Doces lembranças de Natal que ultrapassam o tempo

Comover significa provocar emoção, era isso que minha mãe fazia, pouco nos lembraremos do que ouvimos ou vimos, mas muito nos lembraremos de como nos sentimos.

Taís Bonilha da Silva

O Natal é mesmo uma época singular e quando penso nos 25 Natais de que me recordo, as principais lembranças são aquelas em que envolveram pessoas, de fato eu pouco me lembro dos presentes mais caros que recebi, mas me recordo com detalhes daquilo que foi simples, porém inesquecível.

O fato de eu ter uma mãe muito criativa ajudou bastante, e o que hoje eu tento proporcionar para meus filhos são experiências natalinas que sejam memoráveis, e que assim como eu, eles possam se recordar por toda a vida.

Experiências memoráveis são aquelas que nos causam comoção.

Algumas memórias pessoais que ultrapassaram o tempo e que podem ser usadas como dicas.

  1. Geralmente nos Natais da minha família alguém se vestia de papai Noel, claro que como crianças eu, meus irmãos e primos nos divertíamos muito, mas teve um Natal que me marcou, foi um ano que não sei por qual motivo, não havia roupa de papai Noel e minha mãe (como eu disse ela é muito criativa) preparou pegadas feitas com carvão que levavam da árvore de Natal, onde estava os presentes, até uma churrasqueira que tinha chaminé e ficava no quintal. Eu me lembro de achar aquilo o máximo, nem me perguntei por que o papai Noel tinha entrado pela churrasqueira, mas foi mágico saber que o papai Noel tinha estado ali e que tinha deixado pegadas.

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  2. Outro Natal foi particularmente especial. Nesse eu já era maiorzinha e sabia que minha família estava em situação financeira difícil. Lembro-me de estar com minha mãe e minha irmã olhando uma loja de brinquedos. Mostrei toda empolgada para minha mãe quais brinquedos eu ia pedir para o papai Noel, e me lembro dela vir me mostrar, mais empolgada ainda, uma boneca de tamanho médio feita de tecido vermelho. Eu nem dei bola para a boneca, pois queria outras coisas. Por fim chegou o tão esperado dia e na hora de abrir os presentes qual não é a minha surpresa quando eu abro meu presente e era a tal boneca de tecido vermelho. Acho que foi nesse dia que eu descobri que papai Noel não existia, mas também compreendi que eu tinha pais maravilhosos que se esforçavam por fazer o melhor para mim, que mesmo em situação financeira difícil, não deixariam passar em branco e me ensinariam que o valor das coisas só pode ser medido realmente se for considerado a atitude e intenção por trás do objeto. Se me perguntarem hoje, qual foi o melhor presente de Natal que já ganhei na vida certamente responderia: uma boneca de tecido vermelho.

  3. Outro Natal de que me lembro com muito carinho foi o que começamos nossa tradição de falarmos nossos sentimentos e agradecimentos das bênçãos recebidas naquele ano. Fazemos um círculo, apagamos as luzes e cada um com uma vela nas mãos fala sobre o que tem a agradecer, é um momento muito rico, onde nos voltamos uns para os outros e percebemos o quanto temos para agradecer.

Comover significa provocar emoção, era isso que minha mãe fazia, pouco nos lembraremos do que ouvimos ou vimos, mas muito nos lembraremos de como nos sentimos. A emoção tem maior impacto no que se refere à memória.

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Taís Bonilha da Silva

Taís Bonilha da Silva, estudante de Psicologia, atua na área da Saúde Mental. Participa do Programa de Monitoria na Universidade na disciplina de Análise do Comportamento. Esposa e mãe de 2 filhos.