O filho favorito dos seus pais

"Ter um filho favorito não é uma violação de um código moral. Um pai não é igual a uma mãe. E um filho não é igual ao outro." Ellen Libby, psicóloga.

Michele Coronetti

Pergunte para qualquer mãe ou pai e eles negarão “até debaixo d’água” que possuem um filho favorito. Mas essa preferência é perfeitamente normal e humana, apesar de todo peso cultural de que pais não devam ter nenhum preferido.

Esclarecendo os fatos para que pais e mães não se sintam constrangidos, estudiosos dizem se tratar não de favoritismo, mas de afinidade natural. E isso não tem nada a ver com o amor naturalmente sentido por todos eles.

O amor a um filho nasce assim que a gravidez é descoberta. A espera pelo nascimento, a preparação para sua chegada e as dores e incômodos sentidos só aumentam ainda mais o amor e abnegação pela criança que está chegando. A entrega total para que o bebê tenha suas necessidades atendidas também contribuem para o aumento do amor. E isso pode ocorrer com pais e mães, dependendo do compromisso assumido por cada um.

Já a preferência pode ocorrer pelo primeiro filho, afinal é o início de tudo, as experiências novas ocorreram com ele. Ou pode não ter sido uma boa experiência e o segundo filho consertou toda a dor. Na verdade, pode ocorrer com qualquer dos filhos dependendo das suas características, necessidades, ou do afeto devolvido aos pais. A escolha pelo filho predileto pode ser consciente ou não, pode ser algo que transcende a existência humana ou mudar de tempos em tempos para outro filho. Tudo perfeitamente natural.

Estudos realizados na Universidade da Califórnia com mais de trezentas famílias norte-americanas indicaram que 65% das mães tinham como favorito um dos filhos e entre os pais a taxa foi maior ainda, 70%. Isso mesmo, estes pais assumiram que tinham uma preferência entre seus filhos.

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É muito comum encontrar crianças e adolescentes que insistem que sua mãe ou seu pai, ou ambos, preferem um irmão seu. Pelos presentes que recebem, pela atenção ou até por se preocuparem mais com um deles. Ter uma conversa franca com ele, explicando que seu irmão tem alguma necessidade especial e precisa de mais atenção pode ajudar, sempre declarando que também os amam. Um outro estudo feito na Universidade de Illinois, EUA, mostrou que 75% dos filhos reconheceram que um irmão tinha mais atenção dos pais e entenderam que isso era necessário, sem se sentirem diminuídos por isso.

Algumas formas de evitar o sentimento de favoritismo:

  1. Permitir que todos tenham seu espaço para conversar sozinhos com os pais ou em família. Não ignorar quando um deles começa um diálogo e se começou no meio de uma outra conversa, pedir para esperar um pouco e não esquecer de lhe dar atenção depois na mesma medida que foi dada ao outro locutor. Leia: 4 tipos de reuniões familiares e como elas podem fortalecer sua família

  2. Respeitar as opiniões de cada um. Isso não inclui tolerar quebras de regras da família ou leis.

  3. Não ceder à pressão psicológica dos filhos para conseguirem algo ou terem mais que os outros.

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  4. Apesar das necessidades serem únicas, os critérios e regras devem ser os mesmos a todos. Se a regra é não chupar bala antes do almoço, deve valer de forma igual entre eles. Enganam-se os pais que acreditam que conseguem dar algo a mais para um dos filhos de forma “escondida”. Eles percebem e se ofendem.

  5. Gratificações também precisam ser de forma igualitária. Privilegiar um deles porque algo foi mais difícil desequilibra o conceito de igualdade que os pais tentam passar.

Ter um filho favorito, ou melhor, ter maior afinidade com um dos filhos é natural e passível de compreensão. Mas amar a todos os filhos e manter o equilíbrio no lar é dever de todos os pais e mães.

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Michele Coronetti

Michele Coronetti é secretária, mãe de seis lindos filhos, gosta de cultura e pesquisas genealógicas.