Coisas que você nunca deve dizer a alguém com estresse pós-traumático
O estresse do dia provoca sentimentos de cansaço e desânimo. Isso é normal e nada como um bom descanso para nos renovar. Entretanto, há quem sofreu violência ou a presenciou, e que precisa de tratamento.
Roberta Preto
William Shakespeare disse: “Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente.”
Por causa da violência, o estresse pós-traumático está entre os fatores negativos que tem aumentado cada vez mais em todo o mundo, provocando traumas e aumentando silenciosamente o número de vítimas, impactando tanto a vida de quem sofre quanto a de quem presencia um ato de brutalidade.
Pessoas que são vítimas desses atos, acabam por adquirir um transtorno psicológico, devido a situações de extremo estresse, ameaças ou catástrofes de longo ou curto prazo. Algumas pessoas, com ajuda de profissionais e da família, conseguem se recuperar em pouco tempo, já outras, presas ao sofrimento da situação vivida ou pela dificuldade de expor sua dor, levam anos e nem sempre encontram a cura. A culpa não é delas, cada ser humano possui uma forma de reagir e de se recuperar desses infortúnios.
Leia: Como vencer o trauma de um abuso sexual
Em países como os EUA, os que mais sofrem são soldados que retornam aos seus lares com traumas da guerra. No Brasil, as pessoas sofrem devido a queimaduras, enchentes, abuso sexual infantil, sequestros, estupros e mulheres que sofrem violência doméstica. Esses tipos de violências tornam as pessoas depressivas, ansiosas e inseguras. O pânico e o medo as encurralam de uma forma tão dura, que elas perdem o controle de suas vidas. Ao dormir, os atos de violência se repetem, provocando insônias. E, durante o dia, os pensamentos e lembranças do ato ressurgem em suas mentes por meses. E ainda há casos de pessoas que carregam essa dor por anos. O problema para essas pessoas é ter que reviver os momentos de violência da qual foram vítimas, algumas também desenvolvem a síndrome do pânico. Há aqueles que sofrem modificações na personalidade, como um meio de esquecer a violência sofrida.
Leia: Como se livrar de um trauma de infância
Essas pessoas precisam de apoio, tratamento e compreensão. Portanto, nunca se deve dizer a elas coisas como:
Como foi o incidente?
A pessoa que está em tratamento, se esforça para esquecer o episódio e por mais que você seja o parente ou melhor amigo, cabe somente aos profissionais especializados falarem com a vítima sobre o pior dia da vida dela. Se você ama ou tem muita afinidade por ela, terá o respeito de não reavivar nela uma lembrança tão triste. Pode ser que a pessoa, depois de um longo tempo, se encontre preparada para abordar o assunto e cabe a você esperar com paciência que ela sinta confiança para se abrir. Há muitas coisas bacanas para serem ditas, mas se não houver o que dizer é melhor não dizer nada, só a sua presença será o bastante para ela não se sentir sozinha.
Eu penso que você está exagerando
Todos nós somos diferentes diante de várias situações: um pode ser mais forte, outro pode se desesperar e há aqueles que até perdem todo o sentido e ficam paralisados diante do perigo. Então, não temos o direito de julgar a maneira como as pessoas lidam com suas dores, talvez a dor dela possa ser maior que a sua e ela carece de mais paciência e bondade.
Você é louco
Nunca chame a pessoa de louca. Essa pessoa pode estar doente mentalmente e só precisa de alguém que acredite nela. Os traumas que ela vivenciou, seja na infância ou na vida adulta, pode ter sido tão cruéis que fez dela a pessoa que ela é hoje. Essa pessoa pode estar gritando por socorro. Deixar as críticas de lado e estender as mãos é tudo o que ela precisa.
Afaste-se de mim
A pessoa, vítima da violência, precisa ser acolhida e ajudada. Isolá-la e ignorá-la só aumentará o sofrimento de quem muito já sofreu. Ninguém escolhe sofrer abusos ou sofrer atentados. Essas pessoas merecem toda ajuda e amor que possam ser oferecidos e só assim elas encontrarão forças para saírem da escuridão que se encontram.
Leia também: Ajudando alguém com depressão