5 Boatos e mentiras sobre Coronavírus que prejudicam a saúde das pessoas
Criar ou divulgar fake News pode ser mais grave do que se pensa para a saúde da população
Stael Ferreira Pedrosa
O medo causa as mais diferentes emoções em quem o experimenta, por isso as pessoas tentam se agarrar ao que for possível na tentativa de aliviar seus temores, até mesmo a ilusões e fantasias. Outros aproveitam-se do medo das pessoas para ter vantagens de que modo for.
O medo vem da consciência do perigo. Bebês não sentem medo, mas à medida que crescemos começamos a perceber que existem coisas que não conhecemos, experimentos a incerteza e o medo então se torna parte de nossa vida.
De acordo com Zygmunt Bauman, sociólogo e filósofo polonês, todo medo deriva de três tipos básicos de perigos: os que ameaçam nossos corpos e nossas propriedades, os que ameaçam a durabilidade da ordem social (desemprego, falta de segurança) e, por fim, aqueles que ameaçam nossa posição no mundo e pode causar nossa exclusão social (identidade, posição social).
O sociólogo e filósofo ainda aborda o que chama de “medo original”, que é o medo da morte e do mal, daquilo que não podemos controlar – este é um tipo de terror global. Em síntese, medo é o nome que damos a nossa incerteza: nossa ignorância da ameaça e do que deve ser feito. Vivemos numa era onde o medo é sentimento conhecido de toda criatura viva.
Com a ameaça global do coronavírus, o que vemos são todos os nossos medos criando vida diante de nossos olhos.
O medo pode ser devastador, mas é necessário para a preservação da vida – pois nos afasta do perigo. No entanto, quando em excesso, é danoso tanto àquele que o sente (causando ansiedade, pânico e até depressão), quanto ao meio em que vive, como, por exemplo, o efeito que causam as fake News, boatos, mentiras que podem até mesmo causar a morte.
Os cruéis boatos que prejudicam a saúde da população
1. Máscaras da China
O boato circulou nas redes sociais à exaustão, afirmando que um navio de máscaras chinesas contaminadas, foi recebido nos Estados Unidos e a partir daí a Covid-19 se espalhou por todo o país, o post ainda dizia haver um desses no porto de Santos em SP e que, portanto, ninguém deveria aceitar essas máscaras. Não precisa ser especialista em saúde para ver o mal que tal boato pode causar nas pessoas que precisam adquirir máscaras industrializadas.
2. O aumento dos casos é “jogada política” de prefeitos e governadores
Vivemos em um país dividido ideologicamente. As discussões se acirram nas redes sociais, nas ruas, nas manifestações (que nem deveriam estar acontecendo). Tal divisão é campo fértil das mais diversas Fake News. Aqueles que querem o fim do distanciamento social, culpam os governadores e prefeitos de utilizarem a quarentena para prejudicar o governo federal e a economia, mais ainda para “matar o povo de fome”, entre outros.
Novamente não é necessário ser expert em economia, política ou saúde, para saber que atitude tomar diante dessa divisão. O lado do bom senso. Na maior parte do mundo medidas de segurança foram tomadas sem ter qualquer relação com a política brasileira. Portanto, os governadores e prefeitos não estão agindo contra o governo federal, estão tentando proteger a população.
3. Caixões vazios
Este talvez seja o mais cruel dos boatos. Tanto por ser claramente mentira, já que a imagem utilizada é de 2017, sobre um caso de estelionato, quanto por ter feito com que várias pessoas no Amazonas, pedissem para abrir os caixões dos familiares mortos pela Covid-19, para se certificarem de que o parente estava lá e ficassem expostas ao contágio.
4. Não morrem políticos de Covid-19
Circulou bastante no Facebook uma imagem com o texto: “que vírus maluco é esse que não matou político, nem aqui nem na China”, fazendo parecer que o vírus só mata a população e alimentando as teorias da conspiração. Fato é que mais de 40 políticos morreram até 07 de maio, tanto aqui quanto na China. Em Wurhan, onde surgiram os primeiros casos, o responsável pelos assuntos étnicos e religiosos morreu, bem como o prefeito de Huangshi, Yang Xiaobo, e ainda o adjunto do Departamento de assuntos civis da província de Hube, Wen Zengxian.
Em várias partes do mundo ocorreram mortes de políticos. No Brasil, temos o caso do prefeito de São José do Divino, Piauí, Antonio Felícia (PT) que foi a primeira vítima do estado.
5. Receitas caseiras matam o coronavírus
Receitas as mais diversas surgem a cada dia. A partir do boato de que o vírus fica parado na garganta por 4 dias antes de infectar o resto do corpo, então é possível matá-lo antes que fique ativo. Daí surgem as mais bizarras receitas para matar o coronavírus, que vão desde água com limão e sal, Whisky com limão, beber ou gargarejar com vinagre, tomar água tônica (já que contém quinino – princípio ativo da cloroquina), cocaína, álcool e urina de vaca também foram indicados como remédios, entre outras bobagens que não têm o menor respaldo científico.
Isso pode fazer com que pessoas com sintomas esperem os 4 dias, usando tais produtos, ao invés de buscar ajuda médica, o que pode ser fatal em alguns casos.
Bom senso e informação correta
Estamos em uma pandemia global, que já nos assusta, porque experimentamos incertezas, desconhecemos o inimigo e o que o futuro nos reserva. Isso, por si só, já deveria ser o suficiente para seguirmos as orientações médicas e de autoridades, quanto a evitar a contaminação. No entanto, ainda somos bombardeados por notícias falsas, boatos, mentiras e atitudes que induzem ao erro.
Tais boatos surgem pelos mais diversos motivos que vão desde medo – que ativa a imaginação, ignorância, falta de bom senso, inconsequência e até interesses, sejam financeiros ou políticos.
Por isso, quando receber qualquer notícia ou postagem de fonte duvidosa, não repasse, busque informações a respeito e caso seja falsa, informe a quem enviou sobre a falsidade da notícia. Vamos evitar o engano e evitar resultados desastrosos para todos.