Nutrólogo diz que sal do Himalaia não vale o que custa

"Tem baixa concentração de minerais". Será que o sal do Himalaia é tão diferente dos outros?

Stael Ferreira Pedrosa

Alguns assuntos se tornaram controversos nos últimos tempos e um deles é o sal. Surgiram sais de todos os lados, de todos os tipos, para todos os gostos e bolsos. E aí, como é de esperar, surgem as opiniões contra e a favor e os longos embates entre aqueles que preferem este ou aquele sal, bem como aqueles a favor de todos e de nenhum.

Um dos sais mais badalados nos últimos anos é o sal rosa do Himalaia – produto caro, oriundo de cristais rochosos de sal garimpados próximo à cordilheira do Himalaia, em sua maior parte no lado paquistanês, que promete ser a última palavra em sal saudável. Sua cor é rosa devido aos minerais das rochas (potássio, magnésio e cálcio). Também se tem falado sobre a flor de sal, o sal grosso, o sal marinho e finalmente o pior e mais barato, o nosso comum sal de cozinha.

O sal nosso de cada dia

O sal comum de supermercado é produzido a partir de sal marinho bruto – que é saudável. Porém, no refinamento, são extraídos mais de 80 minerais presentes no sal sobrando apenas o cloro e o sódio (cloreto de sódio) que eleva a pressão arterial e faz reter líquidos. Também se retira algas microscópicas que favorecem a fixação do iodo no organismo e pior – além de tirar-se os nutrientes, adiciona-se aditivos químicos e solventes, alvejantes, carbonato de sódio, que podem provocar cálculos renais e biliares e outros produtos nocivos à saúde. Também se adiciona iodeto de potássio em altas doses, para compensar a falta das algas, afetando a função tireoidiana. Resultado: um sal de péssima qualidade, nocivo à saúde.

Em 2016, a jornalista Juliana Vines escreveu um artigo à Folha de São Paulo on-line onde compara o sal do Himalaia ao sal de cozinha. A conclusão do artigo elaborado pela jornalista e baseado em estudos e opiniões de profissionais entrevistados é que não faz muita diferença usar um ou outro, mas sim a quantidade ingerida.

O artigo da jornalista parte do princípio que “A concentração (de minerais no sal do Himalaia) é baixa. Para fazer diferença nutricionalmente precisaríamos ingerir muito sal e comeríamos muito sódio” e cita os exemplos abaixo:

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“Um grama de sal rosa tem 4 mg de cálcio (segundo as tabelas divulgadas pelos fabricantes). Por dia, um adulto deve ingerir 1.000 mg de cálcio, de acordo com a Anvisa. Isso é o equivalente a 250 gramas de sal do Himalaia.”

Certamente não é esperado que todo o cálcio que uma pessoa deva ingerir por dia venha do sal de cozinha, claro. Deve vir dos alimentos, por isso embora o exemplo esteja correto, ele não é válido. Afinal, sal e cloreto de sódio não são a mesma coisa. O sal em seu estado bruto é um nutriente, enquanto o sal de cozinha refinado é adoecedor.

Então, que sal usar?

Sal faz bem à saúde, ao contrário do que se pensa. No entanto, não o refinado, e sim o sal integral, que na maioria das vezes baixa a pressão devido à alta concentração de minerais, como o magnésio, relaxante das artérias e consequente diminuidor do estresse e da pressão arterial. Sal integral é o melhor sempre, seja do Himalaia ou do mar.

O sal de cozinha é apenas cloreto de sódio, que faz mal. Se você o retira da sua alimentação, claro que sua saúde geral será beneficiada. Pessoas contrárias ao sal do Himalaia costumam alegar seu alto teor de flúor, no entanto, de acordo com o médico cardiologista, professor de Harvard e nutrólogo Lair Ribeiro, o flúor contido no sal do Himalaia é cinco mil vezes menor que o flúor que chega às nossas torneiras.

Segundo o site telomero nutrigenética, também são retirados do sal de cozinha o plâncton (nutriente), o krill (minúsculo camarão invisível), em quantidades mínimas, estes fatores fornecem importantes oligoelementos como cálcio natural, cobre, molibdênio e zinco. A maior parte dos macro e microelementos essenciais são perdidos, e a maior parte deles são importantes na ativação de enzimas.

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Claro que o sal não irá sozinho resolver os problemas de saúde de ninguém. O ideal é ter moderação em todas as coisas, habituar-se a uma alimentação mais saudável, diversificada e mais natural. Os alimentos já fornecem cerca de 3 gramas de sal diariamente. Só precisamos acrescentar dois gramas e isso é bem pouco. Além disso, não esquecer de cultivar hábitos saudáveis como hidratar-se (com água, frutas e vegetais) e praticar exercícios. Sua saúde agradece.

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Stael Ferreira Pedrosa

Stael Ferreira Pedrosa é pedagoga, escritora free-lancer, tradutora, desenhista e artesã, ama literatura clássica brasileira e filmes de ficção científica. É mãe de dois filhos que ela considera serem a sua vida.