A sustentabilidade e a implicação em nossa vida

Quando ligamos o ON, deixamos em OFF a sustentabilidade em sua essência, ou seja, a habilidade de sustentar ou suportar uma ou mais condições exibida por algo ou alguém por determinado tempo.

Beth Proenca Bonilha

Há 40 ou 30 anos, em minha infância e adolescência, me lembro de que a tecnologia que conhecia era:

  • A televisão – na infância com imagem preto e branca; na adolescência, colorida. Para mudar de canal tínhamos que girar o botão, como os dos fogões de hoje, e para o televisor pegar melhor era utilizada uma antena imensa em formato de espinha de peixe em cima do telhado. Quem tinha mais condição, usava um aparelho chamado de Poly Convert. Quem não tinha, colocava uma pequena antena em V sobre o televisor e palha de aço (bombril) para sintonizar melhor.

  • No cinema era possível ouvir o som do projetor na sala, e literalmente existia o lanterninha, um homem que andava iluminando o caminho para as pessoas até o assento com uma pequena lanterna.

  • O telefone era de discar. Quando o número a ser chamado tivesse o 9 ou o 0 lembro-me da espera até que o disco girasse por completo, e sempre tinha um vizinho ou outro pedindo para usar o telefone e deixava uma moedinha para ajudar na conta. A outra opção era usar os orelhões com ficha que duravam determinados minutos, se fosse falar muito, comprava uma tira de fichas e assim que desse o toque de aviso que estava acabando o tempo tinha que colocar nova ficha para não perder a ligação.

  • No rádio era mais comum ouvir a frequência AM. Rádio novela era muito interessante, aguçava a imaginação. Já na adolescência a “onda” era curtir a frequência FM que tocava músicas internacionais.

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  • Toca-disco era também chamado de vitrola.

  • O radio do carro tinha AM/FM e a opção do cartucho gravado que era imenso, mas depois surgiram as fitas K7, bem menores.

  • O top de linha na música foi o lançamento do aparelho 3 em 1. Era tudo que um jovem queria. Em um único aparelho podia-se tocar o disco de vinil, ouvir a rádio AM e FM e tocar fita K7; e se fosse Duplo Dec., era melhor ainda, porque além de reproduzir a música era possível copiar de uma fita para outra fita K7 ou gravar do rádio para a fita.

  • Videogame – a opção surgiu mais na adolescência com o famoso aparelho com o joguinho “come-come”, até que surgiu a sensação da época, o Atari.

  • Aos poucos outros aparelhos foram surgindo como o Bip, que mandava mensagens a partir de uma central que recebia uma ligação telefônica. A pessoa que queria passar a mensagem falava e a receptora reproduzia por escrito e mandava para o aparelho da pessoa que deveria receber a mensagem.

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  • Correio e cartas era a forma de comunicação para as pessoas que moravam distantes. Levava em torno de 5 a 7 dias para chegar ao destino. Se tivesse pressa, deveria mandar um telegrama que era cobrado por caractere, até mesmo o ponto ou vírgula.

Bem, iniciei meu artigo com toda essa nostalgia para poder comentar o vídeo que apresentamos abaixo. Com minhas recordações posso provar que minha geração sobreviveu sem a tecnologia atual, e olha que nós estávamos em OFF. Mas o tempo era muito mais tranquilo, podíamos brincar na rua até tarde, os pais sentavam-se em cadeiras na calçada enquanto rolava um pega-pega, um bafo, bola ao buraco, esconde-esconde, bicicleta, bola, queimada, passa anel, boneca, bolinha de gude, três-marias, etc.

Presente era no aniversário, Natal e se fosse possível, no Dia das Crianças. E sempre era uma surpresa, no máximo deixávamos bilhetinhos com algumas sugestões do tipo: “Não esqueça a minha Caloi”.

Nós vivíamos em OFF, mas aos poucos o ON entrou em nossa vida e pensamos que fosse o chamado progresso e que seria muito bom, pois imaginávamos que ganharíamos mais tempo, facilitaria as coisas… E realmente isso aconteceu, só que com o tempo que sobrou as pessoas começaram a ficar mais dentro de suas casas, pois a tecnologia começava a substituir as conversas nas calçadas e os vizinhos começaram a ter seus próprios telefones.

Cinema de repente foi para dentro de casa, com os vídeos cassetes.

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Com o “Discman”, as pessoas se isolavam ouvindo as músicas que gostavam e não davam atenção ao seu redor. De repente estávamos em ON, e cada vez mais isolados com medo e aprisionados em nossos lares.

Quando ligamos o ON, deixamos em OFF a sustentabilidade em sua essência, ou seja, a habilidade de sustentar ou suportar uma ou mais condições exibida por algo ou alguém por determinado tempo.

Sustentabilidade deixou de ser somente uma palavra e tornou-se um princípio, no qual o foco é a ideia de usar os recursos naturais, que nem sequer percebemos que se foram, de maneira consciente para satisfazer as necessidades atuais sem comprometer a satisfação e necessidades das gerações futuras.

Sustentabilidade hoje tem conexão com a capacidade do ser humano interagir com o mundo, um conceito que gerou diversos programas e a criação de diversas instituições governamentais ou não, que tem a iniciativa e objetivo de colocar o mundo um pouco em OFF, para que nossos filhos e netos possam usufruir do ON sem que o planeta fique permanentemente em OFF.

Colocamos o ON em nossa vida em forma de conforto insaciável que gera o consumo descontrolado; mudanças tecnológicas acontecem em poucas horas e o que você acaba de adquirir se torna ultrapassado, obsoleto e vamos acumulando lixo e consumindo a natureza como um ser devorador voraz.

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Em tudo há de ter equilíbrio. Devemos aprender uma lição para que o planeta retome o seu equilibrio. Aprender quando estiver em ON e quando estiver em OFF, LIGAR e DESLIGAR essa é a solução para preservar o que resta, resgatar o que for possível para quem vem depois e através de nós.

Três ações devem ser levadas em consideração e priorizadas:

Ação social

  • O ser humano respeitando o ser humano, ouvindo, auxiliando, diminuindo o passo para que o outro nos alcance. Em alguns momentos nos colocar em OFF para que o outro se coloque em ON.

Ação Ambiental

  • Com o meio ambiente em perigo, o homem se coloca em perigo e abrevia seu tempo de existência, pois as reservas naturais acabam e o futuro fica insustentável. De tanto ficarmos em ON, vamos deixar a vida do planeta em OFF.

Ação espiritual

  • Está na hora do homem repensar em quem deu o ON para sua existência e criou tudo o que temos, respeitar o que nos foi agraciado e as regras que nos foram passadas, reverenciar a existência da Divindade para que sua misericórdia caia sobre a humanidade e assim possamos nos lembrar de quem somos, de onde viemos e que um dia Ele nos colocará em OFF.

E você está contribuindo para que o planeta esteja com sua sustentabilidade em ON ou em OFF?

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Beth Proenca Bonilha

Graduada em Administração de Empresas com MBA em Empreendedorismo. Casada mãe de 6 filhos, avó de 2 netos. Atua profissionalmente como Analista Instrutora da Educação Empreendedora no SEBRAE - SP. Como hobby gosta de artesanato, música e leitu