Somos humanos o suficiente? Aceitando diferentes estilos como pais e mães

Mães que não podem amamentar seus filhos são mães o suficiente?

Amanda Dickson

Eu passei quase uma hora sentada na minha varanda de trás vendo o meu filho mais novo se molhar com o esguicho de uma pistola de água Super Soaker, primeiro os pés, depois o peito, em seguida a cabeça, e até mesmo em sua boca, cada vez mais feliz. Tenho que fazer isso no meio de um dia da semana, porque trabalho num turno da manhã que me permite chegar em casa ao meio-dia na maioria dos dias. Essa é a maneira que eu lido com a tarefa de ser mãe, e não estou sugerindo que esse é o melhor caminho, e certamente não é o único caminho, mas para os meus filhos e para mim, funciona.

Eu estive pensando sobre nossas escolhas como mães desde que vi uma capa da revista TIME, que tem um garotinho por volta dos quatro anos de idade subindo em uma cadeirinha e sendo amamentado por uma mulher loira. A imagem é um pouco inquietante – tem a qualidade quase desafiadora do que eu penso como sendo um ato de carinho – mas o que me paralisou foi a manchete:

“Você é mãe o suficiente?”

Sem dúvida, a TIME estava tentando vender revistas e com o título e a manchete combinados com a imagem provocante certamente atingiu seu objetivo. Essa questão foi o best-seller desse ano. Talvez, estivéssemos sendo magistralmente manipuladas a fazer-nos esta pergunta – Será que estamos sendo mães o suficiente? – Essa é uma pergunta que eu não estou certa se devemos ficar todo o tempo nos questionando. Menos ainda, uma pergunta que se deva dirigir aos outros. Alguém com muito mais sabedoria e entendimento do que nós nos achou aptas o suficiente para nos confiar esses espíritos. Eu penso assim.

Isso não significa que não devemos tentar fazer o melhor para nossas crianças, já que estamos aqui. Em uma das muitas colunas que eu li depois que o referido artigo da TIME saiu, um escritor argumentou que nós mães não devemos fazer qualquer coisa com as quais possamos nos incomodar. Se nos incomoda fazer o jantar, mas não o café da manhã, só devemos fazer o café da manhã. Se nos incomoda brincar com as crianças no chão, mas não ler histórias para elas, então só devemos ler histórias, etc.

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“Então, a mãe que se incomoda em dar banhos? Será que deve deixar os filhos sujos? “ Perguntou Sharon Goodrich, líder de caridade e doação corporativa do Centro Médico Infantil primário, ao programa de rádio Ponto de Vista de Mulher. “Não. Você deve, sim, é encontrar uma maneira de tornar divertida a tarefa com a qual se incomoda, tentar torná-la agradável para você, para seus filhos, em vez de ser sempre um sacrifício.”

“Eu me incomodava fazendo a lição de casa com os meus filhos, porque eu era incapaz de fazê-lo”. Compartilha a assistente social e conselheira de dependência Rachelle Call. “Aquilo provocava algo em mim. Era uma coisa minha. As mulheres têm que estar dispostas a lidar com isso, a dedicar-se a aquilo que as incomoda com relação à maternidade. O incômodo é um indicador”.

E quanto à mãe que se incomoda com a amamentação, como tantas outras? Ou o contrário, a que acredita que a amamentação é obrigatória e qualquer mãe que não amamenta não é “mãe o suficiente?”

  • “A amamentação provoca diferentes reações nas mulheres”, explicou Rachelle. “As mulheres encontram nisso o seu poder.”

Eu posso dizer honestamente que eu nunca tinha considerado nada sobre amamentação dar poder, mas quando olhei de novo para a capa da revista e ouvi o que Rachelle disse, eu percebi a sensação de poder. Um poder deslocado, na minha humilde opinião, mas o poder, no entanto. Mas, a questão que envolve a amamentação não é de poder. Trata-se de nutrição e amor.

Sharon corajosamente compartilha: – “Não fui muito bem sucedida em amamentar, e me sentia culpada”, – “Era algo que eu queria fazer. Eu só não produzia leite. Finalmente decidi que era melhor só ficar perto de minhas filhas gêmeas mesmo dando mamadeiras. Em suma, o que quero dizer é que devemos louvar aquelas que desejam amamentar e o fazem, e apoiar aquelas que desejam e não podem.”

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Lindo. Brilhante. Deixem que ela escreva as manchetes de agora em diante.

Acho que os homens têm enfrentado essa questão sobre “ser homem o suficiente” por muito tempo e alguns podem dizer que chegou nossa vez. Não estou entre os que pensam assim. Não acho que os homens mereçam a pergunta, tampouco as mães. Sinceramente, acho que quem faz esse tipo de pergunta demonstra sua ignorância, o seu preconceito, a pequenez do seu pensamento, sua inépcia em lidar com conceitos de maternidade (ou masculinidade). Há milhares de maneiras de ser uma boa mãe, de ser forte o suficiente, com gentileza, paciência, bem preparadas, amando o suficiente, assim como há muitas maneiras de ser um bom pai. Há boas mães que estão com seus filhos todos os dias e boas mães que veem seus filhos no Afeganistão somente via Skype. Através da magia do amor, ambas são boas mães.

Somos humanos o suficiente para compreender isso? Que há mais de uma maneira de amar? Que há mais de uma maneira de ser pais e mães?

Traduzido e adaptado por Stael Metzger do original Are we human enough? Accepting different parenting styles, de Amanda Dickson.

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Amanda Dickson

Amanda é casada e madrasta de 3 filhos, Cameron, Ashley e Laurel e mãe de 2, Ethan e Aiden. É super energética e possui um sorriso contagiante e sua paixão pela vida fez dela uma das mais reconhecidas e amadas personalidades como apresentadora nas rádios de Utah, nos EUA.