10 coisas que estão exterminando as famílias

O que poderia ajudar e emendar os erros cometidos na nossa sociedade é exatamente aquilo que é mais atacado - a família. Como podemos mudar isso?

João Martins

A família é o nosso porto seguro; onde nós crescemos, aprendemos, desenvolvemos a nossa personalidade. É na família que criamos os nossos primeiros laços de amor. A família é o local para onde voltamos sempre que nos sentimos mais tristes e desanimados; sabemos que é no seio da nossa família que vamos encontrar o amor e conforto que não iremos encontrar em mais nenhum lado na sociedade. Thomas Jefferson afirmou que “Os momentos mais felizes da minha vida foram aqueles, poucos, que pude passar em minha casa, com a minha família.” – acho que esta frase pode ser aplicada a todos nós.

O conceito de família, ou melhor, a verdadeira essência da família tem vindo a ser atacada, principalmente nas últimas duas/três décadas. Passamos de famílias constituídas por um pai, uma mãe, filhos, avós, tios, primos, etc., ou seja, passamos de famílias estendidas em que os membros viviam relativamente perto uns dos outros (não necessariamente na mesma casa); para um conceito de família que ficou reduzida a pai, mãe e filhos ou, como é mais frequente hoje em dia, a famílias onde apenas temos um pai ou uma mãe (solteiros ou divorciados).

Nelson Mandela disse que “O sonho de cada família é poder viver junta e feliz, num lar tranquilo e pacífico, em que os pais têm oportunidade de criar os filhos da melhor maneira possível, ou de os orientar e ajudar a escolher as suas carreiras, dando-lhes o amor e carinho que desenvolverá neles um sentimento de segurança e de autoconfiança.” Então, o que está a enfraquecer, e até destruir, as famílias da nossa sociedade? Uma pesquisa realizada pelo Synod Fathers publicada no Patheos lista 10 coisas:

1. Vida suburbana

Um fator interessante e que ditou a grande mudança que ocorreu no conceito de família. No passado, as famílias viviam em comunidades em que avós, e até tios, faziam parte dessa comunidade. Era normal o convívio com a nossa família estendida. Hoje em dia é diferente. Deixamos de viver em comunidades e passamos a ter uma vida mais isolada, onde pai, mãe e filhos vivem mais longe das suas famílias.

2. Divórcio facilitado

Este talvez seja um dos maiores fatores. Antigamente o casamento era visto como um compromisso sério e, consequentemente, o divórcio era visto como algo mau e apenas a ser usado em último caso. Hoje em dia temos casais, cada vez mais jovens, usando o divórcio como uma saída de emergência para um casamento que passa por problemas. Um trapezista que atravessa a corda sem o uso de uma rede de segurança irá fazer a travessia com mais atenção e cuidado, irá até treinar mais para ficar mais preparado. Quando já existe uma rede então o medo de cair perde-se e já não é necessária toda aquela concentração e esforço.

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3. Aumento da mobilidade

Uma família é bem mais do que apenas o pai, a mãe e os filhos; uma família envolve também os avós, os tios, os primos, etc., mas esse envolvimento está cada vez mais enfraquecido devido à mobilidade das pessoas. Hoje em dia é cada vez mais complicado encontrar o emprego junto da nossa família e isso faz com que, principalmente jovens, saiam do seio da sua família e se estabeleçam noutras cidades – longe da sua família estendida. Uma família que era composta por pai, mãe, filhos, avós, tios e primos, passou a ser constituída apenas por pai, mãe e filhos. Infelizmente, em alguns casos, ficam reduzidas a apenas mãe (ou pai) e filhos, pois um dos cônjuges teve de partir para encontrar trabalho e, assim, poder sustentar a sua família.

4. Aumento dos padrões educacionais

Este fator está ligado ao segundo. No tempo dos nossos avós, era normal um filho seguir os passos dos pais e aprender/trabalhar no emprego dos pais. Com o aumento do nível educacional, tornou-se mais fácil frequentar um curso superior e ter um diploma, o que fez com que as pessoas saíssem e procurassem empregos melhores longe de casa e das suas famílias.

5. Diminuição dos rendimentos

Existe um aumento significativo do desemprego e dos salários cada vez mais baixos. Problemas com base em dinheiro sempre foram a razão para grande parte dos desentendimentos familiares. Um ditado português diz que “Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão” -as discussões aumentam e o amor diminui, podendo um casamento acabar em divórcio. Também existe o caso em que um pai, ou mãe, tenham de sair e ir trabalhar para longe (ler ponto 2).

6. A invenção da contracepção artificial

Este sexto fator é de grande importância. Quando a ligação entre as relações sexuais e a procriação foi cortada então passamos de um ato de união entre duas pessoas que se amam e fazem o compromisso de se amarem e cuidarem uma da outra, para um simples ato recreativo, onde o prazer é o objetivo e não a união. Com isto, o casamento e a vida a dois passou para segundo plano.

7. Casamento como realização pessoal

O casamento é o compromisso onde duas pessoas prometem amar, cuidar e apoiar uma à outra. O conceito de casamento mudou e passou de algo sagrado e símbolo de um amor incondicional para se tornar um estilo de vida, onde se casa por interesses pessoais. Passamos para um conceito de “ter mais” em vez de “dar mais” (Fr. Dwight Longenecker).

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8. Aumento do feminismo e da homossexualidade

O uso destes termos serve apenas para ilustrar os lados radicais destes movimentos e não a sua generalidade. A imposição destas filosofias e a aceitação das ideologias associadas, fraturou o conceito tradicional de família. Não apenas no sentido de “pai, mãe e filhos” mas também no fato de quase obrigar as mães a sair de casa e a colocar a educação dos filhos em segundo plano, pois elas querem também ter rendimentos para as suas coisas pessoais (independência). O casamento passa de uma relação de confiança para uma relação onde o foco não são os filhos e o amor, mas sim a rede de segurança.

9. Má educação sexual

No tempo dos nossos avós, a educação sexual era ensinada com base no medo. Aos rapazes dizia-se para não se fazer, pois poderiam pegar uma doença ou arranjar problemas à moça; às moças dizia-se que elas ficariam com má reputação ou que ficariam grávidas. Com o aparecimento dos métodos contraceptivos, esse medo desaparece e já se torna mais complicado educar os jovens. Infelizmente, devido a essas dificuldades, o número de mães solteiras aumenta, o índice de abortos também aumenta e existe também um elevado número de contágios de doenças sexualmente transmissíveis. Existe mais informação, mas, infelizmente, menos educação.

10. Relatividade moral da sociedade

Uma sociedade que segue a ideologia onde todos podem fazer o que desejarem desde que não magoem os outros. Infelizmente, acabamos sempre por magoar alguém, nem que seja a nós mesmos.

Como diz Fr. Dwight Longenecker, “é impossível reverter o caminho que a sociedade percorre” mas, ironicamente, o que poderia ajudar e emendar os erros cometidos é exatamente aquilo que é mais atacado – a família.

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João Martins

João Martins é um biofísico com uma paixão pelo ensino e busca de conhecimento. Podem enviar uma mensagem ou seguir no Facebook: https://www.facebook.com/joao.martins.1401 ou no google+ https://plus.google.com/u/0/+JoaoMartinsJPM/posts