Aprendendo a elogiar da maneira correta

Quando elogiamos a pessoa pelo que ela é e não pelo que faz, nós a estamos rotulando e isso pode ser extremamente negativo. Viver com o peso de um rótulo nas costas pode causar sérios danos psicológicos.

Taís Bonilha da Silva

Elogios devem ser direcionados para o processo e não para o resultado, sempre para as ações e nunca diretamente para a pessoa.”Carol Dweck

Todo mundo gosta de ser elogiado, certo? Depende, às vezes o elogio pode surtir um efeito contrário ao esperado, a pessoa se sente pressionada a corresponder sempre à altura e se não conseguir pode sentir-se insegura e fracassada.

O problema com os elogios começa desde a infância e são os pais e professores que geralmente utilizam o elogio de maneira inadequada, por pura falta de conhecimento, fazem na tentativa de ajudar, mas acabam por piorar algumas situações.

Existe um estudo realizado pela psicóloga americana Carol Dweck, da Universidade Stanford, ela fez uma pesquisa com cerca de 400 alunos de uma escola de Nova York, um dos estudos era composto por 4 provas.

A1ª prova, era um teste simples de QI aplicado para crianças do 1º ao 5°, assim que o aluno terminava o teste recebia sua nota e um elogio. Metade dos alunos eram elogiados por sua inteligência: “Parabéns, você deve ser muito inteligente”. A outra metade de alunos era elogiada não diretamente, mas por sua atitude, seu esforço: “Você deve ter se esforçado muito para conseguir esse resultado, parabéns”. Então o grupo foi dividido entre alunos inteligentes e alunos esforçados.

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Na2ª prova, os alunos poderiam escolher que tipo de teste fariam entre um teste simples, tão fácil quanto o primeiro, e um teste um pouco mais complicado que lhes ensinaria coisas novas. O grupo dos inteligentes escolheu o teste fácil, o grupo dos esforçados escolheu o teste mais difícil. Esse resultado indica que a criança que é elogiada por sua inteligência se sente na responsabilidade de sempre atingir essa expectativa, mas se sente insegura, com medo de não conseguir, portanto não se arrisca, cria uma zona de conforto e ali permanece. Já a criança que é elogiada por sua atitude tende a correr mais riscos e não tem tanto medo de errar.

Na3ª prova, o teste era bem mais complexo que os outros e os dois grupos não foram muito bem, porém os esforçados se dedicaram muito mais na tentativa de resolução e os inteligentes ficaram muito nervosos e mal conseguiram terminar o teste. Aqui, fica evidente que a criança elogiada pelo que é quando percebe que está prestes a não atingir as expectativas dos adultos sente-se mais insegura e incapaz, tais sentimentos provocam tanto temor que terminam por inibir outras tentativas pelo simples medo de errar.

Na4ª prova, veio a maior surpresa. O teste era tão fácil quanto o primeiro e os resultados obtidos foram: os esforçados melhoraram suas notas em 30%, se comparadas com as notas que tiraram na 1ª prova, os inteligentes tiveram um declínio de 20% no seu desempenho, se comparada com as notas que haviam tirado na 1ª prova.

A lição que se tira desse experimento, segundo a psicóloga Carol Dweck, é que os “elogios devem ser direcionados para o processo e não para o resultado, sempre para as ações e nunca diretamente para a pessoa”.

Quando elogiamos a pessoa pelo que ela é e não pelo que faz, nós a estamos rotulando e isso pode ser extremamente negativo, viver com o peso de um rótulo nas costas pode causar sérios danos psicológicos. Então, precisamos aprender a usar o elogio de forma correta, sempre voltado para as ações e nunca para a pessoa ou os resultados.

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Taís Bonilha da Silva

Taís Bonilha da Silva, estudante de Psicologia, atua na área da Saúde Mental. Participa do Programa de Monitoria na Universidade na disciplina de Análise do Comportamento. Esposa e mãe de 2 filhos.