Como deixar de julgar os outros

Importante avaliar a inabilidade em julgar os semelhantes, afastando-se de qualquer sentimento de superioridade prepotente e irreal.

Suely Buriasco

Quando nos sentirmos aptos para julgar quem quer que seja, bom pensar nesta citação de G. Eliot: “Para julgar sabiamente suponho que devemos saber como pa­recem as coisas aos que não são sábios“. Afinal, se fôssemos mesmo conhecedores da verdade seríamos os mais indicados a entender o pensamento e as razões dos outros. Mas o fato é que, como qualquer ser humano, somos falíveis e não estamos em condições de acusar ninguém.

Para afastar qualquer dúvida da nossa inabilidade para julgar observemos os seguintes itens:

1- Formar opinião

Muitas pessoas alegam que julgar é natural, pois é um processo de avaliação do ato alheio que acontece mentalmente. Isso é real, até porque esse tipo de julgamento acontece de forma espontânea; nesse sentido é muito interessante para formar opiniões próprias que facilitem o proceder na vida. Vejamos que, nesse caso, não há a intenção de acusar, humilhar ou prejudicar o outro, e sim de fazer uma análise do que seria bom ou ruim para a própria vida. Lembremos que esse tipo de apreciação é de foro íntimo, portanto não existe a necessidade de comentarmos sobre isso, o que configuraria condenação do ato alheio.

2- Ignorância das razões ocultas

Cada pessoa é um universo à parte e por mais que convivamos intimamente não a conhecemos, aliás, temos grandes dificuldades inclusive de conhecer a nós mesmos. Assim, diante de um ato alheio que consideramos errado é melhor nos furtarmos de condená-lo, lembrando que não conhecemos todo o contexto da situação e/ou a maneira como o outro vive e sente aquilo. Por trás da atitude que consideramos descabida comumente existe uma gama de sentimentos envolvidos, de razões escondidas e, quase sempre, de muita dor e sofrimento.

3- Natureza compassiva

No livro “Comunicação Não Violenta” de Marshall B. Rosenberg encontramos um profundo estudo sobre a natureza compassiva do ser humano: “Quando nos concentramos em tornar mais claro o que o outro está observando, sentindo e necessitando em vez de diagnosticar e julgar, descobrimos a profundidade da nossa própria compaixão“. A compaixão é muito diferente do sentimento de pena. Compadecer-se de alguém é preocupar-se com ele; é desejar-lhe o melhor pelo simples fato de reconhecer que todo mundo tem direito à felicidade. Desenvolvendo nossa natureza compassiva nos afastamos de qualquer tendência ao julgamento e nos colocamos a trabalhar pelo bem de todos.

Advertisement

4- O olho de quem vê

Existe um ditado popular que diz: “Quando ouço Pedro falar de Paulo sei muito mais de Pedro do que de Paulo“. Claro, porque quando falamos mostramos a nossa própria interpretação das atitudes do outro, o que nem sempre corresponderá ao que o outro fez ou desejou fazer. Dessa forma, ao condenarmos alguém estamos condenando a nós próprios; estamos enxergando defeitos que conhecemos muito bem e, não raras vezes, agimos assim para acobertá-los em nós mesmos. A energia que gastamos a apontar um erro alheio seria mais bem utilizada se a direcionássemos para observar e corrigir as nossas próprias falhas.

Jean Molière escreveu que: “Deveríamos olhar demoradamente para nós próprios antes de pensarmos em julgar os outros”. Isso é sábio!

Toma un momento para compartir ...

Suely Buriasco

Mediadora de Conflitos, educadora com MBA em Gestão Estratégica de Pessoas, apresentadora do programa Deixa Disso com dicas de relacionamentos. Dois livros publicados: “Uma fênix em Praga” e “Mediando Conflitos no Relacionamento a Dois”.