Uso inadequado de melatonina diminui expectativa de vida.
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A melatonina é um hormônio produzido naturalmente pelo nosso organismo, e é responsável pela indução e qualidade do sono, bem como pela regulação circadiana, ou seja, do sono à noite e da vigília durante o dia. Além disso, atua no metabolismo regulando as etapas do balanço energético, desde a ingestão alimentar até o fluxo da energia estocada para ser utilizada.
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Chamada de hormônio do sono, a melatonina é indicada a pacientes com alguns tipos de distúrbio de sono. Também existem pesquisas (poucas) mostrando o uso da melatonina como coadjuvante no tratamento de diabetes e obesidade.
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Tudo isso tem feito a melatonina em sua forma sintética e vendida como suplemento alimentar - o que ela não é - ser vista como uma espécie de panaceia universal que serve para todos os males. Isso é um equívoco, segundo o médico e professor da USP José Cipolla Neto, que em entrevista à rádio da USP, afirma que o uso inadequado da melatonina traz riscos à saúde dos usuários.
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Os riscos
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Como é um medicamento que ainda não é visto dessa forma pela vigilância sanitária, já que não é registrada como tal, a melatonina pode ser comercializada livremente e tem muita gente tomando a substância até para adquirir massa muscular e melhorar o desempenho físico; um risco de acordo com o Dr. Cipolla Neto, que alerta: o uso indevido e regular pode, em um primeiro momento, desorganizar o organismo e causar sonolência em período diurno, "bagunçando" o ciclo circadiano, levando inclusive à depressão. Em último caso, a expectativa de vida da pessoa também é afetada.
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O hormônio só pode ser indicado por um médico, com ajuste de dose, concentração e horários para cada paciente. Caso não seja assim, o uso inadequado poderá causar efeitos colaterais como resistência insulínica, intolerância à glicose, hipotensão, hipotermia, redução da ingestão alimentar e consequentemente desbalanço energético, além da já citada desorganização do ciclo circadiano.
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Para que a melatonina pode ser indicada
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A melatonina pode ajudar muito na qualidade de vida e bem-estar de pacientes com distúrbios específicos do sono, ou que apresentem o ciclo circadiano desajustado. Porém, com controle médico.
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Doenças neurológicas - com distúrbios específicos do sono - para corrigir o perfil de produção de melatonina endógena
Diabetes - coadjuvante no tratamento
Hormônio regulador da ritmicidade circadiana em viagens transmeridianas (mudança de fuso horário)
Recém-nascido em sofrimento fetal
Cirurgias e metástases tumorais
Fase atrasada de sono - pessoas que dormem tarde e acordam tarde
Sono do idoso - com a idade a produção de melatonina diminui
Indivíduos cegos que não conseguem regular o ciclo circadiano por não seguirem o claro-escuro do dia e da noite
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Para que não se indica melatonina
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Perda de peso - pelo menos não como principal agente emagrecedor, mas como coadjuvante
Ganho de massa muscular ou desempenho em exercícios - o efeito certamente será danoso, pois as pessoas que tomam para este fim o fazem durante o dia, e melatonina jamais pode ser usada durante o dia.
Como suplemento alimentar
Qualquer distúrbio do sono
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A automedicação é sempre um risco. Existem milhares de casos de efeitos colaterais inesperados e desastrosos, por isso, jamais use substâncias ou suplementos alimentares (até mesmo suplementos vitamínicos podem apresentar efeitos indesejados) que não tenham sido prescritos por um profissional de saúde com competência para isso.
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