Parto normal depois de cesárea: é possível?

Vale o risco de tentar um parto normal depois de uma cesariana? Descubra se essa é uma boa opção e o que pode ser feito para que isso seja possível.

Michele Coronetti

Normalmente quando o assunto é parto as mulheres me chamam para saber a minha opinião e história, perguntam se foram todos partos naturais ou se tive alguma cesárea. E quando elas descobrem que eu tive um parto normal após uma cesariana o assunto fica mais interessante.

Sim, é possível ter um parto normal após uma cesárea, mas exige cuidados e avaliação médica. Uma pesquisa revelou que entre 144 mil mulheres que tiveram a primeira cesariana entre 2004 e 2011, 52% delas tentaram o parto normal e 63% foram bem-sucedidas.

As chances de sucesso no parto normal pós cesariana são grandes e estão sendo cada vez mais incentivadas para as parturientes. No meu caso foi fácil saber que eu conseguiria realizar um parto normal depois da cesárea porque eu já havia tido partos normais antes. Cada caso será examinado e avaliado pelo médico que acompanha a gestação e pelo profissional que fará o parto.

Alguns cuidados devem ser tomados caso a mãe deseje que seu próximo parto não seja outra cesariana:

  • É recomendado aguardar ao menos 2 anos entre o parto anterior e o próximo para que a cicatrização seja completa e não ofereça riscos de ruptura durante o parto normal.

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  • A condição que tornou necessária a opção pela cesárea será considerada a fim de saber se o próximo parto pode ser vaginal.

  • A maneira como a cesárea foi realizada também será determinante para a opção do próximo parto, pois algumas situações de emergência e hemorragias anteriores podem não ser favoráveis.

  • O parto precisa iniciar-se sozinho, não podendo haver a indução por ocitocina.

  • O profissional escolhido para auxiliar o parto precisa estar ciente da cesárea anterior e permanecer atento à evolução do parto e se realmente ficará tudo bem com a mãe e o bebê.

Ao final da minha quarta gestação entrei em trabalho de parto e me dirigi ao hospital. Mas, ao receber atendimento foi constatado um rompimento de placenta e eu estava com hemorragia. Uma cesárea de emergência foi necessária. Minha filha e eu fomos salvas por esse procedimento cirúrgico. Minha próxima filha nasceu de parto normal 3 anos e um mês depois. Não houve riscos e o parto foi realizado a contento, com total acompanhamento do obstetra.

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O Brasil é conhecido pelo grande número de cesáreas desnecessárias. A preocupação com isso fez com que a Agência Nacional de Saúde instituísse novas regras para os partos realizados no país. Mais de 50% deles são por cesariana. Quando os números são contados apenas na rede privada, eles sobem para 84%. A Organização Mundial da Saúde recomenda que este número mude para 15% no máximo. Em países desenvolvidos como a Holanda, apenas 10% dos partos são cirúrgicos.

Artigos acadêmicos no American Journal of Obstetrics and Ginecology mostraram que o parto normal é mais seguro para a mãe e o bebê, sendo que em cesáreas as mães morrem até 10 vezes mais e os bebês até 11 vezes. Em seus artigos eles incentivam a prática do parto vaginal que garante maior chance de vida às parturientes e seus filhos.

Trazer um filho para a vida é algo grandioso e todo cuidado é necessário. Acompanhamento médico durante a gestação é importante para o sucesso durante o parto. A escolha da mãe quanto à forma de dar à luz e o conhecimento profissional de quem auxilia no parto são fundamentais para que o difícil momento se torne em sucesso e felicidade.

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Michele Coronetti

Michele Coronetti é secretária, mãe de seis lindos filhos, gosta de cultura e pesquisas genealógicas.