Aprendendo a amar uma pessoa que não merece amor
Mostrar amor um ao outro é, sem dúvida, a coisa mais bonita nas interações humanas. Porém, pode ser muito desgastante para nós amar uma pessoa que não merece nosso amor.
Michael Ohene Aboagye
Não é raro ouvir pessoas reclamarem do quanto não gostam de alguém porque sentem fortemente que a pessoa não as ama. Algumas pessoas são muito mal-intencionadas ou más para despertar amor no coração dos que as rodeiam. Mas, curiosamente, é isso que o amor nos desafia a superar.
Ofertar um coração amoroso a uma pessoa que também lhe ama não é nada de mais. Na verdade, é o que se espera. A melhor demonstração de amor é a direcionada àqueles que não demonstram qualquer amor para conosco. Este é o maior chamado de amor, a que é esperado que homens e mulheres sejam fortes o bastante para retribuir. Não se deve, no entanto, iludir-se supondo que responder a este chamado seja fácil. É preciso grande força para mostrar o amor a uma pessoa que não o merece.
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Quase todas as religiões defendem essa maravilhosa virtude do amor, e toda pessoa consciente aprecia o seu significado. Transcender este entendimento é absolutamente necessário para mostrar, por nossos atos, nosso amor por aqueles a quem nós normalmente teríamos odiado. As seguintes ideias podem ser extremamente úteis para progredir nessas circunstâncias:
Devemos ter uma compreensão clara do que o amor realmente é
Depois de ler uma infinidade de definições da palavra amor, notei alguns elementos associados a ela – as palavras “incondicional”, “desinteressado” e “benevolente”. Qualquer pessoa que realmente ama alguém deve mostrar uma preocupação incondicional e desinteressada com o bem dele. Esta preocupação deve ser gentil e não buscar o lucro material de qualquer forma. Demonstrar amor a uma pessoa de quem você espera obter algum benefício é, essencialmente, servir aos próprios interesses. Uma passagem da Bíblia sintetiza perfeitamente o exposto acima:
“Mas a vós, que ouvis isso, digo: Amai aos vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam; Bendizei os que vos maldizem, e orai pelos que vos caluniam. Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra; e ao que te houver tirado a capa, nem a túnica recuses; E dá a qualquer que te pedir; e ao que tomar o que é teu, não lho tornes a pedir. E como vós quereis que os homens vos façam, da mesma maneira fazei-lhes vós também. E se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? Porque também os pecadores amam aos que os amam. E se fizerdes o bem aos que vos fazem o bem, que recompensa tereis? Porque também os pecadores fazem o mesmo. E se emprestardes àqueles de quem esperais tornar a receber, que recompensa tereis? Porque também os pecadores emprestam aos pecadores, para tornarem a receber outro tanto. Amai, pois, a vossos inimigos, e fazei o bem, e emprestai, sem nada esperardes, e será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo; porque ele é benigno até para com os ingratos e maus. (Lucas 6:27-35)
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Está claro que o verdadeiro amor é sincero, desinteressado, e completamente incondicional.
Devemos ter um coração disposto a perdoar
Compreender o amor o leva ao estágio em que você manifestará esse amor por meio de atitudes. Ao demonstrar esse amor, você deve incorporar algumas grandes virtudes. A primeira delas é ter um coração que perdoa.
Nesta fase, note que uma pessoa que não merece amor sempre se aproveitará da mínima oportunidade para lhe prejudicar, sem demonstrar qualquer remorso posterior. Lidar com uma pessoa dessas exige um coração realmente grande. Ter um coração que perdoa requer encontrar sempre uma maneira de perdoar a quem o fere e comete todo o mal contra ele.
Não é fácil, mas é a melhor maneira de responder ao mal. Henry Wheeler Shaw, um grande escritor americano do século 19, aconselha: “Não existe vingança tão completa como o perdão.” Mesmo aqueles que desejam se vingar de maus-tratos devem conscientizar-se de que a resposta é o perdão. Não há nada que irrita mais seus inimigos do que perdoá-los.
Devemos ter muita paciência
O amor insta-nos a sermos longânimos, mesmo diante dos tratamentos mais irritantes e maldosos vindos de outros. A história da natureza da paciência é interessante: A paciência é respeitada e admirada, e cada dia que perdoamos uma pessoa que nos magoa nossa força cresce e aumenta; no entanto, se decidirmos perder nossa paciência apenas um dia, e pagamos ao outro na mesma moeda, tornamos todos os momentos de paciência que tivemos no passado completamente sem sentido.
Mostrar paciência deve ser uma busca diária. É somente tendo paciência que a nossa vontade de demonstrar amor a quem não merece pode ser realizada. Certa vez, o estadista americano Benjamin Franklin observou: “O que pode ter paciência pode ter o que quiser.” Portanto, uma pessoa que não tem paciência está fadada ao fracasso em seus esforços para mostrar o amor àqueles que a feriu. Paciência, neste contexto, requer que se ature o comportamento hostil sem revidar, enquanto você estende, amorosamente, a sua mão.
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Devemos evitar fazer coisas que se inflamam o ódio
Tratamentos maldosos vindo de pessoas assim podem ser injustificáveis. Ainda assim, temos de tentar, da melhor maneira possível, minimizar ou eliminar as nossas ações que possam parecer convites para os maus-tratos. Por exemplo, se você acorda às seis da manhã para trabalhar, poderá ter de disputar o uso do banheiro. Se essa concorrência tende a gerar divergências com o outro, passe a acordar em outro horário, se puder, para evitar um confronto. Este não é um sinal de fraqueza. Pelo contrário, é um sinal de força.
Amar uma pessoa que não lhe ama exige muita força. Portanto, Mahatma Gandhi não poderia ter descrito isso melhor quando disse: “Um covarde é incapaz de exibir amor; amor é a prerrogativa do bravo.” Se conseguirmos demonstrar amor a uma pessoa que não merece nosso amor, uma grande alegria será, definitivamente, a nossa recompensa.
_Traduzido e adaptado por Erika Strassburguer do original Learning to love an unlovable person