Meu filho tem 6 anos e não sabe o alfabeto, devo me preocupar?

Se seu filho já está com 6 anos e ainda não conhece o alfabeto, há algumas coisas que você precisa saber.

Stael Ferreira Pedrosa

Não é novidade que os pais costumam ficar ansiosos em todas as fases do desenvolvimento dos filhos e não seria diferente com a alfabetização. Mas, é bom ficar ciente que ansiedade só atrapalha. Por isso os pais devem respirar fundo e tomar conhecimento de alguns fatos em relação ao processo de aprendizado.

Quando?

Essa é uma questão que divide os profissionais da educação, psicologia e sociologia. Baseado nas teorias piagetiana e de Waldorf sobre o desenvolvimento infantil, estabeleceu-se anos atrás que o ideal é que a criança comece a aprender aos 7 anos de idade, o que para muitos é um conceito atrasado, já que o ser humano aprende desde que nasce e que a leitura é um conceito filosófico. A criança lê o mundo, lê as expressões da mãe, lê o comportamento do adulto, enfim, ela faz uma leitura do mundo em que vive e do que é socialmente aceito, entre outros conceitos bem antes dessa idade e que, portanto, tem capacidade de aprender a ler e escrever mais cedo.

Saber se uma criança está pronta ou não para assimilar o conhecimento dos caracteres escritos, das letras e seus sons e significados é mais complexo que parece, primeiro porque cada criança tem um ritmo próprio de crescimento e assimilação do conhecimento. Ainda há que se levar em conta se não há um motivo para um atraso no aprendizado da leitura escrita como dislexia, autismo, síndromes diversas, entre outros.

Se não há um impedimento físico e/ou neurológico, é comum a criança começar a aprender o alfabeto por volta dos 3 anos de idade, o que, claro, não é regra. Geralmente depende do ambiente familiar e do estímulo de pré-alfabetização que a criança recebe.

Não é porque o filho da sua vizinha já lê e escreve aos 5 anos de idade que o seu filho que tem 6 e não sabe o alfabeto esteja com algum problema. Ele ainda está dentro do parâmetro da normalidade, mas já necessita de um olhar diferenciado, tendo em vista que ele deve estar alfabetizado aos 8 anos de idade de acordo com o último Plano Nacional de Educação (PNE).

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O que os pais podem fazer?

  • Não demonstrar ansiedade. A carga da ansiedade dos pais acaba por cair sobre os ombros da criança que se sente incapaz ou inferior.

  • Estimular. Ninguém se interessa pela leitura ou se desinteressa sem uma razão. Criar nas crianças o desejo de ler pode ser um passo importante para o aprendizado delas. Se os pais leem, as crianças terão o desejo de saber decifrar o que tem guardado dentro das letras de um livro ou revista.

  • Não comparar. Não é porque as outras crianças estão lendo ou escrevendo que seu filho deva ser comparado a elas. Comparar é inútil e improdutivo, além de ter um efeito negativo sobre a autoestima da criança. Frases como: “O Pedrinho já lê uma página inteira”, causa na criança sentimentos que criarão uma condição desfavorável ao aprendizado.

  • Conversar com os professores. Às vezes o que os pais consideram como um atraso no aprendizado não significa o mesmo para os profissionais da educação. Somente eles podem dizer se seu filho tem ou não um atraso anormal no aprendizado.

  • Apoiar. O apoio dos pais é fundamental no processo de aprendizagem, por isso mostre-se disposto a ajudar e apoiar o seu filho. Ajude quando solicitado e ouça o que ele tem a dizer. Isso é mais importante do que se preocupar se ele está igual aos demais ou não.

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E se houver um problema?

Se seu filho apresentar um problema neurológico ainda assim é possível ele desenvolver-se dentro do que é esperado para cada caso. Crianças com dislexia podem até ser presidentes como George Bush, ex-presidente dos Estados Unidos. Einstein aprendeu a ler com 9 anos de idade, Thomas Edison era considerado retardado na escola. Messi tem autismo, Bill Gates e Charles Darwin estão dentro do espectro autista.

São muitas as possibilidades para qualquer criança. Seja ela um gênio, uma criança comum, uma criança com problemas do desenvolvimento global, todas devem ser estimuladas, apreciadas e acima de tudo amadas.

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Stael Ferreira Pedrosa

Stael Ferreira Pedrosa é pedagoga, escritora free-lancer, tradutora, desenhista e artesã, ama literatura clássica brasileira e filmes de ficção científica. É mãe de dois filhos que ela considera serem a sua vida.