Pais-helicópteros estão criando filhos inempregáveis

Pais-helicópteros levam a crer que muitas vezes a melhor forma de estar presente na vida dos filhos, é não estar.

Stael Ferreira Pedrosa

Marcia Sirota é uma psiquiatra, palestrante e coaching, que utiliza o termo “pais-helicópteros” para definir aquele tipo de pais que “estão sempre girando em torno dos filhos” para protegê-los e acabam por criar jovens com dificuldades tanto para o trabalho quanto para a vida.

São pais bem-intencionados que acham que estão fazendo o melhor para seus filhos, mas que na verdade estão sendo altamente prejudiciais ao seu desenvolvimento como pessoa e como profissional.

Como agem os pais-helicópteros

Na infância

Nunca deixam os filhos fazer nada por medo de que se machuquem. Andam atrás deles limpando suas sujeiras, organizando suas bagunças e consertando o que estragam. Assim, a criança não aprende sobre escolhas e consequências bem como a cuidar de si e de seu ambiente.

Acham que os professores perseguem seus pimpolhos ou os sobrecarregam com trabalhos e exercícios. Costumam inclusive ir à escola brigar com professores devido ao baixo desempenho estudantil do filho.

Jamais ensinam tolerância, aceitação de diferenças e imperfeições, cortesia, igualdade e serviço desinteressado ao próximo. Ao contrário, fazem os filhos sentirem que são de alguma forma superiores aos demais, que merecem o melhor e o mais caro dos produtos existentes no mercado.

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Têm dificuldade em dizer não e muitas vezes se sacrificam para que seu filho não se decepcione, ou sinta-se de alguma maneira em situação inferior. Não permitem que passem por perdas ou fracassos, perdendo a oportunidade de ouro de ensinar-lhes a reerguerem-se.

Pensam por seus filhos, facilitam as coisas para eles, inclusive chegam a fazer suas tarefas escolares, deixando passar a chance de ensinar a perseverança e o trabalho duro.

Efeitos na juventude e vida adulta

A superproteção torna quase impossível ao jovem aprender a lidar com a frustração, o que já os deixa em pior situação para gerenciar as dificuldades da vida adulta.

Quando os pais fazem as coisas por seus filhos, como por exemplo, limpar sua bagunça, fazer suas tarefas escolares ou outras, eles crescem sem uma ética de trabalho e sem habilidades básicas. Sem isso, o jovem não será capaz de realizar muitas das tarefas exigidas no trabalho, cuidar de seu espaço laboral e nem lavar a xícara ou copo depois de utilizá-los na cozinha comum da empresa.

A falta de ensinamentos relacionados a atos e consequências impede o bom desenvolvimento da inteligência emocional desde a infância, formando adultos que não sabem aprender com os próprios erros e incapazes de resolver dificuldades com colegas e superiores.

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A formação da autoestima passa pela capacidade de resolver problemas e adquirir experiências e competências. Ser pais-helicópteros, não permite à criança essa autonomia e culmina em um adulto despreparado para buscar uma carreira bem-sucedida. E pior, com baixa autoestima e sujeito à depressão.

Como evitar ser um pai/mãe-helicóptero?

Segundo Marcia Siroto, o que os pais podem (e devem fazer) é deixar seu filho passar pelas experiências que o farão aprender a “cair e levantar”, a se preocupar e resolver seus próprios problemas. A perder e aprender a lidar com a perda. A saber que nem sempre se ganha e que quem não luta não merece a vitória. Isso fará de seu filho, um adulto útil. Isso o fará empoderar-se através do aprendizado de lutar suas próprias batalhas e a enfrentar e resolver as dificuldades da vida. Não estarão desamparados e despreparados quando os pais não estiverem mais presentes.

A autora conclui dizendo que esta é a coisa mais amorosa que os pais podem fazer por seus filhos e que “às vezes a melhor forma de ‘estar presente’ na vida de seu filho é não estar. É assim que você os capacita a desenvolver confiança, competência, autoestima e inteligência emocional.”

Ótimos conselhos!

Se você é um filho de pais-helicópteros, saiba que é possível reverter tais efeitos. Veja aqui.

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Stael Ferreira Pedrosa

Stael Ferreira Pedrosa é pedagoga, escritora free-lancer, tradutora, desenhista e artesã, ama literatura clássica brasileira e filmes de ficção científica. É mãe de dois filhos que ela considera serem a sua vida.