A crença mais maldita de todos os tempos

É uma filosofia desprezível, destrutiva que esmaga a esperança e congela seus seguidores em um lago de estagnação.

Seth Adam Smith

Este artigo foi originalmente publicado no blog “On a literal odissey” e republicado aqui com permissão do autor, traduzido e adaptado por Stael Pedrosa Metzger.

Existe uma crença popular entre todos nós, que eu acho que é puro mal, e eu não uso essa palavra de ânimo leve. É uma filosofia desprezível, destrutiva que esmaga a esperança e congela seus seguidores em um lago de estagnação. Ao invés de enobrecer e fortalecer aqueles que a abraçam, essa crença arrasta homens e mulheres para baixo. Ela estimula o isolamento, promove o medo, e perpetua o ressentimento. Ela rouba os homens e mulheres de sua força de vontade para lutar. Faz com que cedam e caiam em vez de segurarem-se de verdade e levantarem-se. Em suma, esta filosofia não é nada libertadora, mas condenatória. Como uma praga perniciosa, essa crença, se abraçada, pode retardar o nosso crescimento e limitar a nossa vida.

A crença? É esta:

Eu não posso mudar. Eu sou uma vítima das minhas circunstâncias.

No entanto, apesar de todos os seus efeitos colaterais, nos apegamos a essa crença em um grau ou outro. A fim de engoli-la mais facilmente, douramos a pílula com justificativas agradáveis e tranquilizamo-nos que esta crença vai realmente aliviar nossas dores. E por um tempo, ela o faz.

“Os congelados” por Gustave Dore da obra O Inferno de Dante

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Como o viciado que se automedica com drogas ou o alcoólatra que deixa escapar sua vida através da bebida, recorremos à vitimização para nos sentir melhores. A crença de que não somos responsáveis por nossas ações nos dá um alívio temporário, antes de cairmos mais para baixo do que antes. Essa crença é como uma navalha com cobertura de chocolate – a lâmina tem um gosto doce, mas depois de engoli-la, o chocolate vai sair de cena e a navalha será exposta. Como você pode ver, a vitimização é viciosa; arrasta e tortura seus prisioneiros. Sem saber que a crença é a única coisa que está nos prejudicando e travando, vamos continuar a culpar nada e tudo ao nosso redor, até mesmo nossos próprios corpos, mas certamente não a nós mesmos.

Ocupados com a culpa, vamos invariavelmente ignorar esta importante verdade:

Podemos não ser capazes de controlar o que nos acontece, mas podemos sempre controlar como reagimos.

Nós não somos vítimas de nossas circunstâncias. Estamos sempre livres para escolher agir e não agir. Quanto mais rápido abraçamos esta crença e aceitamos nossa responsabilidade, mais rápido vamos triunfar sobre as circunstâncias e nos tornarmos um vencedor em vez de uma vítima.

Por favor, me aponte para qualquer um na história, qualquer um que mudou o mundo para melhor, que tenha abraçado a crença de que era vítima. Os homens e mulheres que reverenciamos são os indivíduos que se recusam a serem vítimas de suas circunstâncias; que assumem a responsabilidade por como eles reagem às coisas que lhe são dadas. Ao assumir a responsabilidade por toda sua vida, esses indivíduos são capazes de transcender suas circunstâncias de uma forma mais bonita (e muitas vezes até irônica).

Winston Churchill

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Winston Churchill, o venerável primeiro-ministro que liderou a Grã-Bretanha para a vitória na Segunda Guerra Mundial, tornou-se um ícone da oratória. Suas palavras inspiraram milhões na luta contra a Alemanha nazista. Em seu primeiro discurso na Câmara dos Comuns, ele disse: “Você pergunta, qual é o nosso objetivo? Posso responder com uma só palavra. É a vitória, vitória a todo custo, vitória apesar de todo o terror, vitória, por mais longa e difícil que a estrada possa ser; pois sem vitória, não há sobrevivência.”

No entanto, antes de todo o seu sucesso ao falar, quando menino Churchill lutou com um problema de fala. Se ele tivesse acreditado ser vítima de sua circunstância, poderíamos nunca ter essa frase “a vitória apesar de todo o terror.”

Helen Keller era tanto surda quanto cega, mas conseguiu um diploma de bacharel, tornou-se uma ativista política, professora, e uma autora prolífica. Depois de realizar o que muitos consideram “impossível” Helen Keller, mais tarde, escreveu o seguinte: “O otimismo é a fé que leva à realização; nada pode ser feito sem esperança.”

Nelson Mandela, um revolucionário antiapartheid, ficou preso por 27 anos. Enquanto estava na prisão, ele memorizou o poema “Invictus”, na parte onde se lê: “Não importa o quão estreito seja o portão e quão repleta de castigos seja a sentença, eu sou o dono do meu destino, eu sou o capitão da minha alma”. Em vez de culpar as suas circunstâncias, Nelson Mandela aceitou a responsabilidade por seu destino e saiu da prisão um tipo diferente de revolucionário e um cuja atitude de perdão mudaria o mundo.

Na verdade, o mundo está pleno de indivíduos que se recusaram a serem vítimas de suas circunstâncias e escolheram em vez disso ser o vencedor em sua própria história. Conheço mulheres que foram abusadas quando crianças, mas se recusam a permanecer as vítimas de seus agressores. Em vez disso, elas oferecem esperança, ajuda e orientação para outros em situações semelhantes, e trabalham ativamente para prevenir o abuso de outras crianças. Conheço um homem que, quando era criança, foi espancado por seu pai e, eventualmente, colocado em um orfanato. Ele recusou-se a continuar a ser uma vítima da negligência e abuso de seu pai e escolheu em vez disso se tornar um marido amoroso e um pai carinhoso. Eu conheço uma menina que nasceu com paralisia cerebral, mas passou a perseguir seus sonhos e alcançou um diploma.

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Em um nível pessoal, eu sofro de depressão crônica, que pode ser muito debilitante e muito comovente. A depressão é algo que ocorre na minha família e que seria fácil (e aceitável) que eu usasse esse fator como desculpa. E por muitos anos, eu usei. Esses foram os momentos mais duros e mais difíceis da minha vida.

E é claro que eram. Porque eu estava me permitindo ser uma vítima da minha depressão. Eu tinha entregado voluntariamente toda a minha energia para essa ideia de que eu era uma vítima. Eu acreditava estar preso em uma armadilha. Por que eu não estaria infeliz?

Mas eu posso atestar de um poder maravilhoso, inexplicável, que veio a mim quando eu aceitei a plena responsabilidade por minha depressão. Sempre que eu realmente acredito ser “o mestre do meu destino, o capitão da minha alma”, então eu sou dotado de força para enfrentar meus demônios. O autor Robert Louis Stevenson disse uma vez: “Você não pode fugir de uma fraqueza; você terá que em algum momento combatê-la ou perecer; e se é assim, por que não agora, e por que não onde você está?”

Não tem sido fácil, e não foi um evento único, mas para tomar posse da minha vida valeu a pena ir à luta.

“O diabo no gelo” por Gustave Dore da obra O Inferno de Dante

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Eu chamei a filosofia de vitimização de a filosofia mais maldita de todos os tempos, eu a nomeei como mal. Eu mantenho isso. No livro O Inferno, de Dante, o Diabo encontra-se no nível mais baixo do Inferno cercado, não pelo fogo, mas por um lago de gelo. Este lago é mantido congelado pelo bater das asas de Satanás.

Para Dante, a punição de Satanás simboliza várias coisas: 1) o isolamento do Inferno, 2) o fato de que não há progressão no inferno, e 3) que o isolamento e estagnação do Inferno são de nossa própria fabricação. Por culpar a todos os outros (e mais especialmente por culpar a Deus), Satanás tem afundado para os mais baixos níveis de isolamento. Lá, pelo bater de suas próprias asas, o anjo caído permanece esmagado pelo peso de suas próprias vítimas, e atolado no lago congelado da vitimização.

Agora, nós não somos como o anjo caído do Inferno de Dante. Mas deixe-me apelar para os “melhores anjos” da sua natureza. Se você sente que a vida é um inferno, pare de bater suas asas (ou punhos) no mundo. Nem sempre podemos controlar o que nos acontece, mas podemos sempre controlar como reagimos. Abandone a ideia de que você será para sempre a vítima das coisas que acontecem com você. Escolha ser um vencedor.

Abrace essa crença e eu prometo que você vai sentir o peso da queda do Inferno caindo de seus ombros. Porque nós somos sempre livres para escolher.

E essa é a crença mais libertadora de todos os tempos.

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Seth Adam Smith

Seth Adam Smith é um leitor ávido, escritor e um homem numa odisséia literal para publicar seus livros. Aprenda mais visitando seu website.