4 vantagens da adoção de um animal de estimação

Adotar é, antes de tudo, um ato de amor. Trata-se de ajudar aquele que precisa. Nada melhor que fazer isso e ter, em troca, o carinho e a lealdade de um bichinho que já sofreu o bastante e que só pede um amigo.

Fernanda Ferrari Trida

O povo brasileiro ainda não adota tanto quanto compra animais. Dentre as causas estão o desejo de ter raças específicas de cães e gatos; a preferência pela aquisição de filhotes; e a falsa ideia de que, vindos de um criador, os animais serão mais saudáveis e, portanto, darão menos despesas com tratamentos médicos. Já as pessoas que querem ter outras espécies de animais ainda não podem contar com centros de adoção no país, pois os locais que resgatam animais “exóticos” são centros de recuperação e tem o objetivo de readaptar o animal à natureza. Para animais como araras, papagaios e tartarugas serem vendidos, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) deve certificar a origem e aprovar a comercialização, para coibir o tráfico. Assim, este artigo será voltado para a adoção de cães e gatos apenas.

O Brasil já é o segundo país do mundo que mais tem cães e gatos domiciliados, isto é, que vivem com seus donos. A população de cães, até dezembro de 2012 era de 37,1 milhões e a de gatos, de 21,4 milhões, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet). Imagine se alguma entidade conseguisse calcular quantos gatos e cachorros existem no Brasil e não têm onde morar? Esses números provavelmente dobrariam.

São muitos os animais abandonados e poucas as instituições que conseguem dar assistência a eles para depois encaminhá-los para a adoção. Faltam vagas em quase todas elas, seja nas ONGs ou Centros de Controle de Zoonoses (CCZs). As causas para o abandono são as mais diversas, desde o crescimento do filhote, que o dono afirma ter ficado grande demais para o espaço que tem, até alguma doença curável com poucas doses de medicamento, mas que a pessoa não pode ou não quer pagar.

No estado de São Paulo, por exemplo, o governo proibiu o resgate de animais abandonados pelo CCZ e sua eutanásia. Como não se adotou nenhuma política de conscientização da população com relação ao abandono e nem se definiu para onde levar um animal que encontramos na rua, a situação ficou caótica. Os CCZs continuam lotados de cães e gatos e as ONGs não têm estrutura física nem apoio financeiro para manter tantos animais.

Apenas por esses fatores, nota-se que vale mais a pena adotar do que comprar um animalzinho. Se isso ainda não for o suficiente para fazer com que você, que está pensando em adquirir um companheiro, visite um CCZ ou uma ONG, vamos lhe fornecer mais algumas vantagens:

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1. Você não vai gastar dinheiro

Um cão ou gato vindo de um criador idôneo e devidamente registrado pelo poder público pode custar algo entre R$ 1.000,00 e R$ 5.000,00, dependendo da localidade, da raça e do pedigree de seus pais e avós.

São inúmeros os locais de adoção que pedem somente que você assine um termo dizendo que vai zelar pelo bem-estar do animal. Outros pedem uma pequena ajuda de custo para manter o abrigo funcionando.

2. Os animais sem raça definida (vira-latas) são mais resistentes a doenças

Os vira-latas sofrem menos com doenças e a explicação é simples. Pelo fato de que o vira-lata é um animal originado de diversas cruzas, ele sofre uma seleção natural. Os mais fortes resistem e sobrevivem. Além disso, aqueles que vivem nas ruas, se alimentam de qualquer coisa, dormem em qualquer lugar e têm de lutar contra os parasitas sem ajuda de remédios, o que os torna ainda mais fortes.

Se você pesquisar as doenças genéticas e hereditárias que os animais de raça podem ter, verá que não são poucos. Isso graças à priorização que os idealizadores das raças deram a determinadas características em detrimento de outras. Um exemplo é a raça de cães Sharpei. Com origem na China, seu pelo era duro e sua pele grossa. Os exemplares que vemos hoje por aí têm a pele sedosa e toda enrugada, cheia de dobras. Com certeza é um cãozinho lindo, mas que podem ter muitos problemas de pele que precisam de tratamento vitalício e doenças de pálpebras que exigem cirurgia.

3. Existem cães de raça para doação também

Se você não quer, de modo algum, um cão vira-lata, pesquise nos abrigos, ONGs e CCZs. Existem muitos cães de raça que também foram abandonados e estão disponíveis para adoção. Não acredite que eles tenham sido abandonados por terem problemas comportamentais, como diz a crença popular. Esses não são colocados para adoção antes de um trabalho de reabilitação. Geralmente, é o dono que deixa de querer o animal por que ele cresceu, por ter algum problema de saúde, por ter ficado velho ou simplesmente por não querer mais trabalho.

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4. Gatos de raça X Gatos vira-latas

O mercado de gatos de raça vem crescendo no Brasil. Mas, diferentemente do que vemos com os cães, as pessoas que gostam de gatos não procuram por raças específicas, mas por um companheiro. Assim, acabam optando pela adoção em vez da compra. Dizem que gatos são gatos (seria bom se todos pensassem que cachorros são cachorros também).

De qualquer modo, lembre-se que, comprando ou adotando, você deve vacinar seu animal todos os anos contra algumas doenças que não somente a raiva, consultar um veterinário periodicamente, vermifugar seu bichinho a cada seis meses, nutri-lo apropriadamente (bichos não comem comida de gente assim como gente não come comida de bicho!) e castrá-lo – a personalidade de seu companheiro não vai mudar com esse procedimento e como você viu, são muitos os animais precisando de um lar, não vamos deixar que mais deles venham ao mundo para terem um futuro incerto.

Boa adoção para você!

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Fernanda Ferrari Trida

Fernanda Trida é jornalista, médica veterinária, dona de casa, esposa, mãe de Marcela, com três anos, e de João, com um ano de idade.