Cuidado: coração partido pode matar!

Morrer por ter o coração partido ou de desgosto pode acontecer a qualquer pessoa. Saiba se você corre o risco.

Michele Coronetti

Ainda lembro muito claramente de uma história dos seus antepassados que minha mãe contou. Era sobre sua bisavó e seu bisavô, a quem ela teve o privilégio de conhecer na infância. Eles tinham vivido juntos por muitos anos e eram muito ligados um ao outro. Naquela época, em uma cidade do interior da serra gaúcha, as doenças eram muito raras e as pessoas viviam muito tempo, chegando a passar dos 100 anos.

Ela contou que eles eram muito amorosos um com o outro e gostavam de estar sempre juntos. Ele cuidava dela com uma atenção extrema e ela retribuía da melhor forma. Todos os solteiros que os conheciam desejavam encontrar um amor como o deles.

Então, o dia chegou em que ela adoeceu e veio a falecer. A tristeza entre todos os familiares não foi tão grande quanto a que seu marido enfrentou. Ele não falava mais, não queria se alimentar, a vida perdeu todo o sentido. Ele faleceu cerca de dois meses depois. Todos diziam que ele morreu de coração partido.

Quando eu era criança essa história me marcou muito e eu pensava em como os antigos acreditavam em coisas que não faziam sentido, afinal, ninguém morre de coração partido ou de tristeza. Hoje já existe a comprovação que a Síndrome do Coração Partido é grave e fatal em muitos casos. Também conhecida por Cardiomiopatia Takotsubo, ela pode ser provocada por um fator estressante como a morte de um ente querido, separação conjugal ou perda significativa de algo de muito valor para a pessoa.

O coração humano está muito mais ligado aos sentimentos do que as pessoas imaginam. Segundo o Dr. Pastore, a morte por desgosto ou por coração partido realmente existe e estudos médicos a comprovam. Quando a pessoa passa por períodos de estresse, hormônios são liberados no organismo que podem causar depressão e alterações cardíacas.

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Falando ainda sobre o assunto, o doutor explica que as pessoas que passam por essa situação estressante não sentem desejo de se exercitar ou de se alimentar adequadamente e ainda acabam piorando os vícios, aumentando a ingestão das substâncias ilícitas. Isso tudo contribui para desfavorecer o organismo, especialmente no fator cardíaco.

Segundo pesquisas, as mulheres são mais afetadas pela Síndrome do coração partido que os homens. Os sintomas incluem dor no peito e dificuldade para respirar. Palpitações, suor excessivo, tonturas e aumento da pressão arterial podem se manifestar, especialmente no momento de maior estresse.

Nos dias de hoje é mais raro morrer desta cardiomiopatia. Médicos já estão cientes de que, mesmo que os sintomas apontem para uma parada cardíaca e não havendo nenhuma obstrução venal, eles podem estar relacionados a esta síndrome e tratam cuidadosamente para reverter o quadro. Exames de raio X mostram uma anomalia no ventrículo esquerdo, normalmente vinculada ao diagnóstico da síndrome. Alguns dias de cuidados em um hospital e a pessoa pode se recuperar. O cuidado de amigos e parentes ajuda na melhora.

O lidar correto com os sentimentos, especialmente em casos de perda de entes queridos, abandono do cônjuge ou outra situação de grande impacto, evita a síndrome do coração partido. O apego a outros familiares, como filhos dependentes, ajuda na busca da cura.

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Michele Coronetti

Michele Coronetti é secretária, mãe de seis lindos filhos, gosta de cultura e pesquisas genealógicas.