Entendendo e aprendendo a necessidade do perdão
Reflexões acerca do que é e, efetivamente, do que não é o perdão, pode ser decisivo para alcançá-lo.
Suely Buriasco
Muito se fala em relação à necessidade de perdoar. Hoje o perdão ultrapassa os ensinamentos religiosos e a ciência busca comprovar a sua eficácia tanto para evitar, como curar doenças. Algumas pessoas, de forma equivocada, estão entendendo esse movimento como uma forma de obrigação do tipo: “perdoe para se curar”; “sua doença é falta de perdão”; “você precisa perdoar para ser dessa ou daquela religião”. Afirmações que podem ser verdadeiras, mas que estão condicionadas ao perdão genuíno e nunca à obrigação de perdoar.
O que é o perdão
Esse artigo foi inspirado neste livro de Vander Luis Devidé e tem por objetivo trazer reflexões práticas em relação ao que seja realmente perdoar. Já no primeiro capítulo o autor esclarece que: “O perdão é algo incomparável de pessoa para pessoa, o mesmo podendo se dizer de sua intensidade e consequência“. Sim, porque os sentimentos humanos são únicos e não se pode padronizar nada que se refira a eles. Definir o perdão, bem como os seus efeitos e como realizá-lo é, pois, um trabalho individual que demanda muita vontade.
Entretanto, algumas noções gerais podem facilitar o caminho de quem deseja encontrar o perdão, mas não tem sabido como. Nesse sentido, Devidé define dois estágios do perdão:
1- Perdão Intelectual
É o consentimento da razão, ou seja, sabemos que temos que perdoar, porque consideramos que é uma medida inteligente e salutar. No entanto, passada a euforia provocada pela intenção do perdão nos vemos novamente sofrendo pelos mesmos motivos.
2- Perdão Emocional
É o consentimento do coração, ou seja, é a vivência do perdão. Nesse caso, não nos esquecemos do que aconteceu, mas superamos a mágoa e deixamos de sofrer pelo ocorrido.
Essa forma didática de refletir sobre o perdão é muito positiva; vejamos:
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Não define o perdão, já que o coloca como uma possibilidade individual; dessa forma, a pessoa decide sobre o que deseja perdoar.
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Define o que não é o perdão; deixando claro que não é esquecimento, muito menos uma obrigação.
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Indica um passo a passo para alcançar o perdão que se deseja: primeiro a determinação de perdoar e, depois, a vivência do perdão.
Embora tantos estudos e frases impactantes sobre a necessidade do perdão para libertar-se e alcançar a felicidade, muitas pessoas têm ainda grande dificuldade em perdoar. Buscar maior esclarecimento sobre o tema, bem como analisar os próprios limites e como ampliá-los, pode ser um elemento muito interessante para, efetivamente, vivenciar o perdão.
A razão do perdão
Importante ressaltar que entender não é aceitar e, muito menos, perdoar é ser conivente. O perdão é muito maior que isso; é entender o outro como é, dentro de suas possibilidades de ação, mas guardando a si o direito de não aceitar ou ser conivente com ele. Assim como expus no artigo 10 razões para perdoar.
A libertação é assim, consequência do aprendizado do perdão vivenciado; é a superação dos ressentimentos, inveja, mágoa e desejo de vingança. Ou, como compartilha o autor no fim do livro: “Quando chegar ao fundo do poço, chega de cavar. Pra que tentar se afundar ainda mais? É hora de voltar à superfície“.
Pense, analise e opte por ser feliz!