O planeta em alerta: Zika vírus e microcefalia tornaram-se uma ameaça global à saúde
Estima-se que 3 a 4 milhões de pessoas sejam infectadas em 2016 somente em nosso continente.
Erika Strassburger
A OMS, Organização Mundial da Saúde, reuniu-se a portas fechadas neste início de fevereiro para decidir se a incidência do Zika vírus seria ou não caso de emergência mundial. Ao término da primeira reunião, foi decretado que a epidemia é, sim, uma ameaça global à saúde. A agência pediu cooperação internacional para investigar a relação entre o vírus e os casos de microcefalia.
Cenário nacional e mundial
Estima-se que desde maio de 2015 – quando houve o primeiro registro do Zika vírus no Brasil – entre 500 mil e 1,5 milhão de pessoas tenham sido infectadas. Não há como obter números precisos, já que somente 20% das pessoas infectadas apresentam os sintomas da doença. Além do mais, como os sintomas duram pouco tempo – de 2 a 7 dias – é bem provável que muitos tenham sido contaminados sem saber.
O Brasil é o número um da lista de países onde há surto do vírus, seguido pela Colômbia, que registrou mais de 20 mil casos até agora. O vírus já chegou a, pelo menos, 20 outros países e territórios neste continente e em 10 países europeus.
A OMS estima que 3 a 4 milhões de pessoas sejam contaminadas no continente americano em 2016. É um número alarmante, visto que, por enquanto, não existe tratamento para a doença e o desenvolvimento de uma vacina (incluindo a fabricação) poderia demorar, na melhor das hipóteses, até um ano e meio.
Motivos para o alerta
Embora tenha havido surtos do vírus Zika em outros países anteriormente, o Brasil entrou em alerta devido à quantidade de recém-nascidos diagnosticados com microcefalia nos últimos meses na região nordeste do país. Segundo o site de notícias do Senado, até o momento foram registrados em torno de 4 mil casos de suspeita de microcefalia no Brasil – 270 casos confirmados – sendo a maior concentração ainda na região nordeste.
Ainda que não haja comprovação de que o vírus seja responsável pelo surto de microcefalia, a suspeita é forte, já que foram encontrados vestígios do vírus no líquido amniótico de algumas mães cujos filhos nasceram com essa má formação.
Outra forma de transmissão
Sabe-se que os mosquitos Aedes, em particular o aegypti, quando infectados com o vírus, são os maiores transmissores. Mas não são os únicos. Um artigo publicado na revista científica Emerging Infectious Diseases revelou que há um potencial para a transmissão sexual do vírus.
Por conta deste risco, a Grã-Bretanha recomendou o uso de preservativos por, no mínimo, 28 dias para os homens que viajaram para locais onde há surto do vírus, cujas mulheres estão grávidas ou tentando engravidar. Os homens com suspeita de contaminação foram orientados a evitar sexo sem proteção e a, junto com suas esposas, adiar planos de gravidez por seis meses.
Levantou-se a hipótese de o vírus ser transmitido também por transfusão de sangue e pelo aleitamento materno. Mas nenhum caso de contaminação foi confirmado por esses meios até o momento.
Ameaça climática
Margaret Chan, diretora-geral da OMS, disse que “o padrão climático El Niño”, que traz chuva e calor, “deverá aumentar as populações de mosquitos em muitas áreas”. Isso poderá afetar até mesmo países com climas temperados, incluindo parte dos Estados Unidos e Europa.
Agentes de saúde estão autorizados a invadir imóveis abandonados
A presidente Dilma Rousseff emitiu uma medida provisória que autoriza agentes de saúde a invadirem imóveis abandonados, públicos e particulares, para combater focos do mosquito. Caso seja necessário, o agente poderá solicitar apoio de autoridades policiais.
O que cada cidadão pode fazer
Ainda que seja um alerta mundial, cada indivíduo pode fazer a sua parte para evitar a proliferação do vírus. No artigo Evite a epidemia em sua área: Protegendo sua casa contra o Aedes aegypti você encontrará as principais ações para proteger sua família e a sua vizinhança.
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