Relacionamentos descartáveis: Qual prazo de validade que escolheu para seu casamento?

No dia do seu casamento qual foi sua decisão? Até quando prometeu permanecer ao lado do seu cônjuge? Não se deixe levar pela "era do descartável".

Cibele Carvalho

“Manter a dança a dois é quase tão difícil quanto encontrar alguém para subir ao palco” (autor desconhecido).

Vivemos na era dos descartáveis. Assim que algo fica gasto, quebre, surja algo mais moderno, ou pelo simples fato de cansarmos daquele objeto, nós o jogamos fora e substituímos por algo mais atualizado, mais novo, ou mais brilhante.

Infelizmente, em nosso mundo atual, não estamos fazendo isso apenas com celulares, roupas e carros, fazemos tragicamente com nossos relacionamentos.

Estatísticas alarmantes e preocupantes declaradas pelo IBGE indicam que em uma década o divórcio no Brasil cresceu mais de 160%, em 2004 foram registrados 130,5 mil divórcios, havendo um salto gigantesco para 341,1 mil divórcios registrados no ano de 2014.

Esses dados registram um acréscimo também na taxa percentual por habitantes que passou de 0,44 por mil habitantes (2004) para 2,41 por mil habitantes (2014) de pessoas divorciadas.

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Leia: Razões para evitar o divórcio

Seu casamento perante à sociedade

Você está prestes a se casar e a sociedade pronta para lhe separar. Frases grosseiras são normalmente ditas aos noivos ou recém-casados; “Game Over“, ou “Está amarrado“, entre outras que desejam declarar que o casamento tira a liberdade dos cônjuges e os coloca em algo ruim.

Inúmeras músicas atuais declaram que a vida de solteiro é uma maravilha, cheia de farras, festas e mulheres. Filmes, séries e, infelizmente, até desenhos animados mostram que o comum e correto é a separação. Pessoas que se viram muito bem ou até melhor sozinhas.

Seu casamento perante à lei brasileira

Conforme indicam os juristas, as leis precisam se adaptar aos costumes sociais que mudam, portanto, desde o ano de 2010 no Brasil houve (sob minha opinião), uma facilitação forçada do divórcio. Nossa Constituição prevê que não há mais necessidade de processos judiciais (para alguns casos, claro, não todos), um casal pode separar-se do outro apenas assinando um acordo e homologando o mesmo em um cartório.

Extinguiu-se também os prazos existentes anteriormente para propositura de ações de separação, que antes levavam as pessoas a ter mais tempo para pensar. Hoje, no auge das emoções, muitos podem com a ajuda da justiça encerrar seus casamentos com facilidade e depois se arrependerem com essa mesma facilidade.

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Leia: Avaliando três motivos reais para um divórcio

Seu casamento perante Deus e seus convênios

Encontramos na Bíblia as seguintes palavras: “O homem deixará a seu pai e a sua mãe, para se unir com a sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne” (Marcos 10:8). Essa admoestação nos ensina que quando casamos precisamos nos esforçar ao máximo para tornar nossos desejos, vontades, sonhos, realizações unidos, unos.

Continuando ainda no seguinte versículo bíblico aprendemos: “(…) que ninguém separe o que Deus uniu” (Marcos 10:9), ou seja, acreditamos que Deus não espera que os homens usem seus dons e poderes para efetuar separações e divórcios.

Quando nos casamos, fazemos promessas perante um altar e especialmente perante Deus e muitas testemunhas. Assas promessas não são apenas um para o outro, são convênios que fazemos que nenhum outro tipo de contrato escrito pode desfazê-los.

Seu casamento perante suas escolhas

Perceba que o casamento não é apenas aquele contrato assinado em cartório, mas sim uma constante promessa de evolução que você precisará estar disposto a enfrentar; precisa estar disposto a ceder quando necessário; precisa decidir diariamente inverter suas prioridades a fim de valorizar seu cônjuge; precisa desprender-se do seu eu, seu consumismo, seu materialismo, seu egoísmo e optar pelo outro.

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Por isso se você pretende escolher seu casamento ao invés de um celular, certamente precisará reciclar seus conceitos, renovar suas virtudes, descartar alguns sérios defeitos, mudar por esse amor que sente pelo seu cônjuge. Ame-o mais do que sua bicicleta, ou seu carro, ou seu emprego.

Leia: 3 escolhas que podem consertar um relacionamento destruído

Qual o prazo de validade que você escolheu para seu casamento?

Uma jovem declarou que seu casamento estava com os dias contados, isso exatamente no dia do seu evento. Ela disse: “Estou me casando, mas se eu passar em algum concurso que estou fazendo e meu marido fizer qualquer impedimento, me separo e pronto, minha carreira é o que escolhi”.

Quais são as escolhas que estamos fazendo diariamente que tornam nosso casamento eterno ou imortal? Será que preferimos uma vida cheia de bens materiais do que cheia de momentos felizes em família?

Até que dia pretendo estar ao lado do meu cônjuge?

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Qual é o tipo de valor real que estou dando às pessoas que eu amo? Valem menos que dinheiro?

Que possamos pensar em nossas escolhas diárias que realizamos desde que acordamos, que nossos instintos naturais e humanos referentes ao cuidado um com o outro possam prevalecer sobre o materialismo; que nosso espírito, e nossa fé sejam acrescidos e assim possamos como nossos antepassados de outrora faziam, aprender que podemos consertar as coisas (ou os relacionamentos) ao invés de simplesmente descartá-los e jogar fora.

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Cibele Carvalho

Bacharel em Direito, Mediadora e Conciliadora de Família, realiza palestras para noivos e recém-casados sobre relacionamentos, especialista em Psicologia Jurídica, esposa, mãe e genealogista.