17 passos para ajudar seu filho a dormir em sua própria caminha

Se você faz cama compartilhada, aprenda 17 passos para ajudar seu filho pequeno na transição para ele aprender a dormir na própria cama.

Mirela Acioly

Este artigo foi publicado originalmente no blog De Mãe para Mamãe, adaptado e republicado aqui com permissão.

Muitas mães, incluindo eu, descobrem cedo que a maternidade nos faz pagar caro pela língua.

Uma das coisas que eu sempre disse que não faria era colocar meu filho para dormir na minha cama. Quantas de nós não falamos isso antes de termos um filho?

Mas quando eles nascem, rapidamente descobrimos o quanto é gostoso ter o nosso amor deitado ao nosso lado. Sentir o seu cheirinho a noite toda, dormir abraçadinho, acordar no meio da noite só para ver se ele está respirando e voltar a dormir tranquila com um sorriso nos lábios é algo que não tem preço.

Hoje fala-se muito de cama compartilhada e as opiniões se dividem. Muita gente acha importantíssimo para o desenvolvimento emocional da criança e muitas outras acham um absurdo, um perigo e uma invasão à intimidade do casal.

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Ambas as partes têm razão, mas eu segui o meu coração e dormi muito feliz com nosso filho entre eu e o meu marido. Nunca aconteceu nada. Minto, ele caiu uma vez da cama no meio da noite e eu quase morri do coração, mas porque dormindo coloquei ele para mamar no peito que fica do lado de fora da cama e a cama “faltou”. Passei um bom tempo traumatizada com isso, mas ele não deixou de dormir entre nós. O que mudou foi que nunca mais amamentei dormindo. O susto me fez ficar bem desperta durante as mamadas noturnas.

No entanto, com o tempo ele foi crescendo e o espaço na cama começou a ficar reduzido para os três. Ele mexia-se muito e quando acordávamos de manhã estávamos todos quebrados, menos ele, claro.

Com mais ou menos um ano de idade, resolvemos que seria a hora dele dormir no seu berço no quarto dele. Achei que ia ser um processo demorado, que ele iria sentir falta e chorar a noite toda, mas não! Ele se adaptou praticamente de uma noite para a outra sem que eu tivesse que fazer todo o processo de adaptação com ele. O processo de adaptação teve que ser comigo e com o pai. Sentíamos falta dele na cama e várias vezes pensamos seriamente em ir pegá-lo e voltar a dormir com ele na cama, mas graças a Deus agimos como adultos e conseguimos vencer a vontade.

Como não tenho experiência nesse processo e recebo muitos pedidos de ajuda de mamães que precisam voltar a ter “espaço” na sua cama, resolvi pesquisar e achei um texto ótimo e com muitas dicas bacanas para facilitar o processo.

No livro da escritora Elizabeth Pantley, ela cita algumas soluções para a transição do bebê para a própria cama.

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Ela diz que, desde sempre, crianças dormem com seus pais. Isso é normal e natural entre os seres humanos e é até comum em alguns países, no entanto, a nossa sociedade é que se foca na independência e isso leva a que muitas pessoas achem raro ou estranho esse ato.

Não é que seja da conta de alguém a forma como deixamos nossos filhos dormir, mas seria bem bacana se a sociedade compreendesse que essa pode ser uma opção natural e até bem popular.

Então, antes de resolver escolher ou mudar a forma como o seu pequeno dorme, responda a essas questões para poder refletir.

  • Você, seu marido e seu filho estão dormindo bem?

  • Se ninguém mais no mundo soubesse ou se importasse com sua situação, você continuaria do mesmo jeito?

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  • Você acha que ficaria feliz com a mesma rotina que tem agora em 6 meses? E 1 ano?

  • A presença do seu filho em sua cama está interferindo em sua vida íntima ou vocês ainda conseguem várias oportunidades de adequar essas necessidades?

  • Se você é pai ou mãe solteira, a presença de seu filho na sua cama está lhe impedindo de que você faça coisas que quer ou precisa no começo da noite ou de manhãzinha?

  • Você está considerando fazer essa mudança porque você quer e é o melhor para sua família, ou é para satisfazer um amigo, parente, pediatra ou outra pessoa?

  • Você costumava gostar da presença de seu filho na cama e agora está curtindo menos e está inseguro de como fazer uma mudança?

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  • Se hoje à noite de repente seu filho começasse a dormir a noite toda em outra cama ou quarto, como você se sentiria: radiante, feliz, um pouco triste, muito triste, ou deprimido?

  • O que exatamente o incomoda na presença do seu filho? Ele te acorda? Não consegue ter tempo sozinha com seu parceiro? Está preocupada com que os outros pensam da situação? Você está grávida ou planejando engravidar e não quer a cama cheia de crianças? Explore com carinho as razões para querer fazer uma mudança.

Após ter refletido bem sobre tudo isso, você pode decidir continuar assim por mais alguns meses, ou fazer uma mudança sem pressa, ou fazer uma mudança o mais rápido possível.

Elizabeth Pantley cita os passos desse processo:

1. Fazendo um plano

Esse plano não é algo que deve ser forçado a acontecer em uma noite ou mesmo uma semana. Se você não tem uma data limite para isso, coloque um objetivo de 1 ou 2 meses, ou até mais, para diminuir a tensão que você sentirá durante o processo.

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Outra coisa a se considerar é que não é uma decisão tudo ou nada. Existem vários graus de sono compartilhado, e você pode escolher continuar a dormir com seu filho de noite, mas não nas sonecas; ou preferir que ele comece a noite em sua própria cama, mas é bem-vindo em sua cama de madrugada ou no comecinho da manhã; ou deixar que ele pegue no sono em sua cama, então transferi-lo para outra cama; ou ainda permitir que a criança durma em seu quarto, porém em camas separadas; ou em quarto separado, mas é permitido dormir com os pais no caso de pesadelos ou situações especiais como férias.

2. O menu de soluções

Algumas vezes o comecinho é um desafio (afinal de contas você está fazendo uma mudança e tanto para uma criança que sempre curtiu onde dormia e pode ter feito isso uma grande porcentagem de sua vida, senão a vida toda!)

Algumas crianças aceitarão a ideia de dormirem sozinhas mais facilmente que outras, em qualquer caso, se você escolher o plano certo a transição é possível.

3. Um pouco por vez

Se você puder, faça a transição em estágios, movendo a criança para própria cama um pouquinho por vez. Para isso arrume outra cama próximo a sua (pode ser colchão, berço, futon, etc.). Comece colocando próximo a sua cama. Você pode colocar lençóis coloridos, com temas infantis, um pequeno cobertor que parece interessante ao seu filho. Chame de “lugar especial”, e quando chegar a hora de dormir assegure-se que seu filho pegue no sono lá (vá na frente e deite lá com ele, mas assim que ele começar a pegar no sono, continue segurando as mãos ou tocando pés ou sejá lá o que for que estão acostumados a fazer, e vá se distanciando).

Após alguns dias ou semanas assim, quando você tiver certeza que ele está acostumado com sua nova cama, comece a mover um pouquinho distante de sua cama, e finalmente, para seu próprio quarto.

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4. Determine uma hora especial para ele ir para a cama familiar

Você pode querer sugerir horas quando seu filho é bem-vindo em sua cama e horas que incentivá-lo a dormir em sua própria cama. Uma ideia é relacionar isso com a luz do dia: “Quando está claro lá fora, você pode vir para nossa cama”. Ou então um rádio relógio que toca música de manhãzinha quando ele pode visitar sua cama. Deixe claro que só quando a música tocar ele pode vir. Algumas famílias têm um planejamento em que nos dias de semana eles têm que ficar em suas próprias camas, mas são bem-vindos à cama dos pais nos finais de semana.

5. Explique quem, o quê, quando e por quê

Essa técnica é unica, mas pode funcionar bem com algumas crianças: explique seu plano para elas! Explique por que quer fazer uma mudança (mamãe está acordando muito de noite, está cansada, você poderia me ajudar com isso se dormisse em sua própria caminha. Eu posso ler para você, massagear suas costas, mas então eu vou dormir na minha cama, e você pode vir de manhã para nos abraçarmos e brincarmos), e como gostaria de fazer.

Isso não é mágica, mas envolve seu filho no processo. Algumas vezes eles vão se sentir orgulhosos de poder ajudar. Uma boa ideia é incluir algumas escolhas, por exemplo, se ele quer dormir no chão perto da sua cama em outra cama.

6. Descubra se existe um problema

Para muitas crianças o único problema é que elas nunca dormiram sozinhas, então é diferente e preocupante para elas, porém para outros, fazer a transição para cama própria pode trazer medos que eles nunca encararam antes. Observe e ouça seu filho atenciosamente, você suspeita que ele está com medo de ficar sozinho no escuro? Ou que existem monstros no quarto, tem pesadelos e ninguém está por perto para confortá-lo? Ele está preocupado com algum evento por vir, como mudança de casa ou nascimento de irmãozinho? Se você for capaz de descobrir algum obstáculo desse tipo e resolvê-lo primeiro, você poderá guiá-lo a dormir sozinho com confiança.

7. Faça de seu quarto um lugar especial

Se seu filho já tem um quarto, estava provavelmente sendo usado como quarto de brincadeiras ou algo assim. Mas agora que ele vai dormir lá, pode ajudar fazer uma redecoração e criação de um ambiente mais convidativo ao sono. Você pode comprar lençóis, cortinas, decoração de parede, etc., e leve-o junto. O quarto não precisa ser tradicional, se ele está envolvido na decoração poderá ser um bom incentivo a dormir lá. Você pode transformar o quarto numa caverna de dinossauros, garagem de caminhão, casa de macaco, ninho de passarinho, hangar de avião, etc., com um pouco de imaginação. Use um personagem preferido se seu filho tem. Você não precisa gastar uma fortuna com isso, pode usar caixas de papelões, etc.

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Um bom candidato para primeira cama é um colchão no chão, pois é seguro e dá à criança liberdade de ir e vir sem perigo de quedas. Você pode instalar protetores laterais se desejar.

Quando tudo estiver pronto, comece a transição. Deite com seu filho na nova cama, mostre-se animado com a mudança. Você pode ficar do lado dele até que ele pegue no sono por 1-2 semanas, e depois vá saindo aos pouquinhos, para beber uma água, ou usar o banheiro, e aumentando o tempo que fica fora do quarto. Ou então sente numa cadeira do lado dele até que ele durma.

8. O método sorrateiro para pequenos

Se você tem uma criança de 1 ano ou pouco mais, isso pode funcionar. Deixe-a pegar no sono na sua cama como costume, e carregue-a para nova cama. Deixe um monitor ligado e se ela acordar, vá rápido e ponha-a para dormir rapidamente e deixe-a na nova cama. Se você usar essa técnica, pode esperar várias viagens ida e volta para o quartinho, até que a transição seja completa. Algumas crianças vão dormir períodos maiores de tempo se não tiver ninguém do lado que faz movimentos e o acorda. Por outro lado outras crianças vão acordar mais porque vão sentir falta da companhia que sempre tiveram.

Você pode tentar isso e fazer as transferências até as 3 da manhã, por exemplo, e deixa-lá em sua cama então. E ir aumentando esse horário gradualmente.

Mas como todas ideias em meu livro, isso não é para ser tudo ou nada, mas tem mais chance de funcionar se a criança já gosta da nova cama. Então gaste um bom tempo durante o dia na cama, leia para ela lá, amamente lá se for o caso, faça o que for preciso para que ela se sinta bem confortável no novo ambiente.

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9. Comece com sonecas

Se seu filho nunca dormiu sozinho, comece com as sonecas, e faça o que for possível (use dicas acima) para que ele se sinta mais confortável no novo ambiente.

10. Crie um novo ritual pré-cama

Crianças são criaturas de hábito. Se você fizer seu ritual normalmente, mas esperar que ela finalize a noite dormindo num lugar novo, ela vai ter um susto! Para evitar isso modifique um pouco seu ritual. Você pode utilizar um diagrama com fotos da sequência de eventos do ritual (existe um capítulo com dicas de como fazer esse diagrama caso interessar mais tarde posso traduzir tambem).

11. Vá com ele… Por um tempinho

Se você está transferindo seu filho para um novo quarto, pode dormir lá nas primeiras noites para fazer o processo menos assustador. Conforme ele vá se habituando lá, você pode usar a técnica “Já volto”: após o ritual, ponha-o na cama e arrume uma desculpa para sair, diga já volto! E vá aumentando o tempo que fica fora do quarto. Com o tempo você poderá dizer: Volto amanhã de manhã.

Lembre seu filho que você vai estar bem pertinho, no quarto ao lado, e que qualquer coisa pode te chamar, assim ele não ficará com tanto medo de dormir sozinho.

12. Dê-lhe permissão para te chamar

Se você prefere não ter seu filho como visitante noturno, não o incentive a vir para sua cama de noite, diga-lhe para te chamar e dê-lhe um sininho se preciso. Ou você pode usar um monitor de duas vias. Quando te chamar, vá rapidamente e ponha-o de volta para dormir. Se ele vier ao seu quarto, traga-o de volta e lembre-o que pode te chamar se precisar. Esse conforto de saber que pode chamar a mamãe ou papai vai ser importante nessa fase, ele vai saber que não precisa ficar com medo, pois vocês estão perto, e gradualmente essas visitas e chamadas vão diminuindo até que todos durmam a noite toda!

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13. Dê-lhe companhia

Se seu filho sempre dormiu com você ele pode se sentir sozinho no novo quarto. Dê-lhe vários bichos de pelúcia, ou então uma caixinha de música, ou um CD player (tenha um CD relaxante para tocar), ou uma fita com gravação das vozes de papai e mamãe.

Se objetos inanimados não funcionam, tente um animalzinho como tartaruga, aquário, incentive seu filho a fazer companhia ao novo amiguinho de noite. (Atenção! Gatos e cachorros não, evite também animais noturnos como hamsters).

14. Deixe-o acampar…

Se você tem uma tenda e está disposto a montá-la em casa, pode ser um grande incentivo ao seu filho para dormir lá. Ponha uma luz noturna, animais de estimação, e seu filho pode ficar tão animado que vai querer dormir lá! Cuide para que o ambiente seja muito seguro e a temperatura boa.

15. Dê muita importância a isso… Ou não dê importância para isso

Algumas crianças respondem bem a grandes celebrações, se for o caso pegue um dia especial para anunciar a mudança, pode comemorar com bolo, balões, e presentes (relacionados com sono como cobertores ou ursinho de pelúcia).

Já se seu filho é do tipo mais quieto, qualquer sugestão de escolher um dia para isso pode trazer choro. Para essas crianças não mencione a mudança e simplesmente faça-a com passos pequenos e graduais.

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16. Convide a fada da manhã para a sua casa

Crianças ficam muito excitadas com papai Noel, coelhinho da páscoa, etc, então você pode introduzir um novo personagem: a fada da manhã. Compre alguns presentinhos baratos, como animais plásticos, adesivos, etc, e embrulhe-os em papel de presente.

Explique a seu filho que cada noite que ele dormir em sua própria cama ele vai ganhar um presentinho, e se isso acontecer deixe um presentinho em seu quartinho pela manhã. Após algumas semanas desse padrão, a nova rotina vai estar estabelecida. Você pode explicar-lhe que a fada da manhã visita a casa de outras crianças que estão aprendendo a dormir em suas próprias caminhas.

17. Crie um quarto de dormir com irmãos

Se você tem mais de 1 filho essa ideia pode funcionar. Arranje um quarto para que eles durmam juntos. Enquanto algumas crianças podem não gostar, outras vão adorar dormir com seus irmãos. Para segurança não tente isso antes de seu filho ter 18 meses.

Então, boa sorte mamães! Espero de verdade que funcione como funcionou para mim.

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Mirela Acioly

Dona de um dos mais conhecidos perfis do Instagram sobre maternidade, a blogueira de maternidade Mirela Acioly mostra a maternidade tal como ela é através das suas já famosas Mirelices.