Uma vida feliz: A arte de apreciar a própria idade

A idade traz verdades preciosas. Não deseje voltar ao passado, mas aprecie o que você tem ganhado com a vida.

Stael Ferreira Pedrosa

Um antigo escritor da América pré-colombiana, falando a respeito de seu povo e das coisas que haviam passado disse:

“E aconteceu que (…) comecei a envelhecer (…) termino, portanto, este registro, declarando que escrevi segundo o melhor do meu conhecimento, dizendo que o tempo passou conosco e nossas vidas também passaram como um sonho, sendo nós um povo solitário e solene(…) assim, lamentamo-nos até o fim de nossos dias.”

Um lamento tão triste não apenas pela passagem do tempo, mas devido a muitas tribulações. Sabemos que a vida tem suas lutas, problemas e desafios. E, sabemos que não há nada mais democrático que o tempo. Ele passa para todos, independente da condição social ou física. Envelhecemos e morremos. Em nossos aniversários comemoramos “mais um ano de vida”. Na verdade é um contrassenso. Deveria ser “menos um ano de vida”. Pode parecer uma maneira negativa de ver a passagem do tempo, mas é fato. A cada ano contabilizamos um ano – a menos.

No entanto, não há perdas reais nesse passar dos anos. Passamos por muitas tribulações, perdemos a juventude, nossas peles se ressecam, nossos ossos, músculos e visão se enfraquecem. Parece um débito imenso. E até pode ser. Porém, ao levar-nos a juventude e saúde, a vida nos dá um tesouro valioso composto de duas joias preciosas: maturidade e sabedoria.

Boyd K. Packer compartilhou seus sentimentos sobre o passar dos anos em forma de poesia:

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“Agora 88 anos tenho, bem sei.

Os anos realmente passaram voando.

Caminhei, manquei, uma bengala usei,

E agora, de cadeira de rodas eu ando.

Estou bem satisfeito em seguir adiante,

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Deixando para trás a juventude, que vou revendo.

O que eu perderia se voltasse no tempo;

Seriam as coisas que hoje compreendo.”

Ele ilustra o que hoje sabe de uma maneira tocante: “Dentre tudo que li, ensinei e aprendi, uma das verdades mais preciosas e sagradas que tenho a oferecer é meu testemunho especial do Salvador Jesus Cristo.”

Um dos poetas que mais aprecio na língua inglesa, Henry Wadsworth longfellow, fala em seu poema “Morituri, Salutamos” de maneira emocionante sobre o anoitecer de nossas vidas e o que a velhice nos descortina: Estrelas que não vemos com a luz do dia.

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A noite está chegando; não estamos ainda

Ao cair da noite desobrigados do trabalho

Alguma coisa nos resta para fazer ou ousar;

Até mesmo a árvore mais velha algum fruto pode dar.

Porquanto a velhice é oportunidade não menor

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Do que a juventude com roupa diferente.

E, à proporção que a tarde vai morrendo,

O firmamento se nos desvela prenhe de estrelas, invisíveis à luz do dia.

A velhice pode e deve ser agradável e não apenas suportada. Como podemos apreciar o outono de nossas vidas e mesmo o fim do inverno, não apenas pela sabedoria que adquirimos mas também com alegria?

O segredo é nunca perder a fé e a esperança. Devemos viver bem cada época de nossas vidas lembrando que cada uma é única. 

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Algumas dicas

Mantenha sua saúde

Evite substâncias que degradam o organismo como álcool, fumo, cafeína, obviamente drogas de qualquer natureza, exceto as descritas por um médico e essencialmente necessárias. Pratique exercícios regularmente. Não uma vez por semana, não ocasionalmente. Pelo menos três vezes por semana – não importa qual seja sua idade combata o sedentarismo e seu corpo agradecerá. Alimente-se bem. Coma frutas, legumes, verduras, cereais integrais de preferência, carnes. Evite refrigerantes, açúcar sempre que possível, alimentos gordurosos ou com alto teor de carboidratos. Visite seu médico regularmente. Cuide dos dentes. Use filtro solar. Durma pelo menos 8 horas por noite.

Mantenha a mente ativa

Não aceite a falácia “Os idosos têm mais dificuldade de aprender”. Não é verdade. Pode-se aprender (e reter o que se aprende) em qualquer idade. Um estudo da Medical College of Georgia apontou que as pessoas mais velhas e saudáveis não têm mais dificuldade em armazenar conteúdo novo que os mais jovens. O que pode comprometer a memória são as doenças degenerativas que surgem na velhice que podem ser evitadas em sua maioria por bons hábitos alimentares e pelo exercício físico e mental regulares. Como: diabetes, hipertensão, Alzheimer e outros. Quando fazemos ou aprendemos algo novo, nossos cérebros têm que criar uma memória sobre aquilo já que ainda não existe, então ele cria novas conexões chamadas lipases que se tornam neurônios. Isso nos torna mais inteligentes e mantêm o cérebro ativo. Evita inclusive o mal de Alzheimer. Seja curioso, questione, deixe a calculadora de lado, aprenda a usar um computador e uma boa ideia é passar algum tempo com os netos aprendendo a jogar vídeo game.

Cuide de seu espírito

Para ter paz de espírito, precisamos ter paz emocional, financeira e a certeza de um relacionamento com a divindade de acordo com nossa concepção. Poupe para a velhice, para ter paz financeira. Seja alegre, tenha senso de humor, seja grato pelo que possui e pelas pessoas que o cercam, ainda que sejam não familiares, amigos, enfermeiros, ou colegas de asilo. Sendo gratos somos mais felizes. Sirva aos outros, da maneira que puder. Ao perder nossas vidas no serviço ao próximo, nos sentimos úteis e encontramos a verdadeira felicidade.

Você nunca mais voltará a ser criança, ser jovem ou velho outra vez. Nunca mais viverá a experiência de qualquer outra idade. Então viva cada uma o melhor que puder. Não pense no que já passou. Faça planos e tenha sonhos para o futuro.

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Stael Ferreira Pedrosa

Stael Ferreira Pedrosa é pedagoga, escritora free-lancer, tradutora, desenhista e artesã, ama literatura clássica brasileira e filmes de ficção científica. É mãe de dois filhos que ela considera serem a sua vida.