Como aprender a controlar menos e viver mais

Ter o controle de tudo é humanamente impossível. Então, pare de tentar fazer o impossível e viva antes que seja tarde demais para entender que o tempo não volta mais.

Marcia Denardi

A vida é uma jornada bastante desafiadora. Comentário trivial demais? Pode ser, mas é também uma das verdades mais absolutas e incontestáveis. As pessoas quase sempre passam grande parte da vida buscando um sentido para ela, enxergando os problemas e tentando mudar o que não está certo, o que, embora não seja de todo o ruim, pode fazer com que o que for bom não seja aproveitado e o tempo passe depressa e seja desperdiçado demais.

Autocobrança e a depressão

O mundo está demasiadamente exigente, tão exigente que não há a menor possibilidade de atingirmos todos os ideais que ele nos impõe. Aliás, será que é uma boa ideia tentar ser o que a sociedade espera de nós? Nesse patamar de competição e necessidade desenfreada de se encaixar no modelo ideal do mundo, está cada vez mais comum a depressão, doença, que embora seja banalizada por muitos, pode ser devastadora se não for tratada.

Um dos grandes problemas que enfraquecem emocionalmente algumas pessoas ao ponto de elas adoecerem é o excesso de autocobrança em paralelo com a cobrança externa. Com a necessidade descomedida de serem “perfeitas” em tudo, essas pessoas acreditam que nada pode dar errado em sua vida, ou que elas devem conseguir cumprir todas as metas. O problema é que o mundo não enxerga cada pessoa como um indivíduo particular, todas devem seguir o mesmo padrão. Quer um exemplo?

  • O direito das mulheres é um assunto que está em alta há várias décadas. As mulheres hoje têm os mesmos direitos que os homens e podem trabalhar, votar, reivindicar em pé de igualdade com o sexo masculino. Por conta dessa luta, hoje grande parte das mulheres está conquistando seu espaço no mercado de trabalho, lutando para serem reconhecidas de igual para igual. Isso é ótimo! Mas, embora em menor número, ainda existem mulheres que não pretendem conquistar o mercado de trabalho, mas desejam ser donas-de-casa e mães de tempo integral. Preferem seguir o antigo modelo de feminilidade e estar em casa quando os filhos chegarem da escola, mesmo que para isso, tenham que depender financeiramente de seus maridos. Muitas delas não admitem isso e vão trabalhar fora, mas passam a vida inteira frustradas com medo de serem taxadas de obsoletas, preguiçosas e fracas. Acredite isso é comum.

Essa é apenas uma situação entre várias que fazem com que muitas pessoas deixem de seguir seus objetivos porque eles não se encaixam com os da maioria. E são muitas as pessoas que fazem coisas que não gostam com medo da opinião alheia. Com tudo isso vem a frustração, a tristeza, o sentimento de incapacidade e de inferioridade.

Ter o controle de tudo

Abrir mão das coisas não é nada simples. Mas às vezes é necessário. O perfeccionismo pode ser um veneno para o bem-estar emocional. Na cabeça do perfeccionista nada pode dar errado, tudo tem que estar em perfeita ordem e harmonia. Por isso, na maioria das vezes não delega compromissos, primeiro, porque acredita que ninguém pode fazer as coisas tão bem feitas como ele próprio, segundo por não admitir o fato de que não é capaz de fazer tudo. O problema é que ninguém consegue ter o controle de tudo, e, no fim, por maiores que sejam os esforços, muitas vezes, nenhuma das coisas pretendidas sai benfeita, aumentando a frustração e os sentimentos de fracasso.

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Ciclo inacabável

As situações descritas acima não permitem que as pessoas vivam plenamente, pois elas se preocupam demais em fazer as coisas perfeitamente ou para agradar os outros. Passam a vida dessa forma se não fazem nada para reverter à situação e aos poucos adoecem, deixando de aproveitar as coisas boas. Algumas percebem tarde demais e, tendo desperdiçado boa parte de sua vida, dão-se conta de que deveriam ter sido mais felizes e ter aproveitado mais os bons momentos e ignorados os maus.

O educador Jeffrey R. Holland disse o seguinte para aqueles que estão enfrentando problemas emocionais:

“A fim de prevenir a doença, sempre que possível, estejam atentos aos indicadores de estresse em sua própria vida e na de outros que vocês possam ajudar. Assim como fazem com seu carro, estejam alertas à elevação de temperatura, ao excesso de velocidade e ao baixo nível de combustível no tanque. Quando enfrentarem uma “depressão por exaustão”, façam os ajustes necessários. A fadiga é nosso inimigo comum — portanto, diminuam o ritmo, revigorem-se e reabasteçam. Os médicos nos garantem que, se não reservarmos um tempo para nos sentirmos bem, sem dúvida depois teremos que despender tempo passando mal.”

Se você está percebendo que algo está deixando você mais para baixo do que lhe fazendo bem, avalie a necessidade de tomar algumas atitudes para mudar sua percepção das coisas e passar a ser mais feliz.

  • Procure ajuda de alguém de confiança, de preferência que seja profissional para tratar do problema.

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  • Busque delegar tarefas que outras pessoas possam fazer. E procure aceitar a maneira dela de fazer essas coisas. Entenda que nem sempre é uma questão de ser melhor ou pior, mas apenas diferente.

  • Faça uma força para não dar tanta importância a coisas que se deterioram com o tempo, ou que ficam bagunçadas mesmo que você arrume, principalmente se você divide o espaço com outras pessoas, em especial, com crianças. O que não significa que você não deva cuidar das coisas ou ensinar os outros a cuidar, mas apenas procure ser mais tolerante a pequenas bagunças e sujeiras que voltarão logo depois que você as tirar de lá.

  • Procure fazer o que você gosta. Se você é obrigado a fazer algo que não é exatamente o que você quer, pelo menos procure fazer coisas que são de seu agrado mesmo que seja como hobbieou como segunda opção.

  • Tenha momentos de distração e os aproveite ao máximo, tentando tirar da cabeça suas preocupações. Sei que não é fácil, mas com a ajuda de um profissional é possível.

  • E o mais importante, segundo as palavras do líder espiritual Thomas S. Monson às mulheres, tenha a certeza de que “seu Pai Celestial as ama — ama a cada uma de vocês. Esse amor nunca muda. Não é influenciado por sua aparência, por suas posses ou pela quantia de dinheiro que vocês têm em sua conta bancária. Não muda por causa de seus talentos ou de sua capacidade. Ele simplesmente está lá. Está lá para vocês quando estiverem tristes ou felizes, desanimadas ou esperançosas. O amor de Deus está lá para vocês, quer sintam que o mereçam ou não. Ele está sempre lá, simples assim.”

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Marcia Denardi

Márcia Denardi é jornalista, musicista e uma mãe e esposa loucamente apaixonada pelos filhos e pelo marido. Tem como objetivo profissional usar a informação para fortalecer as famílias. Curta a fan page www.facebook.com/blogmarciadenardi.