Como agir positivamente mediante a inveja de terceiros

“A inveja habita no fundo de um vale onde jamais se vê o Sol. Nenhum vento o atravessa, ali reinam a tristeza e o frio, jamais se acende o fogo .

Beth Proenca Bonilha

Conta a lenda que uma vez uma serpente começou a perseguir um vaga-lume. Este fugia rápido, com medo da feroz predadora, e a serpente nem pensava em desistir. Fugiu um dia e ela não desistia, dois dias e nada… No terceiro dia, já sem forças, o vaga-lume parou e disse à serpente:

  • Posso lhe fazer três perguntas?

  • Não costumo abrir esse precedente a ninguém, mas já que vou te devorar mesmo, pode perguntar…

  • Pertenço a sua cadeia alimentar?

  • Não.

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  • Eu te fiz algum mal?

  • Não

  • Então, por que você quer acabar comigo?

  • Por que não suporto ver você brilhar…

Este conto de autor desconhecido nos remete a uma reflexão bastante interessante e muito necessária em nosso dia a dia, sejam nos relacionamentos sociais ou profissionais, infelizmente até mesmo entre familiares podem-se ver pessoas que se dizem amigas, mas o que desejam em seu íntimo é não ver você brilhar, ter sucesso e vencer na vida.

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O sentimento de inveja é algo que o ser humano carrega dentro de si com a justificativa de autopreservação, achando que se o outro tem algo que não se tem é porque está perdendo algo.

Cobra ou vaga-lume

Em todos os lugares e classes sociais existem “cobras” e “vaga-lumes”. Além do que, em algum momento de nossa vida, estaremos representando um destes papéis.

Por isso é importante identificar qual destes personagens você está sendo em determinado momento de sua vida. Observe seu comportamento diante das seguintes situações:

  • Quando um colega de trabalho que acaba de terminar a pós recebe uma promoção, como você se sente? Sinceramente feliz por ele, ou pensa “Puxa, bem que eu merecia uma promoção também”.

  • Seu vizinho compra uma televisão de 51 polegadas, quando você fica sabendo o que passa em sua mente? “Como ele conseguiu dinheiro para tal compra?” ou “Que bom, ele sabe mesmo organizar suas finanças por isso tem tido cada vez mais sucesso”.

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  • Seu cunhado vai comemorar o aniversário de casamento com uma viagem pela Europa. Qual é o seu pensamento? “Ele só fez isso para me colocar para baixo, pois sabe que eu não poderei fazer o mesmo!” ou “Desejo que façam ótima viagem e que seja a primeira de muitas outras”.

São pequenos exemplos de como pensa uma pessoa “cobra” ou uma pessoa “vaga-lume”. A cobra não se sente bem ou feliz ao ver o outro, seja ele amigo, colega ou parente, se dando bem, aproveitando os resultados de seus esforços, pois julga que não mereça o que está recebendo de benefício, mesmo sem ter feito os mesmos esforços que ele, a pessoa do tipo “cobra” vai desejar que o outro não possuísse o que ele não possui.

Cuidado! A cobra pode não perceber, mas ao apagar a luz do vaga-lume, sua atitude não mudará sua condição nem a de sua vítima, pois outros virão brilhar sobre ela e por mais que ela os mate nunca brilhará como um vaga-lume. Sua atenção estará voltada para um foco inútil e sem objetivo deixando-a vulnerável aos predadores e armadilhas pelo caminho.

Observe à sua volta

Se perceber que está vivendo como uma pessoa “vaga-lume”, olhe bem a seu redor para identificar as “cobras” e assim poder se afastar delas o máximo possível. É importante saber que você nunca deve deixar de agir como um vaga-lume só porque existem cobras querendo que você deixe de brilhar. Lembre-se de que deixar de brilhar não fará com que a cobra deixe de ser cobra, portanto brilhe, mas brilhe consciente de que deve estar atento e pronto para se defender.

O escritor e poeta romano Ovídio em sua obra Epistulae ex Ponto (Cartas ao Mar Negro) faz uma descrição de como realmente vive uma pessoa invejosa, sentimento próprio de uma pessoa ”cobra”:

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“A inveja habita no fundo de um vale onde jamais se vê o Sol. Nenhum vento o atravessa, ali reinam a tristeza e o frio, jamais se acende o fogo, há sempre trevas espessas. Assiste aos sucessos dos homens e este espetáculo a corrói; ao dilacerar os outros, ela se dilacera a si mesma, e este é seu suplício”.

Acredito que ninguém queira viver a descrição que Ovídio faz sobre ser invejoso, por isso aceite sua condição, deixe brilhar quem tiver condições para tal, una-se aos que brilham para aumentar sua luz e assim aprender a conviver e ser feliz com a claridade alheia até que possa ter a própria.

_Nota do Editor: Uma cobra não pode transformar-se em vagalume, mas, na realidade, uma pessoa que age como “cobra”, pode, mais cedo ou mais tarde, inspirar-se pela luz de uma pessoa que age como “vagalume”. Portanto, pessoas “vagalume”: Deixem brilhar sua luz com humildade, sutileza e amizade dando seu exemplo para que as outras pessoas sintam o desejo de descobrirem a luz que elas próprias possuem. Pode ser que a pessoa que esteja agindo como “cobra” esteja precisando somente disso: de alguém que a inspire e ilumine._

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Beth Proenca Bonilha

Graduada em Administração de Empresas com MBA em Empreendedorismo. Casada mãe de 6 filhos, avó de 2 netos. Atua profissionalmente como Analista Instrutora da Educação Empreendedora no SEBRAE - SP. Como hobby gosta de artesanato, música e leitu