez, independente da situação à qual o erro esteja relacionado.

Nos relacionamentos interpessoais e no ambiente de trabalho, tendemos a fugir das consequências de nossos erros negando-os, culpando outra pessoa ou simplesmente ignorando-os. Dessa forma, tendemos a nos afastar da possibilidade de consertar o erro cometido e, principalmente, tendemos a repetir o mesmo erro outras vezes. Assim, eis algumas sugestões sobre como e por que assumir os próprios erros:

1 – Assuma para si mesmo que errou

Algumas pessoas têm dificuldade em admitir que estão erradas não apenas para outras pessoas, mas para elas mesmas. Muitas vezes, inconscientemente, o medo de ser reprovado, rejeitado ou criticado acaba interferindo no processo consciente de assumir que está errado. Dessa forma, tente buscar dentro de si situações em que foi confrontado por alguém diante de um erro seu e reflita como se sentiu na ocasião. Relembre momentos com a família ou no trabalho que te fizerem sentir desconfortável ou inferior a alguém simplesmente por ter errado. Se identificar que situações como essas são constantes e que, sempre que é questionado sobre um erro cometido, você tende a se sentir extremamente desconfortável e até chega a discussões com outras pessoas, procure ajuda de um psicólogo. Problemas de autoestima e rejeição podem estar relacionados.

2 – Admita seu erro às outras pessoas

Quando o erro de alguém nos traz consequências negativas, tendemos a questionar e a convencer ao outro de seu erro. Isso acontece porque ouvir outra pessoa assumindo que errou para conosco nos faz sentir mais confortáveis e dispostos a perdoar. Isso deve acontecer também quando a situação se inverte. Ao admitir aos outros que erramos, deixamos o orgulho de lado e nos posicionamos de forma mais humilde e mais admirável. Se você cometeu um erro grave no seu trabalho, procure o seu chefe e assuma isso. Mostre o quanto ter errado te incomodou e o quanto você está disposto a corrigir a situação e agir diferente em outras situações semelhantes.

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3 – Peça perdão

No ambiente de trabalho, podemos simplesmente pedir desculpas por nosso erro, ouvir uma bronca do chefe e do colega e tudo ficará esquecido assim que o erro for corrigido. No entanto, quando nossos erros envolvem pessoas que amamos, o pedido sincero de perdão é fundamental. Olhar a pessoa que amamos, como alguém que magoamos ou ferimos profundamente deverá nos levar a uma comoção honesta. Quando insistimos em errar várias vezes diante de uma mesma pessoa corremos o risco de perder o carinho, a confiança e a intimidade estabelecida na relação. Se não pedimos perdão, as mágoas vão se acumulando e formam uma cortina que vai gradativamente afastando as pessoas que mais gostamos.

4 – Esforce-se para corrigir as consequências de seu erro

Não basta só pedir desculpas. É preciso dedicação e esforço para consertar o estrago. Analise as possibilidades que você têm de minimizar ou, até mesmo, anular as consequências de um erro cometido. Esqueceu-se de enviar um relatório importante no prazo estabelecido? Peça um novo prazo, entregue-o antes do novo prazo estabelecido, descubra outros impactos causados por esse atraso e tente negociar pessoalmente. Deixou seus filhos esperando-o para o piquenique no feriado e acabou indo trabalhar até tarde? Desculpe-se, marque outro piquenique no final de semana ou compense com dois dias seguidos indo ao cinema. Crie formas de minimizar mágoas e prejuízos. Respeite o direito das pessoas de se chatearem com você e o fato delas esperarem que você aja diferente na próxima vez.

5 – Pense no futuro

Nenhuma dessas dicas acima valerão alguma coisa se você “pisar na bola” do mesmo jeito várias vezes. Assumir um erro e consertá-lo só será interessante se o erro for esporádico e passageiro. De nada adianta pedir desculpas aos filhos se todos os finais de semana você deixa de levá-los para um passeio porque se ocupou demais no trabalho. Organize sua agenda, reveja prioridades, preste atenção no que os outros dizem a você, anote tudo o que ouve, marcam ou pedem a você mesmo que ache que irá lembrar depois, releia seus relatórios, revise e-mails, programe datas no celular. Dessa forma você continuará errando, no entanto, os erros serão menos frequentes do que se você não se preocupar com nada disso.

Por mais que seja difícil e constrangedor admitir que você está errado, tenha em mente que se errar é humano, admitir o próprio erro é caráter.

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Tahiana Andrade S. Borges

Tahiana Andrade S. Borges é psicóloga clínica e especialista em Gestão de pessoas. É escritora free-lancer de sites e blogs, escrevendo sobre assuntos relacionados à Psicologia e Comportamento Humano.