Como lidar com um cônjuge que não respeita suas crenças religiosas
Reflexões sobre a importância do respeito das crenças religiosas nas relações amorosas e como alcançá-lo através da firmeza dos princípios e da fé.
Suely Buriasco
Respeito é o elemento fundamental no casamento, até porque onde não há respeito, não há entendimento e muito menos harmonia. O ideal é que esse tipo de incompatibilidade seja resolvido antes do casamento, mas infelizmente o mais comum é que os nubentes protelem a situação para depois da efetivação do casamento.
Intolerância
No livro “Mediando Conflitos no relacionamento a dois”, trato das questões mais comuns que envolvem a intolerância no casamento e uma delas é a religiosa: “As diferenças religiosas, infelizmente, ainda causam graves conflitos nos relacionamentos, principalmente em relação à educação religiosa dos filhos“. A intolerância não pode ser alimentada pela aceitação servil, também não se pode combatê-la no mesmo nível; duas pessoas intolerantes jamais chegarão a um acordo. Nesse sentido é importante que se tenha em mente que um não pode obrigar o outro à conversão; esse é um processo que se faz na intimidade do ser. Portanto, responder à intolerância com tolerância e mansuetude é atitude sábia, pois a maneira como um cônjuge lida com o outro é fundamental para a saúde da relação.
Renúncia
Quando um cônjuge desrespeita as crenças religiosas do outro a situação é muito difícil, pois forma-se um impasse: quem deverá ceder? Mesmo que encontrem um consenso, pode resultar em muitos sentimentos dolorosos como culpa, rejeição e dor. Assim, não se pode decidir pela renúncia sem genuína certeza de que conseguirá manter-se bem da mesma forma. A renúncia no casamento é uma ação benéfica quando praticada por ambos os cônjuges, dessa forma ceder não pode ser fruto do servilismo e da humilhação. Os valores de cada um fazem parte de suas personalidades e devem ser sempre considerados. Insira princípios que você crê nos contextos do dia a dia; isso fará com que seu cônjuge observe que sua crença vive em você.
Diálogo
Entendimento se faz através da conversa amiga e desprovida de acusações, queixas e cobranças. É assim que se deve esclarecer ao cônjuge sobre os sentimentos em relação à crença religiosa e a importância dela para a própria vida. É importante procurar falar de sentimentos e usar de muita afetividade para facilitar a flexibilidade do cônjuge. Também não se pode transformar o diálogo numa pregação, quem quer ser respeitado, primeiramente, tem que dar o exemplo. Outro ponto muito importante que exigirá muita paciência e diálogo é sobre como vão educar os filhos, afinal o casal deve estar alinhado de preferência antes mesmo que o filho nasça. Nesse sentido, muitos casais ensinam as duas religiões e deixam a criança escolher qual seguir quando tiver maturidade para isso. Havendo respeito, o entendimento acontece.
Fé
Não se pode ser íntegro sem viver em verdade, sem ser e praticar o que se acredita e ter fé nisso. Por isso uma pessoa de fé segue firme em seus princípios, testemunhando os próprios valores na vida. Administrar uma situação de incompatibilidade não é tarefa fácil, mas é possível, principalmente quando, pelo menos um dos cônjuges, compreende que no fundo toda religião fala de amor, de equilíbrio e fé. E é essa concepção que pode transformar a resistência do cônjuge intolerante, agindo com firmeza e benevolência será possível demonstrar que religião não pode ser um obstáculo para a felicidade no casamento, muito pelo contrário.