Todos nós somos ciumentos?

Todos nós estamos sujeitos a ter ciúmes. Se alguém fala que não tem ciúmes de nada, é porque não está analisando bem a situação.

Luiz Higino Polito

A maioria de nós gosta de pensar que não tem ciúmes – pelo menos não muito ciúmes! Mas isso será mesmo verdade?

O que é o ciúme?

O dicionário nos esclarece melhor o que é o ciúme: “Receio ou despeito de certos afetos alheios não serem exclusivamente para nós. Inveja. Receio.”

E o escritor e jornalista Karl Kraus, diz, jocosamente, que “O ciúme é um latido que atrai os ladrões”.

Mas ciúme não tem a ver só com relacionamentos amorosos entre homem e mulher.

Um dos mais antigos casos de ciúme foi o de Caim, que matou Abel, e depois Caim foi amaldiçoado por isso.

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Aliás, sempre sobra alguma ”maldição” para quem não consegue controlar o seu ciúme, seja do que for, e faz alguma coisa que não deve. O ciúme é um sentimento forte, mas deve ser controlado para que não se transforme numa ação indesejada.

O ciúme pode nos levar a fazer coisas das quais nos arrependemos amargamente depois.

Roland Barthes, um escritor que se reconhece ciumento, disse algo muito interessante: “Como homem ciumento eu sofro quatro vezes: por ser ciumento, por me culpar por ser assim, por temer que meu ciúme prejudique o outro, por me deixar levar por uma banalidade; eu sofro por ser excluído, por ser agressivo, por ser louco e por ser comum.”

Leia: É normal sentir ciúme?

Outros tipos de ciúme

Conforme vimos no dicionário, a inveja pode estar muito ligada ao ciúme.

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E também pode estar ligado à vaidade pessoal, pois muita gente sente-se verdadeiramente enciumada, quando pensa que está sendo “passada para trás”. Depois de mais de 20 anos no meio de músicos e artistas, de várias áreas, que não eram famosos, vi muita inveja e muito ciúme nesse meio.

Faço uma ideia então de como deve ser a ciumeira entre os artistas famosos!

Em público, como eu sempre vi, um artista elogiava o outro efusivamente, para logo em seguida criticá-lo duramente em particular.

O ciúme tem também muito a ver com o egoísmo.

Quanto maior se tornar o ego de uma pessoa, mais “estrela” ela se sentirá e mais ciúme poderá ter, se ela pensar que alguma coisa ou alguém pode estar ameaçando seu “estrelado”.

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Na verdade, isto é uma grande bobagem, porque nas artes, há lugar e espaço para todos, pois todos são diferentes, e deveríamos ser mais altruístas, e ficarmos felizes com o sucesso de todos os nossos amigos, conhecidos e desconhecidos.

Cada um de nós pode contribuir de forma diferente, mesmo que estejamos cantando a mesma música, escrevendo a respeito do mesmo assunto ou discursando sobre o mesmo tema.

Homens e mulheres sentem ciúmes

Que mãe não sente uma pontada de ciúme (ou simplesmente pensar nisso, se seu filho for pequeno), ao ver seu filho que ela criou o melhor que pôde, com tanto sacrifício, se derretendo aos beijos e abraços com uma outra mulher, que para seu filho eventualmente passará a ser tão ou mais importante que sua mãe, um dia? Que pai não tem um “balanço no coração” ao ver sua “filhinha” (que já pode ter até 25 anos de idade) com outro marmanjo, que para ela passará eventualmente a ser o principal homem de sua vida?

As crianças têm ciúmes de seus brinquedos.

Os filhos têm ciúmes de seus pais.

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Os animais também demonstram ciúmes de seus donos, agressivamente.

Existe solução para o ciúme?

Como para todos os sentimentos fortes, precisamos dominar o ciúme que parece doer mais no coração, do que na mente.

A pontada do ciúme que nós sentimos no peito, é na mente que deverá ser controlada, sob pena de fazermos o que não devemos.

Com muita força de vontade, podemos vencer o ciúme. Nem sempre é fácil, mas é possível, certamente.

Henry Longfellow nos dá uma bela lição quando diz que “O ciúme tem as suas raízes mais no egoísmo do que no amor.”

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Podemos depreender de Longfellow que precisamos amar mais e sermos menos egoístas, para que o ciúme não nos consuma e nem nos destrua.

O ciúme exagerado pode até chegar ao noticiário policial, e o “pequeno” ciúme pode desmanchar grandes amizades, pode pôr a perder sucessos por nós conquistados e sofrermos muito a ponto de até ficarmos doentes.

No bom artigo de Lidiane Franqui, “Como superar o ciúme”, a autora diz que “Quando alguém acredita que tem a posse de outra pessoa, ela passa a acorrentá-la em sentimentos ruins. A cumplicidade desaparece e a harmonia também. Veja o outro como ‘parceiro’ e não como ‘propriedade’. Tendo essa consciência será mais fácil combater o ciúme”.

A terapeuta Erica Aidar, em um outro artigo, fornece muitos e bons conselhos para se controlar o ciúme, entre eles: “Não alimente o ciúme: existem pessoas que, para sentirem-se amadas, acabam provocando o parceiro como se a cena de ciúme fosse uma prova de amor. Isso pode ocorrer de forma até inconsciente, por isso, é importante checar se você não alimenta a insegurança dele reforçando tal comportamento em seu companheiro.”

Finalizando: Evitemos ser ciumentos, o mais que pudermos. Ciúme dói no peito, às vezes de forma quase insuportável. Em casos extremos é melhor buscar ajuda de algum profissional, se for necessário.

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Em casos corriqueiros, vamos tentar controlar o ciúme o melhor que pudermos, para o bem de nossa saúde física, emocional e mental.

Leia: 5 dicas para dominar o ciúme

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Luiz Higino Polito

Casado, pai de três filhos e avô de quatro netos, estudei oratória e didática. Gosto muito de escrever. Profissionalmente, sou músico e tenho um Sebo Virtual, onde vivo com minha esposa e cercado de livros!