Mulher alega que talco da Johnson & Johnson foi o causador do seu câncer de ovário
Ela processou a marca e acaba de receber US$ 417 milhões de indenização.
Stael Ferreira Pedrosa
A Johnson & Johnson vem enfrentando milhares de ações judiciais referentes ao potencial cancerígeno de seus produtos, especialmente produtos à base de talco e recentemente foi condenada a pagar a maior indenização já paga por uma empresa farmacêutica e de produtos de higiene – 417 milhões de dólares – algo em torno de 1 bilhão e 300 milhões de reais.
Segundo a Reuters, foi a maior quantia já deferida na série de ações judiciais contra o talco Johnson & Johnson.
A vítima é uma mulher de 63 anos de idade chamada Eva Echeverria, que usou o talco de bebê Johnson & Johnson em sua higiene íntima por mais de 50 anos. Eva desenvolveu câncer de ovário incurável e atualmente se encontra hospitalizada. Mesmo tendo o câncer, Eva continuou a usar o talco porque não sabia ser ele a causa da doença. Só veio a saber em 2016, já com 10 anos de tratamento, após assistir ao relato de uma mulher que também tinha câncer como ela e era também usuária do talco.
O júri de Los Angeles, Califórnia, deu ganho de causa aos advogados de Eva, por concordar que havia ligação entre o câncer e o uso de produtos da Johnson & Johnson contendo talco e a responsabilidade da empresa por não avisar do risco que os usuários estão expostos, e deferiu sua ação, condenando a empresa a pagar a quantia de 70 milhões em compensação por danos e US347 milhões como punição na segunda-feira.
Reincidência
Não foi a primeira ação milionária em que a Johnson & Johnson é condenada. Em maio, um júri do estado de Missouri, também nos EUA, sentenciou a empresa a pagar 110,5 milhões de dólares a uma mulher de 62 anos de idade diagnosticada com câncer de ovário após o uso por muitos anos dos produtos à base de talco.
No ano passado a Johnson & Johnson pagou 300 milhões de dólares em 3 ações movidas contra a empresa.
De acordo com o advogado de Eva, o objetivo maior da sua cliente que está morrendo devido ao câncer, certamente não é desfrutar da quantia paga, embora fosse seu pleno direito, o que ela deseja é que a punição à empresa possa obrigar a Johnson & Johnson a rotular claramente os seus produtos com as advertências necessárias para que as mulheres possam ter o direito de escolher se querem ou não correr tal risco.
Sobre isso, Mark Robinson, um dos advogados de Eva, disse à Associated Press “ela realmente não quer simpatia. Ela só quer deixar uma mensagem às outras mulheres.”
O que diz a Johnson & Johnson?
Sendo processada atualmente por cerca de 5 mil reclamações similares, a empresa enfrenta sérios problemas de credibilidade. Ainda que não haja uma evidência científica definitiva ligando o talco ao câncer a American Cancer Society diz que “alguns estudos têm sugerido um ligeiro aumento no risco de câncer de ovário entre as mulheres que usaram talco em sua área genital”.
A empresa, em comunicado, disse que embora se solidarize com as mulheres impactadas pelo devastador diagnóstico de câncer de ovário, vai recorrer da sentença, pois, segundo a Johnson, a ciência é que guia sua produção e não existem provas científicas ligando o câncer ao talco de bebê, e que a adição de amido de milho, usado como substituto à base de talco, não está associado a qualquer tipo de câncer.