Cortar carboidrato da alimentação pode afetar seu cérebro

Dietas surgem mais e mais a cada dia, algumas realmente muito boas, outras que parecem loucura. Veja aqui a relação entre o que você come e a saúde do seu cérebro.

Stael Ferreira Pedrosa

Desde os anos 70 com o lançamento do livro “A Dieta Revolucionária do Dr. Atkins” escrito pelo médico Robert C. Atkins, que as dietas com drástica redução dos carboidratos têm sido alvo de elogios e críticas.

Esse tipo de dieta consiste basicamente em cortar ou suprimir os carboidratos e ingerir calorias advindas de gordura animal, proteínas em grande quantidade e alguns vegetais de baixíssimo teor de carboidratos como folhas, tomate, berinjela, etc., em pequenas quantidades para estimular a cetose – elevada queima de gorduras. A dieta Atkins deu origem às dietas Low carb, Dukan e Paleolítica.

Além de dividir médicos e nutricionistas, as dietas com redução ou mesmo ausência de carboidratos (abaixo de 2 gramas diários), não caem no esquecimento porque realmente funcionam. Elas dão energia, emagrecem, favorecem os músculos, a pele e o colesterol, entre outros benefícios.

Se as dietas com drástica redução de carboidratos são tão boas, então onde está o problema?

No cérebro. O cérebro se alimenta de glicose, que é a unidade básica do grupo dos carboidratos (glicose, frutose e galactose). A glicose é um carboidrato simples utilizado pelo corpo como combustível. Na falta dos carboidratos, o organismo age como se estivesse em jejum e libera o glucagon, hormônio responsável pela mobilização das reservas de açúcar no fígado e músculos e queima da gordura corporal para servir de combustível. Com isso ocorre a cetose e o emagrecimento é rápido.

Advertisement

Nesse caso, o resultado da queima de gordura – os corpos cetônicos, não são glicose e não alimentam corretamente o cérebro, deixando-o em constante estado de alerta, o que segundo Erikah Azzevedo do grupo Atkins em gotas, causa distúrbios do sono, irritabilidade, mau humor e agitação. No entanto, os defensores das dietas de redução de carboidrato vêm contestando essa informação, partindo do princípio de que o homem primitivo não tinha acesso aos carboidratos, já que era nômade e não plantava, alimentava-se da caça, frutos silvestres, raízes e o que encontrasse pelo caminho. Alguns grupos que ainda existem, como os esquimós também vivem em dietas de restrição de carboidratos e não têm problemas cerebrais, afirmam os lowcarbs.

Mas, e o açúcar? Não faz mal ao cérebro?

Pesquisas recentes têm relacionado o açúcar (carboidrato simples) a problemas mentais como por exemplo o Alzheimer. De acordo com pesquisadores da Universidade da Califórnia, a reação em cérebros de ratos com uso constante de açúcar, mostrou que a memória e a capacidade de aprender foram reduzidas além de terem a velocidade de resposta a estímulos diminuída.

Já outros especialistas dizem que o problema não está no carboidrato, mas no glúten presente em alimentos de alto índice carbônico como pães, biscoitos e qualquer alimento produzido com farinha de trigo ou aveia.

Afinal, o carboidrato é vilão ou não?

O carboidrato não é vilão e nem mocinho quando se trata de alimentação. A diferença está na quantidade e no tipo de carboidrato.

Carboidratos simples como: açúcar, mel, balas, arroz branco, pães e biscoitos preparados com farinha branca e refinada, refrigerantes, etc., não fazem falta na dieta e podem ser eliminados sem problemas. E caso sejam usados em excesso trarão problemas não só para o cérebro – como sonolência, dificuldade de concentração, diminuição da capacidade cognitiva e memorização, depressão e demência, como também, obesidade, diabetes, problemas cardíacos, etc.

Advertisement

Já os carboidratos complexos podem e devem fazer parte da dieta. Eles são digeridos lentamente e por isso não causam picos de glicose no sangue como os carboidratos simples. Além disso, contêm vitaminas, minerais e fibras. Fazem parte desse grupo os grãos integrais, frutas fibrosas e com baixo teor de açúcar, sementes, legumes, verduras, raízes (como a batata doce) e tubérculos.

Conclusão

O ser humano é onívoro, ou seja, não tem um único tipo de alimento ideal. Por isso, quanto mais natural e primitivo o alimento, melhor. Não devemos privar o organismo dos alimentos essenciais e nem exagerar no consumo de qualquer alimento. A temperança é o caminho. Para ter boa saúde, use os alimentos com moderação, variados e o mais natural possível, sem açúcar e aditivos químicos e somente quando sentir fome. Esqueça o conselho de comer de três em três horas. A fome é um indicador natural de que é hora de comer.

Toma un momento para compartir ...

Stael Ferreira Pedrosa

Stael Ferreira Pedrosa é pedagoga, escritora free-lancer, tradutora, desenhista e artesã, ama literatura clássica brasileira e filmes de ficção científica. É mãe de dois filhos que ela considera serem a sua vida.