Como manter seus filhos seguros em torno de animais

Não existem animais maus, que tenham raiva de pessoas ou coisas. O que existe são seres que tentam nos mostrar seus limites e o que é aceitável para eles. Nós é que não enxergamos.

Fernanda Ferrari Trida

Não há nada mais bonito que ver o amor de uma criança por um animalzinho. A interação entre eles é despida de preconceitos, de medos e de chavões. Porém, para que uma bela relação de amizade seja construída entre as crianças e os animais, alguns cuidados devem ser tomados.

1. Ensine seu filho a tratar bem os animais

As crianças ainda não têm muita delicadeza ao fazer um carinho. Em vez de passarem a mãozinha por uma superfície, acabam batendo, agarrando e puxando. E os animais não gostam de ser tratados dessa forma. Puxar os bigodes do gatinho ou o rabo e as orelhas do cão pode ser extremamente doloroso para eles. E para se defender dessas agressões, eles reagem mordendo, arranhando ou fugindo. Cabe aos pais ensinar suas crianças como se deve tratar um animal com respeito. As crianças devem saber desde cedo que os animais gostam de ter seu momento de tranquilidade e que eles não são um brinquedo.

2. Ensine seu filho a não se aproximar do animal quando ele estiver se alimentando

Crianças são curiosas por natureza. Tudo é novidade para elas, principalmente quando se trata de coisas coloridas, redondinhas e com cheiro forte, como a ração dos cães e gatos. Assim, afaste seu filho dos animais na hora em que eles estiverem se alimentando. Se você costuma deixar o alimento à vontade durante o dia todo para seu bichinho, o melhor que têm a fazer é explicar (mais de uma vez!) para a criança que aquela comidinha é do cachorro ou do gato e não de gente. Diga que os animais não gostam de ser incomodados quando estão comendo ou tomando água, pois eles podem achar que a criança vai tirar o alimento deles e podem morder.

3. Nunca deixe uma criança e um animal sozinhos

Para que a interação entre a criança e o animal seja positiva, nunca deixe que ocorra sem a supervisão de um adulto que seja respeitado pelo bichinho. Se sua família tem mais de um bicho, em especial no caso de cães, jamais (jamais mesmo) permita que seu filho fique sozinho com todos eles ao mesmo tempo. Uma matilha de cães é constituída pelo que chamamos de cão alfa (pode ser uma fêmea ou um macho), que é quem manda no grupo, e pelos outros que são submissos a ele. Se o cão alfa achar que a criança é um risco para sua autoridade, pode atacar e os demais cães farão o mesmo. Isso é natural. Não pense que o animal é mau, pois não existe tal coisa.

4. Se sua cadela ou gatinha teve filhotes, afaste seu filho

Uma mãe defende seus filhos com unhas e dentes. Um filhotinho recém-nascido é muito bonito e as crianças querem pegá-lo, abraçá-lo e brincar com ele. Mas não devem fazê-lo de modo algum. A mãe não gosta que seus filhotes sejam manipulados, mesmo que seja a mais dócil das fêmeas. Ela pode reagir e machucar a criança. Portanto, ensine seu filho que ele não deve tocar nos filhotes, nem na mãe, enquanto ela não deixar. Fale que você vai avisar quando a criança puder brincar com os filhotes.

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5. Ensine seu filho a não mexer em animais estranhos

As crianças não veem os perigos como os adultos. Se você tem um animal dócil em casa, seu filho tenderá a achar que todos os animais que encontrar por aí também serão amáveis. Mas os cães e gatos de rua são muito ariscos, por sofrerem bastante com maus-tratos, fome, sede e doenças. Já os animais de outros proprietários podem querer defender seu dono ou terem sofrido nas mãos de crianças que já os machucaram.

6. Afaste a criança de um animal com dor

Quando doentes, os cães tendem a se aproximar de seus donos, em busca de aconchego e conforto. Já, os gatos se afastam e procuram por um lugar onde não sejam incomodados por ninguém. Tanto uns quanto os outros querem somente uma coisa: paz. Se uma criança vem chamar o animal para brincadeira ou quer retirá-lo do local em que está por qualquer motivo, ele vai se ressentir e pode morder. Por isso, um animal com dor deve ser medicado e mantido afastado de crianças, sempre.

7. Tenha bom senso

Se o pai e a mãe ensinam ao filho que animal tem sentimentos, fica doente e tem fome e sede como os humanos, a criança passa a entender o que é responsabilidade desde cedo. Os adultos devem ter bom senso no trato com os animais e assim serão capazes de criar um ser que entende que a vida dos outros é tão importante quanto a sua.

Lembre-se que não há animal que discrimine o ser humano, seja por cor, raça, sexo ou condição social. Quem faz isso é o homem. Se cuidarmos de nossos animais sem preconceito e de forma respeitosa, eles terão consciência de seus limites e obedecerão quando pedirmos. Mas, acidentes sempre podem ocorrer. Caso seu filho tenha sido mordido, arranhado ou apenas assustado pelo latido de um cão ou por alguma atitude de um bichinho, converse bastante com ele para que não fique traumatizado. Se necessário, leve-o a um terapeuta.

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Fernanda Ferrari Trida

Fernanda Trida é jornalista, médica veterinária, dona de casa, esposa, mãe de Marcela, com três anos, e de João, com um ano de idade.