A ciência descobriu como o peso dos pais pode afetar o desenvolvimento da criança

Obesidade é conhecidamente uma doença que traz comorbidades e risco de vida. Pesquisas indicam que seus efeitos podem ir além dos limites do próprio corpo.

Stael Ferreira Pedrosa

Como se não bastasse todo o mal que a obesidade causa ao próprio obeso, pesquisas indicam que além do paciente a obesidade pode afetar o desenvolvimento dos filhos. Cientistas do Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano (NIHD) Eunice Kennedy Shriver, encontraram evidências de que filhos de pais obesos podem estar em risco de apresentarem atrasos no desenvolvimento.

Especializados em desenvolvimento fetal e infantil, saúde materna, infantil e familiar, biologia reprodutiva ligada a questões populacionais e reabilitação médica, o Instituto conta com diversos pesquisadores de variadas áreas da saúde familiar e pública.

Estes pesquisadores descobriram que filhos de mães obesas estão mais propensos a falhar em testes de habilidade motora fina – como a capacidade de controlar os movimentos dos pequenos músculos dos dedos e mãos. Quando o obeso é o pai, os filhos tendem a falhar nas habilidades sociais. Quando ambos os pais são muito obesos, os filhos mostraram maior dificuldades ou não conseguiram mostrar capacidade em resolução de problemas.

O pai

A relevância do estudo reside no fato de que cerca de 1 em cada 5 mulheres grávidas nos Estados Unidos está com sobrepeso ou obesidade, o que é nocivo à gestação. No entanto, os estudos vão além das mães.

Segundo a Dr. Edwina Yeung, pesquisadora em Saúde Pública do referido Instituto, “Os estudos anteriores nos EUA nesta área têm se concentrado no peso das mães antes e durante a gravidez. Nosso estudo é um dos poucos que também inclui informações sobre os pais, e os nossos resultados sugerem que o peso do pai também tem influência significativa sobre o desenvolvimento da criança.”

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Não há muita informação disponível sobre os potenciais efeitos da obesidade paterna no desenvolvimento infantil. Os autores sugerem através dos resultados (ainda não confirmados) que a obesidade afeta os gens trazidos no esperma. Caso esta teoria se confirme, os investigadores aconselham aos médicos considerarem também o peso do pai quando da investigação de atrasos motores ou cognitivos em crianças pequenas.

Filhos de pais obesos x filhos de pais com peso normal

Mais de 5.000 mulheres foram alistadas na pesquisa quando estavam por volta do 4º mês do pós-parto no estado de Nova Iorque, entre os anos de 2008 e 2010. As mães responderam a questionários e os filhos foram submetidos a testes preliminares para detecção de possíveis problemas. Aqueles que apresentaram algum risco foram encaminhados para testes mais investigativos.

As crianças fizeram os testes aos 4 meses e os repetiram por mais 6 vezes até a idade de 3 anos. Comparando os resultados para filhos de mães obesas e mães de peso normal, observou-se que:

  • As crianças de mães obesas falharam cerca de 70% mais que os filhos de mães com peso normal

  • Crianças de pais obesos falharam cerca de 75% nas habilidades sociais e interações com outras crianças de mesma idade.

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  • Crianças que ambos os pais são obesos falharam 3 vezes mais na capacidade de solucionar problemas.

Embora as causas ainda não estejam suficientemente esclarecidas, estudos em animais têm mostrado que a obesidade materna tem origem fisiológica – causa inflamação orgânica que atinge o cérebro do feto, já a paterna está na carga genética presente no espermatozoide.

Obesidade na gravidez

Quer se confirme ou não o estudo acima, o fato é que a obesidade é perniciosa em seus efeitos e principalmente na gravidez. A grávida obesa está em severos riscos e pode apresentar má nutrição, hipertensão arterial, diabetes gestacional, necessidade de parto prematuro por cesariana, envelhecimento da placenta, complicações pré e pós-parto como eclampsia, malformação fetal e problemas cardíacos no recém-nascido.

Por isso é importante a gravidez ser planejada também se tendo em vista o peso corporal da mãe. O melhor é emagrecer antes e manter o peso durante a gestação. A mãe que já está acima do peso não precisa engordar durante a gravidez e pode fazer exercícios leves como caminhada e hidroginástica que ajudam no controle do peso.

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Stael Ferreira Pedrosa

Stael Ferreira Pedrosa é pedagoga, escritora free-lancer, tradutora, desenhista e artesã, ama literatura clássica brasileira e filmes de ficção científica. É mãe de dois filhos que ela considera serem a sua vida.